CAPÍTULO OITO

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LANCHE DA MADRUGADA

   Enquanto Ricardo e eu voltávamos para o carro, percebi que muitas pessoas nos olhavam. Eu sei que ele é um homem famoso; depois que aceitei o pedido de casamento, pesquisei algumas coisas sobre ele. Por exemplo, ele apareceu em uma revista dos homens mais bonitos e ricos da atualidade, sendo um dos mais cobiçados pelas mulheres. Parece que o fato de ele ser gay não é conhecido, talvez isso explique a estranheza das pessoas. Não é todo dia que Ricardo Pastore Bianchini é visto de mãos dadas com outro homem.

   Quando estávamos no estacionamento, Ricardo gentilmente abriu a porta para mim, fazendo uma reverência. Agradeci com um beijo na bochecha, o que o deixou estranhamente contente. Sei que ele está tramando alguma coisa, só não sei o quê ainda. Levou apenas alguns segundos até que ele estivesse dirigindo e saindo do estacionamento subterrâneo.

   — Não vai me contar por que está tão contente? — perguntei, e ele suspirou.

   — Já vi que não vou conseguir esconder nada de você, não é? — sorri e arqueei a sobrancelha em resposta. — Eu tenho uma proposta para te fazer.

   — Caramba, será que estamos em um loop temporal? Onde foi que eu já ouvi essa conversa antes? — comentei rindo, e Ricardo me acompanhou, levando a mão até minha perna.

   — Gosto do seu senso de humor, mas a proposta é séria. — Respirei fundo e concordei com a cabeça. — Já que seus pais estão vindo morar comigo, o que acha de você também vir? Hoje mesmo.

   Então é isso? Fiquei pensativo por alguns segundos. Vamos nos casar e estamos noivos, alguma hora teremos que fazer isso. Olhei nos olhos de Ricardo, que parecia estar apreensivo com a minha resposta. Talvez não seja só por esse motivo.

   — Tudo bem. Deve ser estranho dois noivos não morarem juntos, ainda mais dois que dizem estar extremamente apaixonados. — Ricardo sorriu, apertando minha coxa em resposta, e dessa vez ele não tirou a mão.

   Juntando uma certa coragem, levei minha mão até a dele e virei a mão dele para cima. Juntei nossas mãos e entrelacei nossos dedos, tudo isso olhando para o lado da minha janela. Ricardo não disse nada, apenas apertou minha mão um pouco mais firme. Eu não sei o que me levou a ter esse impulso, mas era tão bom sentir o toque dele contra a minha pele. Um sentimento que eu definitivamente não deveria estar sentindo. Mas por que tem que ser tão bom?

   O restante da viagem foi em silêncio. Concordamos mutuamente que eu não precisaria das minhas coisas hoje e que iríamos buscá-las amanhã. Não demoramos muito para finalmente chegarmos à grande mansão do Ricardo. Minha reação não foi muito diferente da primeira vez. Ainda era um lugar incrível e tão diferente de qualquer outro em São Paulo.

   — Me diz, como você fez para aqui ser um lugar tão bom? São Paulo é tão cinza e poluído, mas aqui é diferente. — disse, e Ricardo sorriu, abrindo o porta-malas para pegarmos nossas compras.

   — Bom, digamos que eu comprei todos esses terrenos aqui. Depois de alguns anos limpando tudo e mantendo assim, o lugar foi se limpando sozinho. — explicou ele, como se fizesse algum sentido.

   — Está querendo me dizer que você é dono de um condomínio? — Ele pensou por alguns segundos e depois concordou com a cabeça.

   — Você ficaria surpreso com as coisas que podemos comprar com o dinheiro e os contatos certos. — Ele piscou para mim e me chamou com a cabeça para acompanhá-lo.

   Assim que entramos na casa, Renato já estava nos esperando com uma bandeja em mãos. Ele nos ofereceu conhaque e apenas Ricardo aceitou; eu já tinha bebido o suficiente por um dia. Alguns empregados que eu não tinha visto na semana passada surgiram para recolher nossas sacolas. Ricardo dava ordens e mandou uma delas arrumar um quarto para mim. Será que todos eles sabem sobre o contrato?

Meu Mafioso (Romance Gay) EM REVISÃO... DE NOVOOnde histórias criam vida. Descubra agora