Caminhar da Vergonha

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Era perto de meio dia quando o tocar incessante de seu celular o arrancou de seu sono tranquilo; não lembrava de uma vez em que dormira tão bem, mas seu conforto logo deu lugar a uma dor se espalhando por toda sua cintura e quadril ao se mexer para levantar.

Afastou o cobertor para dar uma olhada na área dolorida e constatar que estava de fato coberta de hematomas; foi um momento, memórias da noite anterior surgiram num turbilhão, trazendo com elas uma confusão de sentimentos, o mais tangível sendo a culpa que carregava por deixar aquilo acontecer.

Olhou em volta do quarto duas vezes para constatar que estava completamente sozinho; ao que parecia, seu "acompanhante" da noite anterior já apagou todo e qualquer rastro de que havia estado lá.

Izuku suspirou cansado.

Como as mensagens tocando em seu telefone não cessaram, resolveu se preocupar consigo depois e atender quem quer que fosse, esfregando o rosto sonolento e se deparando com um bombardeio de mensagens de Uraraka e Iida - mais de Uraraka - em seu celular.

Agora mais acordado, o esverdeado gelou. Não tinha noção do tempo em que ficou dormindo aquela manhã e não queria preocupar seus amigos, afinal ninguém tinha como saber se tinha caído nas mãos de um psicopata.

Assim que começou e digitar uma resposta, uma ligação de Uraraka tocou em seu telefone.

- Oi, Uraraka... - Saudou com voz cansada.

- Izuku! Estou tentando falar com você a manhã toda! Onde você está?! - A garota não tentou mascarar sua impaciência devido à preocupação.

- Bom... em casa. - O garoto disse devagar.

Uraraka suspirou aliviada do outro lado da linha.

- Que susto que você me deu... mas me conta: como foi ontem à noite? Se divertiu bastante? - Disse ela em tom sugestivo.

- É, eu... bom, não sei dizer. - Não deu para esconder a decepção em sua voz.

- O que foi...? Não me diga, ele juntou as coisas e sumiu na manhã seguinte, não foi?

- Bom...

Uraraka suspirou cansada.

- Izuku, o que mais você esperava de um estranho que conheceu numa boate?

- Eu sei, eu sei... eu só- me sinto culpado de ter deixado acontecer.

- Eu imagino... Sinto muito por isso, não queria que perdesse a sua-

- Tudo bem. - Izuku interrompeu impaciente.

- Eu sei como é importante, a sua primeira vez deve ser especial... mas vocês usaram camisinha, né?

- Uraraka-!

- Essa você tem que me contar, sabe que isso é sério.

Izuku hesitou; mesmo que não quisesse entrar em detalhes, ao menos devia contar para sua melhor amiga e preocupá-la um pouco menos.

- Sim... usamos.

- Assim fico mais aliviada... se cuida, viu? Tente não pensar muito nisso.

- Vou tentar... te vejo depois.

- Tchau.

Botando o telefone de lado, Izuku suspirou uma última vez para se lamentar; não tinha como evitar ficar pensando naquilo. Onde estava com a cabeça? Apesar de perfeitamente sóbrio, simplesmente convidou um completo estranho para entrar em sua casa e fazer o que bem entendesse consigo, que belo jeito de perder um bem tão precioso quanto sua virgindade.

Por Obra do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora