Quem ama, cuida

569 46 15
                                    

"Eu vou cuidar de você
Todo dia, toda hora e a todo momento
Você jamais vai duvidar do meu sentimento
É de dar inveja um amor assim"
(Flávio Leandro)

Diego~

"Você não acha um pouco perigoso? Considerando que a novela não acabou e que não conversamos sobre nosso futuro?" Questionei Amaury, fazia uma semana que toda a história sobre o Matheus havia saído.
Nós voltamos para São Paulo no outro dia, afinal tínhamos que trabalhar e agora voltávamos para o Natal, Amaury junto comigo, como prometeu que faria para passar um recadinho para o Matheus, palavras dele, não minhas, porém não evitava ter medo, afinal, as pessoas surtariam se soubessem que o mais velho realmente passaria a data comigo e minha família ou caso vissem algo nosso, eu queria muito manter isso que tínhamos em segredo, para termos tempo e privacidade de focar no Kelvin e no Ramiro, também queria tempo para poder decidir nosso futuro, sem o peso de nossos fãs esperando algo, que talvez não seja o melhor para nós.
"Está tudo bem, vamos tomar cuidado, ninguém vai ver." Maury concluiu, apertando minha mão enquanto dirigia para São Paulo, eu apenas o encarei com um sorriso doce, confiando nele, eu sempre faria, ele nunca deixou nada ruim acontecer comigo.
"Obrigado, você confiou em mim de uma forma que ninguém nunca fez." Ele assentiu, seus olhos saindo da estrada por segundos, apenas para procurarem os meus, sua expressão se fechando um pouco, em algo que parecia mágoa.
"Não tem que agradecer, eu sinto muito por todos os caras que passaram por sua vida e te fizeram não se sentir digno do mínimo, eu amo você, sua palavra sempre valerá mais do que a de um estranho." Eu apenas sorri, meus olhos se enchendo de lágrimas, aquela mini dor no coração por encontrar o amor da minha vida em um momento, que talvez, não seja o melhor para nós, se fazendo presente em meu peito, todos os 'e se' que me assombrava por esses meses vindo a tona.
"Eu te amo." Conclui, ao avistar a casa da minha mãe, sorrindo ao saber que estaria rodeado de amor, carinho e afeto nesses três dias, esquecendo minhas duvidas e inseguranças com relação ao futuro.
Evitei pensar que hoje a noite, comemorariamos o nosso Natal entre amigos, no mesmo espaço de eventos que aluguei para usar com minha família a partir de amanhã, mas hoje iríamos fazer Matheus entender que não é não e que eu não servia como um passa tempo para Amaury, que eu era capaz de ser amado e que ele não fazia um favor quando ficava comigo, afinal o homem ao meu lado, não era ele e eu sabia que isso o magoava, ele tentou de tudo para sair da lista de amigos que fodem as vezes e ser apresentado como algo mais, eu nunca apresentei ninguém assim pros meus amigos e isso machucaria seu ego em proporções gigantescas.
"Vocês chegaram!" Mamãe disse, assim que descemos na porta de casa, abraçando Amaury primeiro, revirei os olhos, claro que ela faria.
"Dona Bahia!" Ele retribuiu o abraço. "Como a senhora está?" Eu não consegui manter a expressão azeda, Amaury era fofo de mais para eu poder lidar.
"Bem melhor agora meu filho! Entrem, entrem..." Ela disse trocando de abraço, vindo me apertar agora, dizendo palavras de amor em meu ouvido.
"Oh João!" Amaury meio falou, meio gritou, cumprimentando meu pai, que gargalhou e o abraçou, os dois embalando em um assunto sobre o time de futebol, que ganhou algo, que eu não sabia... Revirei os olhos rindo e chamando atenção dos dois, logo meus irmãos apareceram e tudo virou abraços, risadas e fofocas, seja sobre família, sobre trabalho, ou pessoas aleatórias que conhecíamos.
Quando olhei Amaury, jogado no sofá, ao lado de Bianca, que tentava inutilmente mostrar a ele como jogar algo no celular, seus olhos já estavam sobre mim, um sorriso doce em nossos lábios e promessas silenciosas que faríamos de tudo para aquele ser nosso futuro.

"Você não deveria ter colocado essa roupa, se queria que saíssemos de casa!" Ele disse descolando seus lábios dos meus e apertando minha bunda, automaticamente rebolei em seu colo, o fazendo gemer e sentindo seu volume apertado na calça jeans. "Diego... Temos que ir princesa, estamos aqui a dez minutos..."
"Eu sei!" Falei sorrindo e deixando um selinho em seus lábios. "Mas você tá tão gostoso, que eu não consigo me concentrar..." Amaury jogou a cabeça pra trás, rindo e expondo seu pescoço cheiroso, um pequeno chupão visível na pele, sorri.
"Parecemos dois adolescentes, se pegando no carro ao invés de ir para nosso compromisso, eu amo isso sabia..." Eu concordei, segurando o labio entre os dentes, balançando a cabeça como uma criança arteira, eu também adorava nossos momentos.
"E eu amo você..." Ele avançou sobre meus lábios novamente, me fazendo esquecer que precisávamos sair daquele carro. Duas batidas na porta e nos soltamos, olhando para a janela do carro, Amaury abaixando o vidro.
"Oi Lari." Falamos juntos, pegos no flagra.
"Oi Lari? Oi Lari? Vocês estão aqui a quanto tempo? Vamos logo... Parece que quase não moram juntos e precisam ficar se comendo por aí! Anda saiam!" Nós rimos daquele mini surto dela, que parecia brava, mas tinha um sorriso no rosto.
Caminhamos para dentro do local com a ruiva contando algumas coisas sobre como estava a situação, a festinha seria apenas para os mais íntimos, umas quinze pessoas, já que contamos com os amigos e alguns de seus parceiros, Lari disse que Matheus já havia chego e estava se exibindo porque trouxe um rapaz com ele, isso significava que ele realmente acha que vou sozinho e queria se aparecer. Eu apenas revirava os olhos a cada nova fala da minha amiga, afinal aquilo era uma atitude completamente infantil da parte do homem, até mesmo nós não deveríamos nos preocupar com isso, mas Amaury insistiu, minha irmã e amiga acharam uma boa ideia também.
"Uau... Está lindo!" Comentei sobre a mini decoração que havíamos escolhido fazer e sobre as comidas organizadas nas mesas.
"Sim! Nós que organizamos..." Larri comentou rindo, olhei Amaury, que observava o local, a mão firme em minha cintura.
"Vem amor... Vou te apresentar as pessoas..." Falei o puxando, ignorei o olhar do loiro sentado em uma das mesas e fui apresentar Amaury a todos, meus amigos bem surpresos ao vê-lo, já que eu nunca havia apresentado alguém como um casal, apenas como amigo, nunca uma palavra diferente dessa, mas todos o trataram de forma educada e pareciam felizes com sua presença, felizes por mim.
"Amor... Esse é o Matheus." Comentei ao chegar na mesa do rapaz que já me olhava, um ruivo que eu não conhecia, sentado ao seu lado, nos observando também.
"Eai!" Amaury falou, me surpreendendo, eu esperava pelo menos uma falsa educação.
"Não precisa me apresentar Diego, ele já me conhece, pela reportagem sobre o beijo." Eu abri minha boca, chocado, o filho da puta não fez parecer que não houve beijo algum, fechei minha mão em punho, sentindo meu rosto ficar vermelho, enquanto via Matheus sorrir, convencido.
"Ahhh... Então era você... Eu não cheguei a ver a matéria, Diego havia me contato sobre um idiota bêbado na saída da balada, não me preocupei em saber o nome." Eu olhei Amaury, tão venenoso como nunca havia o visto, ele tinha um sorriso de lado e uma pose confiante que o deixava ainda mais sexy. Matheus fez uma careta de desgosto.
"Bom espero que isso entre vocês dure então..." Ele disse, dando de ombros.
"Isso? Nosso relacionamento?" Perguntei, completamente tomado por raiva, puto comigo mesmo porque tive coragem de colocar meus olhos sobre esse lixo. "Ah... Vai durar sim, não se preocupa... Eu vou fazer de tudo pra que aconteça, Amaury vale a pena." Comentei, meus olhos foram para o homem ao meu lado e eu acabei falando aquilo com doçura, não era uma declaração para Matheus, era pro Amaury mesmo, eu faria de tudo para que o que temos durasse.
"Eu te amo." Amaury disse, um selinho sendo depositado em meus lábios, eu corei com o carinho e o arrastei para longe dali, queria que ele tivesse contato com meus amigos, aqueles que gostam de mim e que são realmente importantes...

A festa passou rápida, Matheus ficou no seu próprio canto, isolado com o rapaz que se chama Lucas e o acompanhava naquela noite.
Meus amigos, Amaury e eu aproveitamos o máximo, demos muitas risadas e claro que o maior soube de algumas histórias vergonhosas minhas, mas eu estava feliz de mais com sua presença, com pessoas que eu tanto amo, para me importar com isso.
"Vamos embora?" Perguntei, já era uma da manhã e eu queria aproveitar minha família o máximo possível amanhã, Amaury sorriu, um pouco alto e concordou, nos despedimos de todos que estavam ali, Bianca dizendo que ficaria mais um pouco.
"Espera um pouquinho amor... Fica aí com sua irmã, eu só vou ao banheiro." Eu estranhei a seriedade repentina dele, porém resolvi apenas dar de ombros e continuar ali com Bianca, o maior indo rumo ao banheiro...
"O Amaury tá demorando, não?" Perguntei para Bianca um tempo depois, minha irmã seguindo meu olhar até o banheiro. "Acho bom eu ver se está tudo bem..." Comentei, quando fui andar, Lari me parou, puxando assunto sobre minha música nova e me distraindo de procurar o Amaury...
"Vamos?" Ouvi sua voz nas minhas costas e me virei.
"Você demorou..." Falei, vendo ele sorrir preguiçoso.
"Me desculpa..." Sorri e o beijei.

Especial Amaury~

Vi quando Matheus se levantou sozinho e caminhou rumo ao banheiro, avisei Diego onde eu estaria e torci para que o pequitito não viesse atrás de mim, caminhei calmamente e observei se o rapaz que estava com o loiro ainda estava por ali, quando o avistei perto das bebidas conversando como uma garota que eu não recordei o nome, fui rapidamente até o banheiro.
Entrei tranquilamente no espaço e vi a porta de uma das cabines fechadas, lavei minhas mãos enquanto cantarolava a música nova do Di, ele me mataria se soubesse que ando cantando ela por aí antes do lançamento.
"Ah..." Ouvi, assim que a porta da cabine se abriu e Matheus me viu. "Se não é a diversão da vez..." Eu apenas fechei a torneira.
"Você sabe que é mais que isso." Falei, olhando nos olhos do rapaz, através do espelho, ele lavava suas mãos e tinha um sorriso prepotente no rosto, aumentando mais ainda minha raiva. "Mas só vim te falar uma coisa..." Comecei, o rapaz se virando de frente para mim. "Eu não me interesso com o que você e o Diego foram, mas se você tem um pingo de amor próprio, você não fala, não olha e não chega perto dele!" Avisei, minha voz saindo baixa pela raiva que eu estava sentindo.
"Vai ter que falar isso pra metade de São Paulo, já que eu não fui o único que comeu aquela puta." Soltei um riso é impulsionei meu corpo pra frente, agarrando o colarinho do rapaz, tirando seus pés do chão e batendo seu corpo contra a parede do banheiro, sua cabeça fazendo um som estranho pelo impacto, enquanto Matheus gemia de dor e seus olhos se enchiam de lágrimas, mesmo com meus braços o mantendo no alto, o rapaz levou a mão até a cabeça, um pouco de sangue em seus dedos.
"Presta muita atenção, seu bosta! Se você abrir a boca pra falar qualquer coisa dele ou cruzar seu caminho... Vai ser a última coisa que vai fazer em um bom tempo. Então eu se fosse você ficava longe, bem longe!" Eu o soltei com tudo, o rapaz caindo de joelhos surpreso e provavelmente tonto pela pancada em sua cabeça. "Não queira testar sua sorte, lixo."
Virei as costas e saí, um pouco puto por perder o controle, eu não era o cara que batia nas pessoas, mas ele não podia falar do Diego daquela forma, continuei indo atrás do amor da minha vida e esquecendo aquele merda, Diego parecia me procurar com os olhos, mas não desconfiou da minha demora, aparentemente e fomos embora tranquilamente, não vendo mais Matheus, enquanto nos despedimos dos amigos do Diego.

EstelarOnde histórias criam vida. Descubra agora