O que uma senhora pode fazer renascendo por engano em um mundo desconhecido ? Ela vai plantar o caos para colher sua paz, ou ela ira morrer antes disso ?
Essa é a segunda parte da fic anterior e recomendo a leitura para melhor compreensão da obra.
- Bom dia - Acenando para a mulher atrás do balcão deixo algumas notas e peço um quarto pequeno.
- Qual o tempo de estadia ? - Sorrindo ela esperou minha resposta pacientemente, o hotel é bem modesto, mas certamente aconchegante.
- Ficarei essa noite e pela manhã seguirei viajem - Com um ar desinteressado e um tanto gélido eu estreito os olhos para ela.
- Seu nome ? - Registrado meu quarto só resta uma coisa para completar o histórico.
- Tomori Kaeto - Saindo não espero a mulher pedir algum documento, quero apenas guardar minhas coisas e ir na fonte termal mais próxima.
Dito e feito, solto um suspiro pesado ao colocar os pés na água. Todos os meus músculos se soltaram quase que instantaneamente - Merda, eu deveria ter feito isso antes !! - Grata demais aos céus por um momento de paz penso no que posso fazer de agora em diante.Konoha a partir de agora não é obrigação minha, de qualquer forma nunca planejei ficar lá o resto da minha vida.
Mebuki e Kizashi ficaram em posse de minha guarda durante minha residência e proveram os cuidados básicos para que eu pusesse ter o melhor desenvolvimento, e em troca, forneci fragmentações da vida de sua filha. Certamente me culpei por eliminar a filha deles deste véu, mas garanti que experimentassem bons momentos, mesmo que por alguns anos.
Não tenho nenhum tipo de laço familiar neste mundo, nada que eu possa amar, nada que me faça sorrir verdadeiramente com carinho ou nada que possa fazer meu coração bater, e isso me alivia profundamente ao mesmo tempo em que me causa uma onda de solidão.
Estou sozinha como sempre estive, e isso não me surpreende nem mesmo por um segundo. Não existe amor na minha vida, a escuridão sempre estará ao meu redor, e isso assusta as pessoas ou as consome com o tempo.
Com lentidão meus dedos mergulham na pele macia e lisa da minha barriga em busca de uma cicatriz fantasma que não existe nesse corpo. Uma marca que residia abaixo da memória do parto do meu filho, uma corrente me lembrando dos crimes que nunca deixarei de me arrepender.
Este mundo não é diferente, e Konoha também não é diferente, por toda a eternidade estarei sozinha e sei o que fiz para merecer isso. Kami já me deu uma chance para ser feliz, mas por causa de minha covardia desprezei e arruinei essa felicidade.
Dizem que o bater de asas de uma borboleta poderia gerar um furação, que tolice, como algo tão pequeno poderia ser a causa de algo tão poderoso ?
Sempre que me falavam uma bobagem dessas eu bufava e revirava os olhos com desgosto, uma pena que demorei tanto para perceber que a tola na história era eu.
Uma garotinha inocente e covarde que não entendia o peso das palavras, era o que eu era.
Levei anos para entender que, o bater de asas de uma criatura tão pequena como aquela representava nossas ações perante a vida. Esse gesto tão vago era como nossas ações, cada bater de asas era um momento de nossas vidas causando uma minúscula alteração no ar.