Todo amor que houver nessa vida

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"Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida no embalo da rede
Matando a sede na saliva"
(Cazuza)

Diego~

Acordei com meu despertador tocando, passei a mão ao lado da cama, apenas para sentir o lençol gelado, abri os olhos e me sentei.
Amaury não foi embora da última vez, então não iria dessa, certo? Suspirei de alívio ao ouvir um barulho vindo lá de baixo e bufei, sorrindo para a minha própria idiotice e insegurança, desliguei o despertador e olhei perdido para a porta do quarto.
Ontem eu havia admitido para mim mesmo que estava apaixonado pelo homem que estava, provavelmente, em minha cozinha nesse momento, eu não fazia ideia do que fazer com isso, a insegurança tomando conta de cada célula do meu corpo, afinal, Amaury era doze anos mais velho que eu, era inteligente, doce, focado e comprometido com tudo, nossa maturidade era completamente diferente e nossos gostos também, nos dávamos muito bem na cama e éramos bem resolvidos com isso, porém não significava que o homem maravilhoso que me fez chorar de prazer ontem a noite, iria desenvolver qualquer tipo de sentimento por mim, fora uma amizade e algumas noites quentes em minha cama... Fechei os olhos com força, tentando abafar esses pensamentos negativos que me rondavam e focar no agora, quando chegasse a hora, lidaria com o meu sentimento. Me levantei, preguiçoso e ainda com o coração apertado, coloquei uma cueca e fui até a cozinha, a cena que vi era tão linda, que fez eu ficar pior ainda, Amaury estava de cueca, com um avental escrito 'Não sou Pavê', sorri triste por desejar que aquilo fosse rotineiro, e saber que eu não poderia ter...
"Bom dia..." Disse, melhorando meu sorriso e me aproximando, Amaury tomou um pulinho e me olhou.
"Bom dia, princesa." Ele disse com um sorriso relaxado, tão lindo.
"Então, toda a vez que você dormir aqui vai fazer café?" Amaury soltou uma risada de chaleira.
"Você é tão interesseiro Diego." Ele sorriu. "Mas sim, fazer café é terapêutico." Eu revirei os olhos, Amaury se aproximou e para minha surpresa me deu um selinho, sua boca com gosto de banana e canela, ingredientes da panqueca.
"Terapêutico é você de cueca na minha cozinha as oito da manhã." Falei sorrindo e dei um tapinha em seu bumbum, ele me mandou um olhar ofendido.
"Porque você não toma um banho enquanto eu arrumo aqui? Depois eu me arrumo e vamos para o projac?" Eu gemi preguiçoso.
"Hoje o dia será longoooo..." Falei com uma falsa expressão de tristeza, Amaury sabia o quanto eu amava trabalhar.
"Vamos até a madrugada." Ele disse rindo, e apontando para as escadas, dei uma piscadela e fui rumo ao meu banheiro.

Uma hora e meia depois, chegávamos ao projac, eu e Amaury nos separamos, já que ele tinha algumas cenas pra gravar e eu ainda não iria... Encontramos Glória entrando no projac e ela me acompanhou, já que nossos camarins eram um do lado do outro.
"Então... Ele é lindo não?" Ela perguntou com um sorriso e eu a encarei, assustado pelo assunto repentino.
"É, é sim..." Falei com um sorriso, lindo.
"E você também... Vocês dois formam um belo casal..." Eu arregalei os olhos, um sorriso nervoso em meu rosto.
"Não... Eu não..." Ela me deu um sorriso, um que eu geralmente veria em minha mãe.
"Querido, os olhos não mentem, de nenhum dos dois." Ela disse, me deu um abraço e entrou em seu camarim, me deixando sozinho e parado no corredor.
"Hey? Tá ficando maluco? Encarando a porta do camarim dos outros?" Thati disse e eu a olhei, peguei sua mão e a puxei para meu camarim.
"Amiga, eu estou apaixonado." Falei nervoso, pensando no que a Glória disse e sentindo que estava deixando algo muito, muito importante passar.
"Pela Glória? Amiga, você é gay, ela é muito linda realmente, deve ser..."
"Cala a boca Thati! Só fala merda." Disse gargalhando, era uma palhaçada mesmo. "Tô falando do Amaury." Eu disse revirando os olhos e me jogando em um sofá, Thati se sentou em minha frente.
"Amigo, isso é ótimo... Se apaixonar é lindo..." Ela disse sorrindo. "Que romântico vocês apaixonados, imagina quando for rolar algo... Aí você morre de vez." Fiquei vermelho com a fala da mulher, ela me olhou e arregalou os olhos. "DIEGO, SUA SAFADA... VOCÊS TRANSARAM!" Eu tapei a boca dela com minha mão, jogando meu corpo em cima do dela e nós dois caímos no chão.
"Fala mais alto, o Walcir ainda não escutou." Disse revirando os olhos pelo escândalo.
"Gente vamos gravar..." Gualandi parou ao nos olhar. "Eu quero saber o que tá acontecendo aqui?" Ele disse apontando com o dedo para nós dois jogados no chão.
"Não?" Falamos juntos, o rapaz revirando os olhos.
"Ótimo, então vamos lá." Ele disse apontando para a porta, saindo pela mesma no minuto seguinte.
"Vamoooos lá...." Nós saímos pulando e rindo.

"Amaury... Hoje você tá cheio de ânimo né, pra fazer story?" Eu disse enquanto nós estávamos em uma sala, matando o tempo e esperando para participar do Vem, que tem. Amaury deu risada.
"Ué, só você pode me irritar com seus storys?" Ele disse com um sorriso preguiçoso no rosto, larguei o meu jogo em cima de uma mesa e fui me sentar ao seu lado.
"Tá felizinho e saidinho né Amaury?" Comentei aproximando meu rosto do seu. "Viu o passarinho verde?"
"Nah, ele não era verde e nem inho..." Eu me afastei, chocado pela besteira que ele disse.
"Amaury! Meu Deus..." Falei rindo, fui cortado por um beijo, suas mãos em meu rosto faziam um carinho tranquilo enquanto nossas línguas se encontravam, conectavam e se descobriam. "Hum... Vou começar a te irritar mais." Falei ganhando dois selinhos.
"Fica a vontade... Mas não precisa me irritar pra eu beijar você." Eu sorri, tímido pelas palavras.
"Hey! Vamos pessoal..." Uma das ajudantes, chegou nos chamando para o palco.

Estralei minhas costas após fazer uns storys e também postar os gravados antes do programa. Olhei Amaury sair do banheiro do camarim, já trocado e limpo.
"Você vai pra Niterói?" Perguntei e assim que a frase saiu da minha boca fiz uma careta, não queria parecer maluco, mas iria gostar se ele fosse para casa, principalmente porque já estava tarde e achava perigoso ele dirigir, afinal era uma hora de viagem, um pouquinho mais até.
"Na verdade, eu ainda vou gravar..." Ele respondeu, um sorriso cansado em seu rosto, mordi a parte de dentro da minha bochecha, um pouco nervoso pelo que ia fazer.
"Posso deixar o controle do portão e a chave com você... Assim quando sair daqui, pode dormir lá em casa." Eu dei um sorriso amarelo e completamente sem graça.
"Claro... Na verdade ia ser ótimo..." Eu concordei com ele, entreguei as coisas  e fui embora.

Senti um peso afundar minha cama, junto com o calor e cheiro familiares para mim, depois de um ano de convívio, não fazia ideia de que horas eram.
"Que horas são?" Murmurei rouco.
"Xiu, dorme princesa." Amaury me abraçou, depositando um beijo em meu pescoço. Não soube dizer se ele disse algo mais, pois adormeci em seus braços.

Curiosidades que vocês não perguntaram mas eu vou falar haha
Tenho muita facilidade em escrever o Diego dessa fanfic, pois tenho 25 anos, então por mais que maturidade não tenha haver com idade, consigo me conectar mais com ele.
Tenho muitaaaa dificuldade em escrever o Diego de Por Nossos Filhos e o Amaury (das duas fics), pois tenho medo de acabar deixando eles parecendo mais novos do que realmente são para lidar com determinadas situações.
É isso, apenas um desabafo

EstelarOnde histórias criam vida. Descubra agora