Yeosang suspirou, fitando o teto rubro de madeira. Sentia o cheiro de enxofre que preenchia todo o ar e, então encarando as paredes escura daquele templo. O olhar baixou para o chão de mármore, fitando o reflexo de alguém solitário. Colocou uma das mãos sobre o rosto, caminhando então até a porta, pronto para sair de seu templo.
– Hoje faz dois anos... Mingi..., onde está você?
O garoto caminhou para fora, imaginando que o outro estivesse em algum lugar calmo. Com a vista para uma praia e um clima agradável. Sentiu uma lagrima escorrer seu rosto, sentindo uma angústia enorme. – Espero que esteja bem. Me desculpa. – Pensou, era incomum chorar, era incomum um Deus chorar. Mas cá estava Kang Yeosang o Deus da morte e destino, chorando. Umedeceu os lábios e com as mãos, as lagrimas, enquanto atravessava as planícies do tártaro, alcançando o porto de Caronte. Desde o dia em que foi levado pelos deuses, Yeosang nunca mais voltou ao acampamento, sequer pensou em voltar. Rumores de um jovem filho de Hades em uma ínfima jornada aos confins do estige para provar o seu amor a um Deus, pairavam contos sobre todo o Hades, desde o Tártaro até os campos Elíseos, todos sabiam da bravura daquele jovem, dos mistérios daquela – fábula – e, infelizmente, de seu desaparecimento. Era a história da vida daquele rapaz. E uma história trágica, para Yeosang...
Kang Yeosang procurou por Mingi, procurou muito. Procurou na casa de sua mãe, apresentando-se como um amigo que se distanciou. Procurou em sua cidade. Procurou nas redondezas do acampamento e até mesmo em seu chalé, escondido. Mas nunca se aventurou a pisar fora daqueles lugares específicos onde ele sabia que Mingi poderia estar; o que chegava até a ser irônico, considerando o quão grande o mundo era. No fim de cada dia, voltava a Hades, voltava aos seus afazeres, voltava a guiar as infindas almas.
Ele lamentava todos os dias ter se tornado o que se tornou, ter levado Mingi onde o levou. Ele odiava o fato de que todos os seus amigos tinham alguém a quem podiam confiar seus segredos, passarem os dias, sentia uma enorme frustração e acima de tudo, inveja. Ele poderia ter desafiado os Deuses com seus novos e recém despertados poderes, poderia ter ficado, poderia ter ido atrás de Mingi. Mas não o fez, nunca fez nada. Os punhos se fecharam e então ergueu o corpo naquele barco. Caminhando até sua ponta. Já estava tão habituado a aquelas coisas que até mesmo ignorava o olhar pesado de Caronte sobre suas costas. Mais um passo em direção a extremidade. Yeosang encarou seu reflexo dentro do Aqueronte e então deixou seu corpo cair sobre as águas. Sentindo a correnteza o levar para baixo. Não fez esforço nenhum para voltar a superfície, nem mesmo se preocupou com o ar em seus pulmões. E antes mesmo que pudesse sentir o peso de suas escolhas diminuírem, já estava morto...
O rapaz abriu os olhos, encarando o teto rubro de madeira. Ele suspirou, sentindo o cheiro de enxofre no ar. Erguendo aos poucos o seu corpo, mordendo seu lábio com força; abstendo-se de gritar.
– Você pode por favor parar? – Uma voz atraiu a sua atenção, o fazendo erguer os olhos e encarar a figura feminina em meio as sombras de seu templo. – Se jogar no Aqueronte, não vai fazer você morrer.
– Eu sei...
– Então por quê?
– Esperança, Perséfone. – Yeosang desviou o olhar e a mulher então caminhou até ele. – Você não entenderia.
Os dois ficaram em silêncio e então ela o abraçou, gentilmente repousando a cabeça de Yeosang sobre seus ombros e então acariciando suas costas.
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Quatro Estações de Kang Yeosang. ↱ MinSang ᵕ̈
Fantasía⠀⠀⠀⠀; +18, lgbtqia+, sexo e linguagem impropria.⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀; Ateeez!AU - Minsang centric + sidecoulpes.⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀; Fluffy, Aventura, Mitologia Grega. ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀Naquela manhã Mingi só queria comer, mas, ao fundo da floresta dois rapazes fizeram a revelaç...