CAPÍTULO DEZENOVE

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A FAMÍLIA BIANCHINI

   Se um dia eu entrar em uma gaiola e for jogado no mar para nadar com tubarões, pode ter certeza de que vou ter bem menos medo do que estou agora.

   O olhar que a família de Ricardo me dava era quase mortal, principalmente o da irmã dele. Pelo menos sei que a beleza é de família, já que os Bianchini são tremendamente bonitos. Se não fossem mafiosos e assaltantes de bancos, provavelmente seriam modelos ou artistas de cinema. Nadia, a mãe de Ricardo, era uma mulher alta, usava um vestido preto bem longo que tinha uma fenda na lateral. Ela não usava maquiagem, o que era impressionante, já que devia ter uns sessenta anos e a pele dela era melhor que a minha. Seu cabelo era preto, longo e balançava com o vento, voltando ao normal sem desarrumar um único fio. Talvez eu devesse pedir o condicionador dela emprestado.

   Nadia usava unhas de acrílico, vermelhas e pontiagudas, prontas para furar os olhos de alguém. Provavelmente os meus. Em seu pescoço, havia um belo colar com diamantes e uma grande esmeralda no centro. Ela olhava diretamente para mim, vez ou outra olhando para Ricardo, ao meu lado. Tentei dizer a mim mesmo que tudo iria ficar bem, mas não tinha tanta certeza assim. Na minha cabeça, foi para ela que Tanaka contou nosso segredo.

   Ao lado de Nadia estava Adriano, pai de Ricardo. Apesar do olhar compenetrado em mim, ele parecia ser o único que não me empurraria da escada. Adriano era muito parecido com Ricardo, mas os olhos eram azuis como o céu, e o cabelo e a barba, brancos. Usava um terno azul-escuro, com uma gravata da mesma cor. Ele exalava confiança e poder, o que era invejável diante de como eu me sentia um lixo perto deles. Ao meu lado, Ricardo acariciou minha mão quando me percebeu tremer diante de sua família. Respirei fundo e olhei para sua irmã. Aquela sim parecia pronta para me empurrar da escada; acho até que ela estava cogitando me colocar em um avião de volta para o Brasil e me fazer pular sem paraquedas.

   Lidia, assim como Ricardo, tinha olhos verdes, cabelos castanho-escuros e um rosto angelical. Seu cabelo estava amarrado em uma trança longa, caindo por cima de seu ombro. Ela usava uma camisa branca tomara-que-caia com babados nos ombros e uma saia plissada preta, mostrando suas coxas grossas e torneadas. Assim como sua mãe, Lidia tinha longas unhas de acrílico brancas e um colar de pérolas no pescoço, além de brincos de pérolas. Na coxa dela, havia uma tatuagem de tigre, o mesmo desenho que Ricardo tinha nas costas e que, futuramente, eu também teria. Engoli em seco, finalmente chegando ao último degrau e ficando cara a cara com a família do meu noivo.

   Nadia me estudava dos pés à cabeça, Adriano sorria para o filho e Lidia me encarava como se eu fosse uma doença altamente transmissível. Os três Bianchini tinham uma aura de poder, confiança e riqueza. Eu fiquei tentado a apenas fazer uma reverência e manter a cabeça baixa diante deles.

   — Mamma, padre, como é bom revê-los. — disse Ricardo, que se manteve ao meu lado.

   — È stato per lui che hai scambiato il mio amico? — falou Lidia, cortando a mãe antes que ela pudesse dizer algo.

   Ricardo olhou feio para a irmã, que simplesmente continuou me encarando com raiva.

   — Lidia. — repreendeu Nadia, sem olhar para a filha. — Não vai abraçar sua mamma, Ricardo?

   — Chiaro, mamma. — Ricardo soltou meu braço e abraçou a mãe. — Senti muitas saudades de vocês.

   — Nós sabemos, meu filho. — Adriano não tinha sotaque algum quando falava em português. Acho que ele não pegou o sotaque italiano, mesmo morando aqui muitos anos.

   — Mio padre, como você está? — Eu fiquei parado, sem saber o que fazer e sendo encarado por Lidia.

   — Estou bem, estou bem. — disse o homem, que sorriu para o filho e depois me encarou. — Não vai nos apresentar seu noivo?

Meu Mafioso (Romance Gay) EM REVISÃO... DE NOVOOnde histórias criam vida. Descubra agora