Respostas e Decisões - 07

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   As duas garotas sobem as escadas. A morena guia a dupla até o topo do edifício, enquanto a outra segue atrás, com a capa negra se arrastando pelos degraus.

   Elas seguem em silêncio. Ambas concordaram com uma conversação mais razoável, mas concluíram que o corredor de escadas não era o melhor lugar para isso. A solução foi subirem até o terraço, onde poderiam discutir sem serem interrompidas ou serem ouvidas por alguém indesejado.

   Durante a subida, a garota dos olhos azuis põe-se a pensar novamente. Ela reflete sobre a criatura que vira, anteriormente, no terraço para qual as duas se dirigem agora. Algo relacionado à sua desconfiança a faz acreditar que talvez, só talvez, Ariel tenha alguma coisa a ver com isso. A coincidência dos encontros, o mistério de suas relações com múltiplas realidades... alguma peça ainda está oculta e, embora não demonstre interesse aparente, agora ela quer descobrir o que há. Ao mesmo tempo também, o sentimento que ambas as personas passaram, raiva e compreensão, destoam uma da outra. É quase como se fossem duas pessoas diferentes. E podem ser. Provavelmente são. É nisso que aposta. A criatura espectral, dos olhos brilhantes, que vira antes, ainda lhe provoca calafrios só de pensar nela. O medo ainda a persegue. E ela realmente não quer estar errada sobre Ariel. Não por ela, mas pela criatura.

   Por fim, a morena alcança o portal de metal que as separa do exterior do prédio. Ela abre a porta e a atravessa. A loira segue atrás, passando pela porta e também chegando ao ar livre.

   O ambiente não mudara muito nos últimos minutos em que se ausentara do local. O Céu ainda brilha, com as estrelas ressoando luzes levemente coloridas ao passo em que explosões e barulhos longínquos, de destruições, são ouvidos de fundo. Os movimentos estranhos pelo céu, todavia, já não são mais vistos.

   - Muito bem - a morena comenta - está realmente uma noite muito agradável. Quase me sinto em casa aqui...

   Na luz da lua, as duas estão mais visíveis uma para a outra. Ao se voltar para a loira a morena para por alguns instantes, analisando melhor a aparência da outra garota. Um brilho surge em seu olhar, seguro e confiante, passando um misto de curiosidade e dúvida quanto à outra. Ela mantém a postura de liderança, tentando conduzir o diálogo, mas ao mesmo tempo se demonstra relaxada. Como se confiasse em si mesma e, além, também na garota misteriosa, para prosseguirem juntas na interação.

   A loira somente assente.

   Ariel a observa um pouco, antes de continuar. Ela pensa em algo para dizer, imaginando como poderia recomeçar. Mas é interrompida pela outra garota, que começa primeiro:

   - De onde você veio?

   A morena semicerra os olhos. Realmente, a loira quer ser direta, sem ladainhas. Então, não é mais necessário se esconder tanto. Certo?

   - Eu venho de outra realidade. Uma não tão diferente dessa, infelizmente... Há destruição e mortes em toda parte. Mas também há ainda muita esperança, como aqui. Não acho que tenha alguma forma de identificar isso. Meu mundo. Só... Confie! É isso mesmo. Isso que você vê aqui, só que um pouco diferente. É complicado.

   A loira a observa, pensativa.

   - E o que faz aqui, se não é este o seu mundo? Como, na verdade, você chegou aqui? - ela pergunta. - Não deveria ser possível! Não para qualquer um.

   A morena a encara.

   - Eu venho em missão, como já te disse! Para proteger meu mundo, que está em perigo, eu precisei dar alguns pulos aqui e alí no Tempo, nada demais. Sei que é difícil de acreditar. Às vezes nem eu acredito que estou mesmo aqui, fazendo isso. Mas é o que está acontecendo, é o que estou fazendo. Sei que não é qualquer um que consegue viajar por aí, atravessando realidades. Não é uma tarefa fácil. Mas é sobre isso que eu sou. É meio que a minha praia fazer coisas malucas que não deveriam ser possíveis.

Coroas Malditas: Crônicas Da Guerra e Da PazOnde histórias criam vida. Descubra agora