A caçadora

A Viagem

Às vezes eu gostaria de poder ter uma mísera viagem tranquila, mas parece que os deuses conspiram pra que isso não seja possivel.
Como disse anteriormente, minha mãe me mandou ir para Long Island, e tenho de admitir que ela foi insistente. Ela apareceu em meus sonhos por duas semanas até minha curiosidade e ânsia de estar em um local seguro, vencerem minha teimosia (sim eu admito, sou teimosa), então comecei minha viagem. Como estava escondida, fui devagar, quase sempre saindo pela noite para evitar olhares acusadores do tipo "você é uma aberração" ou então "você não devia ter nascido".
Alguns dias depois de iniciar essa viagem até Long Island, cheguei a uma estação de trem. Era certamente antiga, do tipo que nos perguntamos como ainda está de pé. Enfim, consegui entrar no trem sem ser vista e fiquei num vagão atrás da cozinha, onde conseguia por vezes pegar alguma sobra de comida. Consegui permanecer escondida por algum tempo, não sei dizer ao certo e tempo que foi, dois ou três dias, até que uma guarda me encontrou. Ela não me jogou para fora do trem na mesma hora, como achei que aconteceria se me encontrassem, me deixou ficar escondida desde que eu descesse na próxima estação, e como eu não tinha escolha, acabei concordando com a sua condição. Mais uma vez na vida tive um pouco de sorte, ela foi gentil e me arrumou roupas novas, algum dinheiro e comida. Fiquei até impressionada pois com excessão dos Parker, ninguém havia sido gentil comigo, nem ao menos educado, então, conforme o combinado, desembarque na estação seguinte e resolvi dar uma volta no lugar para esperar até o horário do próximo trem. Bem, foi um dos meus maiores erros, eu devia ter ficado na estação sentada só aguardando...
Comecei a andar e olhar tudo com atenção (sempre fui muito observadora) e acabei encontrando um café. Como ainda faltava 1 hora para eu embarcar no trem, resolvi entrar e tomar um chá. Permaneci lá sentada olhando pela janela enquanto começava a nevar, até que percebi que um cara da mesa da frente não tirava os olhos de mim. Fechei a cara e continuei virada para fora, ainda o olhando de lado. Algo me dizia que eu devia sair correndo e uma leve sensação de pânico me inundou. Quando eu decidi seguir meus instintos, o cara fez sinal para outros dois homens e fez sinal com a cabeça em minha direção. Foi o que bastou, me levantei, paguei pelo chá e sai do café, indo o mais rápido possível sem correr para a estação, porém eles foram mais rápidos.
Eles correram atrás de mim, e me perseguiram por 3 quarteirões até me alcançarem. Um deles me puxou pelo capuz do moletom que eu estava usando, eu acabei desequilibrando e caindo para trás, dando tempo para que me alcançassem. O segundo homem me pegou por trás pelos braços e me puxou com força, eu tentei me soltar mas ele me segurava com firmemente e me levantou do chão com facilidade.
Comecei a chutar e gritar freneticamente tentando acertar os outros dois q me cercavam ou chamar atenção de alguém que pudesse me ajudar, mas a sorte não estava do meu lado. Eles conseguiram me imobilizar e me levaram para um beco escuro que havia por ali.
E foi aí que eu pensei: bem, é o fim...