13 - Blow

1K 102 182
                                    

— Quando você disse que ainda me amava, era verdade? — SP questionou o outro diretamente, sem desviar seu olhar, mesmo que fosse sua maior vontade no momento

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Quando você disse que ainda me amava, era verdade? — SP questionou o outro diretamente, sem desviar seu olhar, mesmo que fosse sua maior vontade no momento

Eles estavam frente a frente no sofá. A junção de tudo estava um tanto desconfortável para ambos, mas eles preferiram ignorar isso para que pudessem ter uma conversa descente.

RJ engoliu em seco. Admitir esse tipo de coisa sem a ajuda do álcool era difícil e fez com que ele se culpasse por cada palavra dita fora de sua sã consciência.

— Sim... Mas, não se sinta pressionado, uma hora eu vou superar e...

— Rio... — Interrompeu-o — Quando eu te beijei, apesar de não ter pensado nas consequências, não foi por acaso

— Isso quer dizer que...

— Sim, eu também não te superei, não estava querendo te iludir — Suspirou — Tava conversando isso com o Paraná há um tempo...

— Quando a gente terminou... Você queria me falar algo do Maranhão, mas eu não deixei, tava puto pra caralho — Ele coçou a nuca — Acho que nada mais justo do que te deixar explicar tudo

SP apertou forte o sofá em que estava sentado, apesar de ter tido a confirmação de que não havia problema, ele ainda sentia que estava expondo o amigo mais que o necessário.

— Você sabe que eu sou agênero, né? — RJ assentiu

Já sabia da questão trans de SP desde o começo do relacionamento. Nunca se importou com isso, sempre fez questão de respeitar o moreno.

— O Maranhão é um homem trans — RJ arregalou os olhos, simplesmente por não esperar a informação — Ele sabe que uma hora vai precisar dizer isso pro Sergipe, mas o Mah é inseguro e tem medo que o SE termine com ele

— Por que o Sergipe iria terminar com ele? Aquele viado é LGBT também!

— Você não faz ideia do preconceito que a gente sofre até mesmo dentro da comunidade — Rio se calou. Realmente, não fazia ideia — Eu também tinha essa insegurança pra te contar, entendo o quão ruim é. Mas, na minha vez, não tive ninguém para me ajudar, tive que me virar com meu medo... Só não queria que o Mah tivesse que passar por isso do jeito que eu passei...

— Porra, que caralho! — Ele encostou no sofá, com as mãos na face — Eu fudi com tudo por nada! Eu não acredito que fiz isso com a gente

— Preciso confessar, foi bem babaca da tua parte — Ele deu de ombros — Mas de todo modo, com o passar do tempo, percebi o quão besta eu fui e consegui entender seu lado também...

— Só agora eu consegui entender o seu, me desculpa!

— Tudo bem, mas agora a gente vai precisar resolver isso de alguma forma

— Eu te peço mil perdões, boneca, juro! Eu não devia ter duvidado de você, eu sou idiota, sempre defendi que ciúmes não levava a nada e acabou que o ciumento tóxico e babaca fui eu, me... — RJ parou de falar assim que percebeu que SP estava mais quieto que o comum, com um olhar surpreso e as bochechas coradas — Tá tudo bem?

— Você usou de novo

— Que? — Arqueou as sobrancelhas

— Você me chamou de boneca, de novo — Ele desviou o olhar. Internamente, não queria ter se sentido tão envergonhado por algo assim, mas era quase que inevitável

Ao perceber que realmente havia chamado São Paulo pelo apelido, a fala de Rio caiu e ele também ficou com vergonha.

— Desculpa, eu nem tinha percebido... Merda...

— Tudo bem, não tem problema... — A coloração avermelhada nas bochechas de São Paulo passou a diminuir aos poucos

Um momento de silêncio ficou entre eles, o constrangimento tomou conta do ambiente.

Rio apertava o cós da bermuda, estava se segurando muito para perguntar mil e uma coisas para Sampa, já que ele tinha dado a abertura. O por quê dele ter parado de fumar ou por quê ele teve a recaída do nada, mas isso seria muito incoveniente.

No fim, só encarou as paredes pichadas do apartamento de SP, mais especificamente uma que eles pintaram juntos. Se lembrava desse dia, foi incrível. Um sorriso brotou em seus lábios só de saber que, mesmo com o término, São Paulo não cobriu os desenhos.

Encarou a face do paulista. Ele estava com as olheiras mais profundas e o rosto meio avermelhado. Provavelmente havia acabado de chorar e não estava dormindo bem. E descobrindo que ele teve uma recaída? Isso deixou RJ inquieto.

— Você tá bem?... — SP apenas desviou o olhar e não respondeu Rio — Desculpa se tô sendo babaca por dizer isso, é que você não me parece estar muito bem

— Ah, relaxa!... Eu realmente tô acabado, as coisas não andam tão fáceis — Descansou a cabeça no encosto do sofá — Você quer um cigarro? — RJ assentiu, ainda quieto e pegou um maço da caixinha— Pode acender no meu

Eles se encararam quando Rio de Janeiro juntou a ponta dos cigarros. A casa já estava cheirando a beck e lentamente os dois iam relaxando.

A campainha da casa tocou novamente, dessa vez, assustando RJ. Sampa já tinha noção de quem era e rapidamente apagou seu maço no cinzeiro novamente.

— Paraná? — RJ deduziu ao vê-lo apagar o cigarro

— Não, o Maranhão — Jogou o maço no cinzeiro — Ele também sabe que eu parei de fumar

— Quer que eu apague o meu?

— Só se você quiser

Assim que atendeu Maranhão, a primeira coisa que o cacheado notou foi o cheiro fortíssimo de cigarro na casa. Ele arregalou os olhos.

— Você voltou a fazer isso só por causa do...! — São Paulo rapidamente tapou sua boca e virou, delicadamente, sua cabeça para RJ

— Eae... — O de dreads cumprimentou

— Fala, pae... — Direcionou o olhar para SP — O que ele tá fazendo aqui? — Sussurou

São Paulo suspirou pesado, aquela conversa ainda seria muito longa e ele não estava com cabeça para isso. Ele colocou a mão sobre a têmpora e logo em seguida, encarou Maranhão novamente, sem saber muito como responder à pergunta.

— Ele só veio conversar comigo, eu também não sabia que ele vinha — Imitou o ato

Os dois conversavam escondidos de Rio de Janeiro tão descaradamente, que chegou a ficar desconfortável para ele.

O de dreads encarava os dois encolhidos e cochichando. Eles realmente achavam que estavam "enganando" ele? Estava na cara que o assunto da conversa era ele ou não convinha a Rio.

Cogitou se levantar e fugir, ou apenas continuar ignorando, talvez até mesmo intervir.

Estava desconfortável com toda aquela situação. O que ele deveria fazer?...

Maldito De Ex - pauneiro (SPXRJ)Onde histórias criam vida. Descubra agora