Um lugar impossível de ser encontrado, visto, estudado, que não existe em nenhum mapa, nenhum mundo. As barreiras transpostas eram inimagináveis.
A rainha Hipólita não entendia a tecnologia capaz de levar pessoas para Themyscira em qualquer tempo, mais parecia com a poderosa magia dos deuses, que rodeava a ilha. Quando uma humana com poderes incomuns encontrou a localização sem qualquer auxílio de um artefato, ou máquina, parecia também ser parte de todo o cenário divino de sua realidade, coisa dos deuses.
Foi preciso pouco tempo, mas milhões de rotas em velocidade supersônica para transpassar a barreira que escondia Themyscira do mundo.
Hipólita já havia aceitado o destino da sua única filha e concordado sobre o bem que faria para o mundo dos homens, sabia que no fundo, talvez ela tivesse nascido para tal coisa com tantos poderes, afinal as amazonas sobreviviam há mais de dez milênios, não era como se precisassem de alguém com esses dons.A fúria do mar, ventos e raios não chegavam ao paraíso na Terra, mas os punhos da garota de aço atravessaram o inalcançável em um baque surdo, puxando a neblina densa atrás de si em um cone estreito. Kara voava tão rápido e sem qualquer raciocínio, que parou apenas ao adentrar a janela do salão principal no alto de uma torre.
A mais velha estranhou a chegada da garota desacompanhada, sua presença significava problema, mas ansiava por notícias de Diana, mesmo que não admitisse. Diferente de como ocorrera outras vezes, a mais alta caminhou até a visitante com uma expressão tranquila e livre de qualquer julgamento.
Todas sabiam que a kryptoniana poderia destruir o planeta, se quisesse, o que tornava inútil temer sua presença, ou tomar qualquer providência.
— Ela mentiu pra mim e não sei o que fazer — a mais nova soltou de uma vez só, demonstrando que o ar já não cabia em seus pulmões.
A rainha fez uma longa e silenciosa reflexão, antes de dizer qualquer coisa.
— A mentira não existe aqui. Isso é algo do seu mundo e a filha que criei jamais faria algo assim.
— Todo mundo mente! Isso é...
— Natural? Não é natural, não é necessário, não aqui. Quando esteve aqui na primeira vez, viu o suficiente.
— Então eu estive aqui antes?
Se antes Kara tinha qualquer dúvida, havia se desfeito com a fala de Hipólita. Antes beirava o desespero, mas a expressão da mais nova rapidamente mudou para um semblante triste. Não era desânimo, frustração, decepção, mas tristeza. Não era diferente com a governante da ilha, que tinha suas feições tranquilas antes, mas ganhou uma preocupação que fez seu peito doer e o ar também faltar.
"Diana, o que você fez?" se perguntou a rainha.
Bastou um segundo para que a jovem estivesse nos braços da mulher guerreira em um abraço forte, como se quisesse esconder o rosto do mundo todo, sumir de sua própria existência.
Kara não conseguia chorar, não conseguia distinguir o que estava sentindo e parecia que estava presa àquilo, sem qualquer chance de colocar pra fora.
— Preparei o meu exército para guardar os portões do mundo dos mortos — respondeu Hipólita, que embora tivesse um tom calmo, os batimentos e semblante confuso entregavam o quanto estava alterada — Estávamos prontas para impedir que demônios e almas perdidas invadissem Themyscira e o seu mundo, mas não tive notícias sobre o que estava causando isso — a mão da mais velha deslizou pelos cabelos dourados, banhados pelos raios de sol, os acariciando devagar sem qualquer pretensão de desfazer o abraço — Até que tive uma visão em uma bacia, um presente do Oráculo da ilha do sul. Sabe o que eu vi? Uma mulher, uma jovem humana estava segurando no ar a prisão do submundo com as próprias mãos. Ela era tão pequena embaixo daquela ilha imensa de lava, que quase não consegui reconhecer, não fosse pela capa vermelha. Assim foi por três dias inteiros. Themyscira sofreu os maiores desastres naturais de toda a sua história, mas não teve nenhuma morte até o fim do terceiro dia.
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Lições de uma guerreira - Mulher Maravilha e Supergirl
FanfictionQuando em um treinamento de luta corpo a corpo com a Mulher Maravilha, a Supergirl acidentalmente viaja no tempo para o ano de 1.500 a.c. ao tocar um artefato antigo, ela acaba por salvar as Amazonas de uma catástrofe iminente e se vê diante de um d...