Lições de uma guerreira - Mulher Maravilha e Supergirl

Parte 24

Diana sentiu o ar adentrar os pulmões com mais afinco, preenchendo seu interior com uma calma ainda mais profunda, que a situação exigia. Soltou as vestes prendidas ao corpo e deixou que caísse a armadura, logo estava nua, os cabelos com largos cachos negros alcançavam a cintura, a pele morena banhada pelo brilho azulado da luz noturna. Não olhava na direção de Kara, mas sabia que tinha seus olhos sobre si naquele momento. A cada vez que a nudez era revelada, mesmo sendo algo natural, tinha a admiração da garota sobre si da mesma maneira, com seus cativantes olhos azuis e sempre se questionava sobre o que ela via ali. Certamente não era a exata mesma coisa que outros viam, não quando ela era a Supergirl. 

“Me mostre! Quero ver como você a toca! Quero saber como conquistaria outra mulher, sua forma de sugerir um contato íntimo. Ainda estou presa em uma ideia de que isso é diferente aqui!” As palavras da kryptoniana fizeram seu estômago se retorcer em um primeiro momento, mas há não muito tempo, dividia a cama com Maeve. Por que agora se sentia estranha? Cem anos eram suficientes para apagar cinco milênios? 

Embora seus passos fossem constantes, a ruiva não fez qualquer movimento que indicasse que a sua presença ali era notada, mas a princesa sabia que a visão periférica não escaparia a uma amazona. Maeve já sabia que alguém estava indo em sua direção e até poderia deduzir quem era sem a necessidade de virar o rosto, no entanto, a menina dos olhos da Rainha Hipólita estava diferente. O mundo fora da ilha havia finalmente forjado uma guerreira, como todas as outras que ali viviam, como se o contato com os homens fosse a mancha negra da maldade e desespero humano daquelas mulheres e antes disso, de fato, era apenas uma garota sonhadora com um vasto conhecimento literário. 

Um longo arrepio percorreu o corpo inteiro da mulher sobre o cavalo ao ter o olhar predatório da morena sobre si, tinha certeza que àquela altura, poderia lhe tomar usando o próprio laço que carregava, se desejasse. 

— Esses braceletes finalmente são dignos agora. A realidade lhe cai bem, Princesa Diana — as palavras chegavam aos ouvidos da mais alta em um tom doce demais para que pudesse considerar um quase insulto, mas por trás delas, ainda tinha certa dureza. 

Maeve não era de fato preconceituosa a respeito de suas origens e inexperiência enquanto estivera em Themyscira, mas admitia que algo faltava a ela todo esse tempo.

— Você quer dizer a dor e a morte?

Finalmente a ruiva sentou sobre o animal, que movia uma das patas para cima até colocá-la sobre a grama outra vez em um gesto de inquietação, como se estivesse preparando para correr. Diana sorriu, levando uma das mãos ao pêlo brilhante em uma carícia breve, entendendo de imediato a fidelidade da montaria para com sua dona, ansiosa para seguir as ordens e deixá-la feliz como retribuição. Se todos pudessem entender os animais da maneira que ela fazia, jamais seriam capazes de machucá-los. A guerreira não precisava da ajuda da princesa para descer, mas aceitou sua mão de bom grado, a vendo sussurrar mansa para o cavalo, que logo em seguida partiu. 

“— Pode ir, você já fez o seu trabalho, Maeve está bem comigo.”

A nudez de ambas não sugeria um contato sexual, era como vestir novamente a pele de uma amazona, para a morena, era como vestir-se da liberdade, longe dos olhos da maldade, da possessividade. Sabia que nada do que poderia fazer ali traria para a garota de Krypton uma compreensão imediata de seus costumes e crenças, mas ainda assim, ela insistia em apreciar com sua super visão o que pensava também ser capaz de adquirir.

Estavam perto, perigosamente perto, os olhos de Diana presos à imensidão azul das íris da ruiva, que ganharam colorações diferentes com a luz leve da noite. A princesa a incendiava com o seu olhar, deixava nele todas as intenções, parecia despir a alma da guerreira amazona, tinha refletido nele um brilho predatório incomum à menina apaixonada que a encarava no passado com admiração.