Vermelho e Verde - 04

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O Sentinela se levanta sobre os cacos de vidro e pedaços quebrados de várias coisas com o qual colidira.

Normalmente, o foco do poder do Vermelho está na sua tenacidade e resistência, absolutos. Mas dessa vez, ele treme ao se esforçar para levantar. Sua força de vontade também está abalada. Não há insegurança em seus intentos, pois não há, afinal, confiança no combate. O Vermelho não acredita, de qualquer forma, na vitória. Ainda assim, fita o oponente com olhos afiados.

Seu objetivo não é vencer. Mas também, de forma alguma deve morrer aqui.

O boneco de gelo se aproxima a passos rápidos, devolvendo a encarada com um fixo olhar frio, emanando malignidade.

Em sua volta, pessoas gemem e gritam de medo, acompanhando os dois lutadores próximos de se destruírem. Encurralados, nem todos podem fugir a tempo. Tempo esse que se encurta, quanto mais pensa em uma estratégia.

O Sentinela cruza os punhos, irritado, gritando logo em seguida:

- MODO FERA, LEÃO VERMELHO, ATIVAR!!
Ele salta no meio da transformação, de encontro ao adversário. Este copia o movimento, avançando mais uma vez em alta velocidade mesmo na curta distância que os separa.

Os dois colidem, mas para a surpresa do Oficial, o Sentinela meramente usa o boneco para aumentar sua propulsão, passando por cima e se afastando com uma cambalhota para o outro lado da rua.

Ainda no ar, a transformação se finaliza no Leão de Tóquio. As cores vermelhas se alteram para um preto-magma, enquanto os detalhes e linhas, em branco, recebem o vermelho de volta. O mesmo para sua capa. Sua gola em pelo, antes totalmente branca, agora alterna entre tons queimados de branco e preto.

- Rápido. Mas nada ágil, homem de gelo!

O Leão Preto-Vermelho avança novamente, dessa vez contando com algum elemento surpresa, que clamava existir. Ele abre um dos braços e aguarda, pronto para atacar novamente com suas garras, enquanto puxa rapidamente da cintura um pequeno bastão vermelho. O bastão se estica ao passo que o segura e o aponta para o Boneco.

O Homem de gelo não perde tempo, se virando rapidamente, pronto para neutralizar o ataque mais uma vez.

Mas não foi como esperava. Mesmo lúcido e preparado como nunca, o boneco ainda não contava com a variabilidade de ataques do Sentinela Vermelho. Este levanta o cetro-cajado na direção do adversário, emitindo uma luz avermelhada da ponta do mesmo, junto de uma onda de repulsão absurda. O Oficial nem pôde reagir direito, antes de ser empurrado com pressão e colidir na fachada da loja, que quebra com a força do impacto. Alguns destroços e o humanoide ainda adentram o estabelecimento, caindo de bruços no chão, tamanho o impulso do cetro.

O Sentinela nem espera os eventos terminarem, antes de derrapar no chão e mudar de rota, em direção ao outro homem de gelo, que segurava a Sentinela Verde pela nuca.

Ela estava imobilizada nas mãos do boneco, ainda semi-consciente. Ele a erguia com uma mão e com a outra tateava o pulso da moça, tentando procurar algo.

- Desligue o Bio-dispositivo, Sentinela. Antes que eu te rasgue pedaço por pedaço, até encontrá-lo! - o Oficial ameaça casualmente, como se fosse uma batida policial qualquer.

Ele ouve algo se aproximar subitamente, a passos rápidos. Em um movimento limpo, ele move o seu braço na direção do barulho, ainda segurando a Sentinela e a usando de escudo para se defender, como se ela não pesasse nada. Mas é pego de surpresa quando capta, de canto de olho, em um flash, um vulto preto e vermelho se arrastando por baixo e o derrubando com força.

Coroas Malditas: Crônicas Da Guerra e Da PazOnde histórias criam vida. Descubra agora