Os dois indivíduos se aproximam lentamente.
A moça caminha com a mente avoada, sem qualquer esforço para encontrar o humanóide. Ela tem muito mais com o que se preocupar, no momento.O boneco, por sua vez, caminha altivo e sereno. Elegante, mas sério. Obstinado.
Observando de perto, ela agora nota outros detalhes: O humanóide apresenta partes totalmente estilhaçadas, cobrindo membros e áreas inteiras, praticamente esmiuçadas. A liga, entretanto, torna a situação mais preocupante do que deveria ser. A "armadura", como mais parece ser, não reflete as cores e iluminações padrões de água e gelo (os mesmos elementos de sempre). Há um detalhe mais macabro, infiltrado na coloração e construção da "roupa".
Mais da metade do ser apresenta uma textura mais pesada, banhada em agonia, em tons carmesins e negros. Uma aparência medonha que exala terror a qualquer observador. O cheiro da morte adentra as narinas da moça, que se detém no local imediatamente.
Ela evita se aproximar mais, parando de andar: Há sangue em mais da metade do corpo da criatura. O sangue faz parte dela, cristalizado, e também a encobre, brilhante, tornando-a essencialmente um aviso ambulante de "perigo".
Diferente dos outros, a qual dera fim, esse humanoide não tem face. Seu rosto é liso, desnivelado por rachaduras e gelo esmagado. Sua cabeça, porém, parece ser envolta de um lado ao outro por saliências saltadas, algumas quebradas e alguns espaços faltantes; uma fila única ordenada de forma circular... Como uma espécie de coroa.
Tampouco parece ser meramente um boneco. Ele é mais ameaçador, mais convicto de suas ações. Se os anteriores passavam respeito, através da conduta e aparência, esse definitivamente é o próprio conceito "vivo" de obediência. A essência encarnada e ensanguentada de submissão e vassalagem. E, baseando-se no sangue que o encobre, DEFINITIVAMENTE não parece de bom juízo contrariá-lo.
Mas a moça não tem pressa de medir a própria sanidade.
Ele se trava no local, acompanhando a garota. E ela não perde tempo:
- Quem é você?! - Ela pergunta em inglês, tampando o nariz com o braço.
O humanóide deita a cabeça, desfazendo o capacete, que se retrai e desmonta automaticamente, revelando totalmente seu rosto. Ele levanta o braço direito, flexionado e com a palma da mão para cima, em uma declaração altiva:
- Eu sou o Segundo Sol! - ele declara em inglês perfeito - Seu primeiríssimo Conquistador e Honorário Regente. Senhor de tantas Terras e tantos outros Universos. Também chamado, o General de Conquista. - ele abaixa o braço, encarando diretamente a moça - Mas você me conhece, Senhora do Ocidente. Diga-me, então, o que a traz ao meu reino, de forma tão abrupta, oculta e secreta? Essa carne sórdida e sem presença, deveria significar algo para mim?
- Eu não faço a mínima ideia do que você disse. - ela responde perturbada - Mas está cometendo um engano gigantesco. Eu não faço ideia de quem seja essa Senhora, mas não sou eu.
- Eu sinto sua malícia, GAROTA - ele pronuncia a palavra com desdém - Não ouse se apresentar de forma tão fútil e medíocre ante um Regente de verdade, como eu. Não que tenha se apresentado, de qualquer forma. Eu conheceria e sentiria a escuridão que te permeia há éons de distância, pequena. Mas, aparentemente, eu tenho que anunciar oficialmente toda declaração de piedade que eu ofereço... - ele pausa - Eu não vou repetir. Mas vou te dar uma última chance para pensar. Esse corpo realmente chamou minha atenção de alguma forma... Não te chamam de "deusa" atoa. Você sabe chamar a atenção de um homem... Não, de um rei!
Ele dá mais alguns passos à frente, calmamente. A garota por fim abaixa o braço também, revelando um rosto levemente irritado e enojado.
Ela observa mais atentamente o rosto do Conquistador: aparenta ser uma versão bem mais velha de Adriãn, beirando os 40 anos, com uma barba rala e cabelo curto, castanho. Seus olhos são profundos e sérios, da cor dos cabelos, encobertos por um delineador e pinturas faciais da cor vinho, que falham em mascarar olheiras profundas. Ele parece confiante e ameaçador, nem um pouco cansado, mesmo com uma expressão neutra e caída.
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Coroas Malditas: Crônicas Da Guerra e Da Paz
AdventureNo início, era o Vazio. E o Vazio era belo. E o Vazio resolveu ser. E assim se tornou Ser. E sendo algo, se tornou conceito, significado. O Vazio se tornou Medo. E preencheu a Existência. O Vazio se tornou Guerra. E perseguiu o Medo. O Vazio se torn...