58 - Um aviso

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Por ele ser advogado não foi difícil pra mim encontrar ele, acho que ele também esperava que eu viesse, ou que fugisse, das duas uma e sinceramente eu pensei mesmo na segunda possibilidade, mas isso não parecia justo com aquele pequeno que foi tão gentil comigo. Desde que segurei a mão de Suar diante de Non, diante da classe, tomei essa decisão de vir até esse lugar, no meu peito cresce a vontade de fazer de Suar meu namorado, mas pra isso eu tenho que ser corajoso e enfrentar meu pior pesadelo.

Dei um jeito de sair antes das aulas acabarem e vim direto pra cá, agora estou sentado em uma sala bonita e espaçosa bem chique nesse prédio onde só tem advogado de gente rica, Ji-hoon não estava em sua sala, mas a secretária deixou eu entrar e avisou ele que eu aguardaria aqui. Agora estou realmente nervoso sentado em uma bela poltrona de couro preto enquanto mexo uma mão na outra totalmente suadas, não queria ter medo dele, eu queria ser forte e vencê-lo dentro daquele jogo insano que ele faz comigo já a tanto tempo, naquela mente perturbada dele eu lhe devo alguma coisa, mas sinceramente eu não acho assim, sei que nasci com uma sorte ruim, nunca tive ninguém por mim, e a única pessoa que foi boa eu perdi, me sentia culpado noite e dia, inadequado, insuficiente, isso tem mudado desde que conheci Suar, resolvi que quero assumi-lo e tenho que lidar com isso e meus próprios problemas, agora ter Ji-hoon me perseguindo é realmente mais do que posso suportar.

Olho meu celular, não quero me atrasar para ir trabalhar, não quero perder a confiança de P'Boss, pela demora estou inquieto e querendo ir embora e voltar outro dia, me remexo na poltrona quando a porta abre e aquela pessoa que me odeia entra, os olhos dele... são os olhos dela, é doloroso pra mim olhar para ele, mas me levanto rápido, ele ainda não disse nada, parece tranquilo, caminha até o meio da sala, o semblante cansado, só o olhar que brilha com raiva intensamente, então mesmo que seus lábios tenham um sorriso, sei o quanto ele esta irritado.

-  Olha quem tomou coragem pra vir até mim, quase não acreditei quando minha secretária me avisou. Perdeu realmente o medo? Ou só não tem mais vergonha na cara?

- Não acha que já fez o suficiente, no passado, contra mim?

- O suficiente?

Ele é rápido e aquilo me pega de surpresa em segundos está em cima de mim segurando com força meu colarinho, o rosto vermelho de ódio a centímetros do meu, a raiva parece ferver sua cabeça.

- Eu te digo quando for suficiente seu bostinha, eu te falo quando você tiver pagado pelos teus pecados.

- Eu não te devo nada!

Não sei da onde tiro tanta coragem para gritar, eu nunca o enfrentei antes, sempre aceitei tudo que ele fazia comigo como uma forma de punição, mas dessa vez meu medo de Suar acabar machucado no meio da nossa guerra me impulsiona

- Você nem mesmo sabe pelo que está me punindo Ji-hoon.

- Pela morte da minha irmã seu desgraçado, sua memória ficou curta ou agora esqueceu da pessoa que você matou?

- Eu não matei ninguém, você só não quer aceitar, você está fazendo essas coisas comigo por que se sente culpado, tão culpado quanto eu.

- Do que eu seria culpado seu bastardo?

- Vocês mataram a alegria da Ji-eun, a intolerância de vocês o preconceito com minhas origens, a discriminação, vocês ignoraram os sentimentos dela, isso fez ela definhar, isso tirou a alegria dela, eu não fiz isso, eu queria que ela vivesse bem e feliz.

Em meio aos gritos, os meus gritos eu sinto as lágrimas rolando quente e grossas pelo meu rosto, eu mal me calo e um soco me derruba no chão, sinto o gosto de sangue na boca, mas mal sinto a dor, tem uma mais intensa no meu coração que parece que vai explodir, aquelas palavras que estão presas dentro de mim a anos finalmente conseguiram sair.

- Não repita o nome dela, nunca mais, você não tem esse direito.

Estou caído olhando aquele homem ofegante e com o semblante raivoso, o terno tão elegante desalinhado agora, ele tem os punhos fechados e sei que quer me socar até a morte, mas não posso recuar uma vez que já comecei, devemos terminar.

- Direito? Vamos falar dos meus direitos...

Minha voz está rouca e embargada, mas tento ser firme nas palavras, minhas mãos tremem

- Se você continuar me perseguindo eu vou denunciar você, está em uma empresa muito poderosa, eu duvido que o chefão desse lugar queira o nome da empresa envolvida num escândalo, vamos acabar com a vida um do outro, que tal? Você acaba com a minha e eu acabo com a sua...

- Seu bostinha filha da puta...

Ele vem pra cima de mim novamente chega a erguer o braço enquanto a outra mão me junta pelo colarinho o aperto chega a me sufocar mas eu não fecho os olhos, chega de fugir.

-Pode me bater, vamos, descontar toda sua raiva e terminar isso aqui eu não vou me defender ou te entregar, mas se não acabar hoje isso, vamos cair juntos, e você vai ser uma desonra para sua família, para a memória dela, a pessoa que me salvou, ela escolheu isso, você acha que eu já não me sinto mal o suficiente dia após dia? Quem é você pra me punir? Quem é você?

Eu basicamente cuspo essas palavras enquanto ele não consegue se mover, nem me bater ou me largar, estou ficando sem ar, mas não tento me soltar, sei que ele está ponderando minhas palavras enquanto eu sufoco, ele não parece bem, o olhar vidrado, a expressão vazia, já não consigo enchergar Ji-eun nos olhos dele, mesmo idênticos, ela só tinha amor, enquanto essa pessoa só tem rancor, ódio e culpa, ele se sente tão culpado quanto eu e a prova disso é quando a mão finalmente afrouxa, eu tento respirar fundo e me engasgo.

Ji-hoon cai sentado no chão, as duas mãos sobre a cabeça, não tem lágrimas, ele ainda sente muito ódio de mim e de si mesmo pra conseguir chorar.
Seguro de leve minha garganta, imagino que a pele que é sensível está marcada agora.

- Eu vim aqui pra te implorar que me deixe em paz, se não fizer isso eu não vou hesitar em revidar... E eu não precisava te dizer isso, mas a última conversa que eu tive com a Ji-eun antes do acidente foi sobre você, ela me contando como você a ensinou a dirigir a pescar, a jogar bola... Ela te admirava, mas se te visse agora... Você não se parece em nada com a pessoa que ela descrevia ...

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