CAPÍTULO UM

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A PROPOSTA

   Sabe quando a gente tem aquela sensação de que algo ruim vai acontecer? Que tudo parece estar bom demais para ser verdade? Foi assim que eu acordei esta manhã; eu sabia que alguma coisa ruim iria acontecer. Assim que cheguei ao meu trabalho, corri para colocar meu uniforme, que era uma camisa preta com o nome da loja de roupas.

   Eu sempre tentei dar o meu melhor, desde quando eu era criança, e não foi diferente quando fiz dezoito anos. Arranjar esse emprego era minha salvação; mesmo que estivesse um pouco difícil, eu conseguiria pagar meu aluguel, onde morava com meu irmão mais velho.

   Ele e eu lutamos para conseguir dinheiro e ainda ajudar nossos pais na casa deles, que ficava no interior de São Paulo. Amo meus pais e faço de tudo por eles, incluindo me matar de trabalhar para ajudá-los com as próprias contas.

   — Danilo, chegou um pouco tarde hoje. — disse uma voz conhecida. Virei-me para Eloá, minha amiga, e sorri. — Acho que até sei onde você estava.

   — Não sei do que você está falando. — respondi, terminando de me arrumar.

   Eloá é minha melhor amiga; foi uma das primeiras pessoas que conheci quando cheguei na cidade. Além disso, ela é a namorada do meu irmão. Nós sempre nos demos bem, principalmente porque ela me apresentou ao primo dela, um garoto por quem fiquei afim assim que bati o olho nele.

   — Oliver me disse que a noite de vocês foi muito boa. — comentou ela, lixando a unha e sorrindo. — Vai ligar de novo para ele?

   — Ele tem razão, a noite foi maravilhosa mesmo e ele foi um amor de pessoa. — disse, tentando não ser rude.

   — Mas?

   — Não vai rolar um segundo encontro. Eu sei que estou desperdiçando uma oportunidade muito boa de conhecer alguém legal, mas minha intuição disse que ele não é o cara certo. — Eloá soltou um longo suspiro. Ser romântico e acreditar nessas coisas, às vezes, quase sempre, era um saco.

   — Você nunca vai saber se ele é o cara certo com apenas um encontro. Você devia dar mais uma chance para ele. — disse ela, sentando-se ao meu lado e me lançando aquele olhar de cãozinho abandonado.

   — Okay, prometo que vou pensar nisso. — Ela comemorou; já era um grande avanço me fazer pensar em ter um segundo encontro com alguém. — Agora vamos, logo a loja vai abrir.

   Eloá e eu saímos, esperando do lado de fora do nosso pequeno vestiário. Os outros funcionários estavam com a gente e, para nossa infelicidade, nosso chefe estava uma pilha de nervos. A primeira coisa que ele fez ao me ver foi gritar para que eu saísse da frente dele.

   Celso estava me lançando olhares zangados, como se eu tivesse feito algo de ruim. Entretanto, tenho certeza de que não fiz nada de errado nessas minhas duas semanas trabalhando aqui. Tentei não ficar no foco dele e apenas fazer meu trabalho. Eloá me ajudava sempre que eu tinha alguma dúvida.

   — Muito bem, hoje é sexta-feira, isso aqui pode estar lotado! — avisou Eloá, e eu concordei com a cabeça.

   Lembro-me do meu primeiro final de semana aqui; eu quase fiquei louco com o tanto de gente me pedindo coisas. Felizmente, consegui passar por aquilo, mas aqui estou eu, prestes a sofrer de novo. Porém, quando deu oito horas da manhã e as portas foram abertas, não havia ninguém esperando. O que já era um avanço, ou um retrocesso, dependendo da visão da pessoa.

   Provavelmente o lugar iria encher logo. A loja era famosa na cidade e sempre foi muito bem elogiada em tudo. Mesmo que eu tenha chegado na cidade há pouco tempo, já ouvia falar dela por todo o interior. Meu irmão vivia dizendo que sempre que podia vinha comprar aqui, então foi bom quando soube que tinha conseguido o emprego.

Meu Mafioso (Romance Gay) EM REVISÃO... DE NOVOOnde histórias criam vida. Descubra agora