93 - Um homem irritado

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São muitas informações, então minha cabeça está literalmente girando agora, por sorte Suar esta prestando bastante atenção e vai tirando as dúvidas por mim. O que entendi até agora é que existe essa família Nawinwit, Prame e Tian estão cientes da minha vinda aqui hoje, eles preferem não estar presentes ou ter contato com alguém que aparentemente seja o filho perdido. Acho coerente já que isso pode apenas gerar um momento de desconforto pra eles principalmente se for alarme falso, o que eu preciso fazer é ceder matérial para um exame padrão de dna, o resultado sai em alguns dias eu preciso voltar aqui, já sabemos que tudo pode acontecer já que estão se baseando no depoimento da ex colega de trabalho da minha mãe, e sabendo também que sim a minha mãe teve um filho na mesma época.
Isso pra minha cabeça é meio confuso, tudo ao meu redor na verdade nunca foi exatamente calmo ou tranquilo. Viver com minha tia, os eventos na antiga cidade, o convívio conturbado com Ji-hoon. Só agora estou tendo um pouco de paz e até mesmo segurança e felicidade.

Suar faz um carinho na minha mão, é importante pois com isso ele está tentando me tranquilizar, o que geralmente funciona já que eu me sinto melhor e menos aflito.
O advogado nos dá muitas recomendações e explicações, principalmente por parecer bastante verídico esse caso, ele quer me assegurar dos meus direitos se eu escolher não fazer o teste ou até mesmo não conhecer essa família mesmo se o teste der positivo.

- Ele quer sim P'...

É Suar quem responde por mim, e eu acabo sorrindo, ele já me conhece bem, já sabe que mesmo com medos eu preciso ir até o fundo disso.
Não demora muito, uma representante do laboratório veio até o escritório de advocacia e foi rápido a coleta, estamos agora nos despedindo do advogado da família Nawinwit. Suar e eu nos curvados levemente e o advogado sorri desejando boa sorte, ele parece contente em estar a beira de encerrar esse caso. Não deu detalhes da família, mas por alto nos contou como foi difícil para eles todos esses anos, eles tinham outros filhos, na verdade a família era grande, maior até que a de Suar, mas ele não me deu nomes ou detalhes específicos.

Eu também não quero criar nenhuma conexão sem ter a certeza antes de ser essa criança perdida. Nem sei o que pensar ou como me sentir. Eu penso Ji-hoon na verdade, ele podia ter ficado quieto, ter me deixado no escuro, ter deixado essa família sem assistência. Ainda o odeio por tudo que me fez passar, mas sinto alívio que ele teve esse tipo de atitude depois da nossa última conversa.

Saímos do local juntos depois de encontrar P'Boss, eu acho que estava tão estressado que mal dormi nessa noite, os pesadelos não foram embora como eu achava, mas eles diminuíram consideravelmente, eram apenas sonhos ruins, só que mais leves que antes, de tão cansado eu sei apenas que entrei no carro do meu cunhado e apaguei, não sei exatamente quando mas Suar me puxou para junto dele e o calor do corpo do meu filhote me ajudou a relaxar muito mais, então adormeci.

***

- Eu nunca vi você ter um admirador que tivesse a coragem de assedia-lo no trabalho, tinham aquelas meninas que mandavam alguns recados você lembra? No seu antigo escritório, mas pessoalmente é realmente algo bem ousado...

- Você poderia calar a sua boca agora?

Ji-hoon que tenta se concentrar no macarrão levanta o olhar, parece um homem ameaçador daquele jeito, mas Krist não tem um pingo de medo, então acaba rindo da situação.

- O rapaz era bem bonito...

Ji-hoon larga os talheres o que faz um barulho estridente quando eles caem no prato, algumas pessoas ao redor no restaurante olham para os dois, mas o advogado apenas cruza os braços sobre o estômago se inclinando para trás.

- Realmente está me incentivando? Eu e aquele...aquele cara?

- Eu lá sou um homem de mente fechada? Você me conhece tão bem, apenas torço pela sua felicidade irmão.

Ji-hoon revira os olhos já que Krist continua rindo. Para Krist esse momento de descontração é uma fuga dos seus problemas, então o amigo que sabe meio por alto dos problemas familiares que ele vem enfrentando deixa isso passar, normalmente só levantaria e deixaria o outro falando sozinho, o que não abalaria Krist já que todos conhecem o péssimo gênio do advogado.

Depois de um tempo voltam a comer normalmente e a falar de outras coisas, Krist vê o amigo como um verdadeiro irmão, sabe o inferno pessoal que o outro enfrenta des de que perdeu a irmã mais nova, e sabe bem que Ji-hoon não é uma criatura nem tão pouco romântica e menos ainda namoravel, no fundo sente pena das pessoas que se apaixonam por ele, o que são muitas já que o coreano é um homem bonito e tem uma carreira tão estável, existem mais alguns amigos no grupo deles dois, e os caras se reúnem de vez em quando, nessas ocasiões muitos falam de suas aventuras amorosas, mas Ji-hoon nunca tem nada para contar, então Krist realmente torce pelo dia em que um raio de sol vá derreter o coraçãozinho de gelo do amigo.

- Vai voltar ao escritório?

Agora que terminaram a refeição a conversa já tinha se estendido bastante, então Krist percebe que o advogado não está com a mesma pressa de sempre.

- Pra que? Me irritar?

- Acha que seu futuro esposo ainda estaria por lá te esperando uma hora dessas?

- Meu cu...-Ji-hoon levanta bruscamente- Vou para o escritório agora e se aquele bastardo estiver lá eu vou chutar a bunda dele pra fora do prédio.

Krist está rindo,  tanto que precisa levar a mão a boca pra se conter, ao que o advogado responde com um soco um tanto quanto violento na mesa chamada atenção novamente

- E você pare de rir seu desgraçado, ou a próxima bunda chutada será a sua.

- Ok, me rendo, eu me rendo...me desculpe.

Krist levanta os braços e tenta controlar as feições, mas é impossível, nunca viu ninguém tirar a estabilidade de Ji-hoon assim, e essa não era a primeira vez que provocava o amigo, que nunca ligava na verdade, e ficava só com aquele olhar frio sem nem se quer parecer abalado. Realmente era interessante essa pessoa que conseguiu arrancar alguma emoção assim dele, mesmo que parecesse negativo.

Os dois se despedem, Ji-hoon tenta manter a calma, e fica mais irritado quando está sozinho e lembra do homem insistente lhe convidando pra sair, ele não se dá conta que é a primeira vez em anos que está irritado por algo que não seja Copter e sua vingança falida.

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