A floresta

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São poucas vezes que sou impulsiva, e infelizmente quando faço algo impulsivamente, só dá problema na minha vida.
Fui meio cega de raiva em direção a floresta, me segurando para não chorar de raiva, mas com isso acabei fazendo uma trilha de gelo no chão e por onde eu passava, começava a nevar. Era meio difícil não me achar quem quisesse, e além de semideuses, era fácil qualquer coisa que habitasse aquela floresta me encontrar, inclusive algumas ninfas me olharam feio por eu ter congelado um árvore quando tropecei e fui de encontro com ela.
Enfim, fui andando sem prestar um pingo de atenção aonde eu ia e já não ouvia mais passos de Jack atrás de mim. Quando me cansei, olhei para os lados e como não vi nada nem ninguém, subi no galho baixo da árvore que estava ali, obviamente com dificuldade já que escalar não era meu forte, me sentei, encostei no tronco, me encolhi encolhi e abracei minhas pernas, olhando ara o chão sem de fato prestar atenção. Estava lutando para não desabar, para não chorar. Eu era forte, não era? Passei tanta coisa, não era isso que iria me fazer chorar... Eu simplesmente me recusava a chorar por causa dele.
Escutei um barulho e me encolhi um pouco mais, pensando ser Jack, não queria que ele me visse ali, se ele não acreditava em mim nem deveria se dar ao trabalho de vir atrás de mim, mas como não ouvi mais nenhum barulho e nem vi nada, decidi não me importar, devia ser apenas uma coruja ou algum animal passando por ali. Olhei para cima, meio frustrada e começou a nevar, uma neve grossa e revoltada, basicamente espelhava o que eu sentia naquele momento. Fechei meus olhos e me permiti me perder em pensamentos.
Minha cabeça estava a mil, latejava de dor, não estava mais conseguindo associar nada, estava feliz por finalmente ter um lar, estava orgulhosa pelo capture a bandeira, estava me sentindo reconfortada por ver que as pessoas dali, no geral, me aceitavam como eu era, já que no fundo não éramos tão diferentes. Mas esses sentimentos bons foram invadidos por uma onda de tristeza, incerteza, raiva e frustração, tudo por causa daquela cena ridícula que Jack fez. Aliás, por que eu me importava? Afinal ele não era nada demais, era um amigo... aliás, nem amigo, pois amigos não fazem esse tipo de acusação sem fundamento. Por que esse garoto mexia tanto comigo? Sinceramente eu não sabia, e para ser franca nem sei se queria saber.
Passei um longo tempo ali, sentada encolhida, me remoendo, até que cansei e olhei pro chão, onde havia um punhado de neve ali, caída no chão. Suspirei e me coloquei a descer da árvore, devagar e cautelosamente, mas antes de eu chegar no chão, algo me atingiu nas costas e eu dei um grito, caindo ruidosamente no chão logo em seguida. Olhei ao redor e não consegui enxergar quem havia me atacado, minhas costas ardiam e acho que estavam sangrando, pois senti um líquido quente escorrendo por ela. Com dificuldade, me levantei e fui de costas para a árvore, peguei minha espada mas não tinha firmeza nas mãos para segura-la, então mordi meus lábios e embainhei novamente, me mantendo atenta ao que acontecia atenta o meu redor. Ouvi um galho se quebrando acima de mim e olhei bem a tempo de enxergar uma harpia vindo em minha direção, pena que a única coisa que eu pude fazer era me jogar para longe, e foi o que eu fiz. Infelizmente a minha sorte, como vocês devem saber, não é a das melhores né, então ao me jogar, bati as costas no chão, sentindo uma dor tão forte que quase me fez pede os sentidos, mas eu não podia me entregar assim facilmente, eu não morreria, não sem lutar. Com lágrimas de dor escorrendo pelos meus olhos, sentindo a terra e a grama se misturando ao meu sangue, me levantei novamente com mais dificuldade ainda, e quando a harpa se aproximou, consegui lançar espinhos de gelo nela, que acertaram suas asas, fazendo-a se desequilibrar e ir de encontro ao chão. Aproveitei essa distração dela e lancei mais dois espinhos em sua direção, um deles acertando a sua perna, ou pata, ou seja lá o que aquilo fosse, me dando tempo de tentar fugir.
Mas a minha situação não estava muito melhor, apesar do ferimento ser nas costas, me deixou fraca por alguma razão, e cada vez fui ficando mais fraca, ofegante, me senti quente e comecei a suar frio. Devagar, fui praticamente me arrastando pra longe dela, mas comecei a não enxergar mais nada na minha frente, pude ouvir ela guinchar e se movimentar em minha direção. "Maldita", pensei, "não desiste por nada, nem quase morta". Mas eu já não estava mais em condições de nada, não conseguia lançar um único espinho sequer, se o fizesse, certamente iria desmaiar, embora diante da minha situação, eu achava que não demoraria para isso acontecer.
Então eu acabei caindo pra frente, fraca, sem poder mais andar, vi um vislumbre de uma pessoa e então as trevas tomaram conta de mim, e não pude ver, ouvir, sentir mais nada.
"Esse é o meu fim"...



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Olá pessoal, tudo bem?

Primeiramente quero muito agradecer a todos que estão lendo e curtindo e também comentando. Isso me deixa mais inspirada a escrever.
Segundo, gostaria de pedir desculpas pela demora dos capítulos, às vezes passamos umas coisas meio inexplicáveis, e lidar com as coisas é meio complicado.
Terceiro, quero agradecer especialmente algumas pessoas que me apoiaram muito na minha dificuldade e que além de estar em ao meu lado, sempre me incentivaram a continuar escrevendo. Vou nomear algumas, mas se eu esqueci de alguém, não é por mal, mas quem me conhece sabe como é minha cabeça.
Renan, Bianca, Leticia, Layla e até minha irmãzinha Estela, a quem foi baseada a personagem Ester.
Muito obrigada à todos e continuem lendo, curtindo e comentando, isso ajuda bastante.

Bem... Acho que por hoje é isso, então, beijinhos açucarados ~♡

A caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora