Aquele que matou um Deus

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⠀⠀⠀⠀O garoto chorava enquanto era arrastado para dentro daquele arco, fazendo birra enquanto o sátiro o carregava. Esse era Yeosang; há tanto tempo que quase não se lembrava mais, o tempo em que era uma criança em meio aos outros guerreiros do acampamento, essas memorias já estavam no abismo de suas lembranças; mantidas apenas para sua mente martirizar-se. O jovem semideus foi levado ao seu chalé, filho único de Perséfone, permaneceu sozinho desde sempre. Sem nenhuma carta sequer de seu pai por meses; chegou a pensar que este estava morto. Um dia concluindo que realmente estava, ao ouvir notícias do mundo exterior pelo sátiro que havia lhe trazido para o acampamento.

Suspirou, deixando uma lagrima correr seu rosto. O choro veio à garganta e então engoliu em seco, apertando os olhos fechados.


– Pode chorar, criança! – O sátiro disse, quebrando o silencio da noite enquanto o pequeno se debruçava sobre as patas da criatura mágica, meio homem e meio bode.


Chorou pela noite inteira antes de limpar o rosto avermelhado. Naquele dia, o pequeno jurou ao sátiro que se tornaria o mais forte; para que pudesse proteger todos aqueles que precisavam de proteção, para se proteger de todo o mal daquele mundo que até agora havia lhe arrancado tudo. E com isso em mente, se juntou aos guerreiros como o mais novo deles. Com a pequena camiseta, cortada pela metade, o pequeno filho de Perséfone se provou; dia após dia, o semideus mais espirituoso dentre sua turma. Ele treinava arduamente do começo do dia até o pôr do sol, até mesmo durante o frio do inverno e as chuvas do verão. O jovem Yeosang cresceu como bravamente até seu décimo verão no acampamento.


– Levanta! – Moon Junhui, 4 anos mais velho, um jovem titã; filho de Selene. E, seu treinador. O rapaz sorria, estendendo-lhe a mão.

– Obrigado! – Yeosang segurou em sua mão e levantou-se, pegando sua espada e então voltando em forma. – De novo?


Os dois sorriram, o chinês filho da deusa da Lua não era fácil de se conviver. Mas afeiçoou-se rápido. Viu em Yeosang seu próprio reflexo e, como era chamado de o semideus mais forte em todo o campus; achou adequado, treinar o mais novo. Ele ria com o pensamento. Suas lutas eram engraçadas, Jun controlava a luz e ficava mais forte em cada fase da lua e Yeosang ao contrário, controlava a terra e ficava mais forte a cada estação. Formavam uma ótima dupla em torneios e eram perfeitos aluno e professor. O mais velho ensinou o semideus a controlar as arvores, folhas, água, fogo; todos os elementos ao seu dispor. E como consagração por Yeosang ganhar um torneio sozinho, sem seu "mestre", Junhui o ensinou uma arte proibida.


– Não deve ser difícil para você, Yeo. Eu controlo usando o poder da lua vermelha... Mas você- – Ele sorriu, estendendo o pergaminho. – Você deve conseguir com mais facilidade ao usar a água.


Yeosang pegou o pergaminho e então leu os ensinamentos, com o título bem discreto no topo da página dizendo; como controlar o sangue de alguém. O rapaz abriu a boca, em seus 12 anos, sempre ouviu no campo de batalha o quão hediondo era o uso de técnicas que controlassem o adversário. O quão desonroso para o semideus era fazer uso de poderes proibidos. Recusou-se a aprender, mas no fundo de sua mente, gravou cada ensinamento. Justificou para si mesmo que seus poderes que influenciavam os líquidos precisavam apenas serem refinados e, treinou. Treinou muito. E foi graças a arte de parar o fluxo sanguíneo das pessoas que sobreviveu à noite fatídica que viria o receber naquele dia.


– Você tem que ir mesmo? – Disse, protestando.

– Sim, há um filho perdido de um Deus primordial. – Ele disse com a voz pesarosa. – E talvez leve algum tempo até voltar.

Quatro Estações de Kang Yeosang.  ↱ MinSang ᵕ̈Onde histórias criam vida. Descubra agora