"As palavras voam e
pousam em nós
Nos dá asas de liberdade
pra ir e vir
sem limites,além do sol."
(Cecília Meireles)♡♡♡
Diego~
Eu observava o restaurante do projac, mais precisamente uma senhora que eu adoro e que sempre guarda meu doce preferido quando ele está prestes a acabar, ela sorria para Tati, que como sempre e provavelmente discursava sobre algo que não lhe foi perguntado.
Olhei em volta, inconscientemente meus olhos buscavam pelo homem moreno, forte e com uma barba que o deixava a pura perdição, aquele que vinha rondando meus pensamentos, confundindo meu coração e virando minha vida de cabeça pra baixo.
"Sabe..." Ouvi Thati praticamente gritar em meu ouvido e não evitei pular com o susto.
"Mas que porra..." Falei, enquanto ela já se sentava e eu espetava minha salada e frango, tinha um horário a cumprir e precisava terminar em vinte minutos, odiava comer correndo, a garota que me acompanhava apenas com um suco sorriu.
"Não seja insuportável Di, tudo isso por causa daquele beijinho?" Eu estalei minha língua, um costume adquirido com os anos.
"Eu sei que foi só um selinho, só que mecheu com a minha cabeça, ele... Não foi combinado, ele pediu e eu dei." Falei buscando me prender no fato de que não foi um beijão de língua ou coisa assim, já não era um adolescente, o mínimo era lidar bem com um homem bonito.
"E aposto que se pedisse mais, você dava também." Tata disse nas minhas costas, se sentando ao meu lado, não consegui segurar a gargalhada estranha que explodiu por minha garganta. "Agora é sério, você tá assustado com tudo isso, aposto que não esperava gostar dele." Eu arregalei os olhos.
"O que eu... Eu não... Eu..." Eu suspirei, mal conseguia expressar o que sentia.
"Tá tudo bem Di, falta um mês e meio pra novela acabar, foque em descobrir o que sente pelo Amaury, depois você vê o que faz com isso... Se caso for só uma confusão sua, vai acabar logo..." Aquilo vinha me assombrando, o fim da novela estava batendo na porta e eu não conseguia me imaginar em uma rotina que não fosse ver o Amaury todos os dias praticamente, ele era o cara das cachoeiras, da praia e de Niterói, eu era o sistema caótico das baladas de São Paulo. Como duas linhas tênues que não podem se chocar.
"Vocês tem razão." Falei tomando minha decisão, eu tenho que compreender o que sinto por ele antes de qualquer outro passo, antes até mesmo de ficar me questionando se é recíproco ou se estou apenas interpretando sinais errados.
"Nós sempre temos." Foi o que a Tata disse enquanto embarcavamos em um assunto que não fosse minha desastrosa vida não tão amorosa.
◇
"Diego Moraes, achei que não viesse." Amaury disse assim que eu entrei no camarim e eu sorri, tentando fazer o que as meninas falaram e levar isso com leveza, Valéria e Alba já estavam lá no camarim com ele, franzi a sobrancelhas para a informação, mas assim que ele se levantou e veio me abraçando só pude retribuir o carinho. "Oi piquitito." Ele sussurrou e eu sorri, calma coração.
"Oiiiii Arilson..." Minha voz até mesmo saiu abafada por estar enfiada em seu peito, o homem cheirava a perfume e natureza, não sabia como era possível alguém cheirar tão bem assim.
"Oiii Amaury." Thati falou assim que o rapaz me soltou.
"Oi Thatizinha." Ele disse já se virando enquanto puxava minhas bolsas pra ele e levava até um dos sofás.
"Eita, trata todos os amigos iguais em... Que isso." Thati disse baixo pra mim e eu revirei os olhos, um sorriso pairando por ali. Amaury se sentou em um dos sofás e Thati se jogou em outro, me sentei ao lado do Amaury e ele sem ao menos perceber se jogou sobre meu peito, fazendo com que eu passasse meu braço ao redor dos seus ombros, como se fosse natural. Na verdade, tudo entre nós foi natural, a química em cenas, a amizade, o companheirismo, até mesmo aquele selinho que me ferrou foi natural. Eu queria mais, disso eu sabia, porém também sabia que o homem jogado em mim nesse momento, não entrava em relacionamentos rasos, eu não podia me machucar caminhando para algo que não sabia se queria e muito menos fazer com que ele ultrapassasse seus próprios limites, fora jogar nossa amizade no lixo por um tesãozinho incubado.
"No que tanto pensa? Consigo ver a fumaça saindo da sua cabeça." Eu sorri e passei a mão por seu braço, num carinho leve.
"Em como as coisas vão mudar daqui a dois meses, foi tanto tempo perto de você..." Eu corei e tentei consertar o que havia dito. "Vocês... De vocês." As meninas nos olharam sorrindo, como se soubessem de coisas que nós nem imaginávamos.
"Vai ser realmente difícil não te ter por perto todos os dias." Amaury disse simples, direto ao ponto, era como ele era. Suspirei, e ergui um pouco a cabeça, senti um beijo ser depositado em meu queixo e quase desmaiei com a sensação quente de seus lábios.
"Ih, clima triste! Quer saber vamos cantar Val!" Alva disse, enquanto as duas se levantavam e riam, aproveitei para fazer uns storys das duas juntas enquanto ríamos e bricavamos, mas ainda sim, a despedida que se aproximava a cada minuto atormentava meus pensamentos...
◇
"Di..." Ouvi a voz do mais velho me chamar, já era dez e meia da noite e eu esperava o uber para ir pra casa, na verdade mesmo, eu esperava um uber aceitar me levar pra casa. Casa, me neguei a chamar o apartamento de casa por uns bons quatro meses.
"Oi Amaulindo?" Falei me virando com um sorrisinho provocador.
"Vamos, eu te dou uma carona..." Eu olhei meu aplicativo que buscava um motorista.
"Não é seu caminho..." Falei sabendo que o homem morava em Niterói.
"Não importa." Foi a resposta que obtive.
Uns minutos depois dentro do carro, com conversas banais sobre a novela e um sertanejinho tocando, senti os olhos do homem me analisarem.
"Sem storys hoje?" Perguntou com um sorriso, seus dentes adoráveis aparecendo.
"Nah..." Eu ia inventar uma desculpa esfarrapada, mas decidi manter a real.
"Eu ando querendo guardar nossos momentos apenas pra mim." Era verdade, nua e crua, eu amava compartilhar com nossos fãs, nosso dia a dia, porém eu estava sentindo que tinha tão pouco dele, que precisava guardar momentos pra mim, lembranças doces de uma intimidade conquistada entre nós.
"Justo, nunca pensei que me apegaria tanto a alguém Diego, mas você... Você é alguma coisa." Eu fiquei vermelho com o que foi dito e acabei mudando o rumo da conversa para assuntos como a roupa do Kelvin e a peça do homem, que estava sendo um sucesso.
◇
O caminho pareceu mais curto que o normal e eu suspirei ao ver ele estacionar.
"Minha vaga tá vazia." Pensei alto e Amaury me olhou, confuso.
"Oi?"
"Quer... Quer dizer... Você quer entrar? Tomar algo? A minha vaga de garagem é vazia..." Eu convidei todo sem jeito e desviando o olhar.
"Certo, eu vou entrar sim, me mostra o caminho." Eu apenas concordei, enquanto passávamos pela portaria.
Diego, Diego, o que você tá fazendo?Eu não preciso dizer que isso é pura ficção e que não condiz em nada com a relação real dos personagens, certo? É meramente ficcional, espero que gostem da fic.
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Estelar
Fanfiction"O processo de formação estelar leva em torno de um milhão de anos, a partir do momento em que a nuvem de gás inicial começa a se condensar até que a estrela esteja pronta e brilhe como o Sol." O mesmo acontece em nossas vidas, cada pequeno processo...