Estelar

3/3 Estava escrito nas estrelas

Diego~

"Estava escrito nas estrelas
O que estava escrito na estrelas deve acontecer
Estava escrito nos céus
Que o coração e não os olhos deve ver"

Meus olhos se abriram devagar, um suspiro preguiçoso saindo da minha boca, enquanto minha mão procurava o corpo que deveria estar ao meu lado na cama, porém apenas encontrei o lençol gelado, bufei, odiava quando ele saia antes de eu realmente acordar, mesmo sabendo que era comum acontecer, olhei para o lado, observando o horário no relógio, chegando a conclusão que precisava levantar.
Fui para o banheiro, escovando os dentes com a letra da minha nova música na cabeça, entrando no banho com flashes da noite passada vindo em minha memória, conforme a água morna escorria pelo meu corpo.

As mãos grandes seguravam minha cintura, enquanto nossos quadris se chocavam, cada vez mais rápido e mais fundo, nossos olhos se encontrando vez ou outra, assim como nossos lábios, nossos pescoços com marcas de mordidas que na hora não importavam para nós, minha língua passeou pela tatuagem em seu peito, uma das minhas preferidas, enquanto seu pau surrava minha próstata repetidas vezes, me fazendo gemer alto, mesmo sem poder.

Respirei fundo, voltando a realidade, meu membro latejando, duro, pedindo por atenção, eu praticamente podia sentir a respiração do homem, enquanto levava minha mão para meu próprio pau, estimulando o mesmo, o apertando e desejando outras mãos no lugar.
Acabei me perdendo em uma névoa de lembranças e tesão, me masturbando até gozar, gemendo o nome que parecia tão atrativo em meus lábios, implorando para que ele aparecesse ali, mesmo sabendo que era impossível.
Me arrumei e desci as escadas do apartamento, observando a bagunça de malas e roupas, vendo a mesa com café pronta e um bilhete me desejando bom trabalho, a promessa de que mais tarde nos encontraríamos.

"Então se trouxer alegria
Ou se trouxer aflição
Deve acontecer
Agora de repente entendo
Você é a pessoa certa"

Sorri ao me sentar e ouvir um barulho, tirando de baixo de mim um ursinho em formato de lua, soltei um suspiro me perguntando o que aquilo fazia ali, eu não havia chego naquela caixa ainda, organizei meu café e me dei o direito de tomá-lo na sacada, aproveitei o momento raro de silêncio para observar o mar.
São Paulo era lindo, minha casa, mas o Rio, se tornou meu lar, voltar para ele, em um apartamento agora meu, estava sendo lindo, nostálgico e especial, observei o mar e o céu se encontrando, o sol das dez não estava insuportável ainda, talvez pela época do ano, o outono tinha algo especial.
Dirigir até o PROJAC não foi tão especial, eu agora tinha meu próprio carro e a necessidade de parar com o uso de uber, por isso estava entrando no estacionamento dos estudios globo, quase chorando de emoção, mesmo estando ali antes, aquela vez era especial.
Desci com minha bolsa, da coca-cola, talvez eu realmente precisasse de uma nova, quase chorando ao concluir isso, quando o zíper emperrou.
Caminhei pelos corredores, cumprimentando amigos e pessoas que eu não conhecia, enquanto mastigava meu chiclete ansioso, estar ali, significando muito mais para mim do que eu queria deixar transparecer.
Encontrei uma das moças que trabalhava na equipe de preparação dos personagens, a jovem simpática e alta, me levando para a sala, onde todos estariam reunidos para a primeira leitura.
Abri a maçaneta e entrei, atraindo alguns olhares.

"Bom dia, me desculpem o atraso, o trânsito estava horrível!" Comentei, vendo alguns rostos conhecidos, outros novos e ansiosos, mas apenas um ganhando mais que dois segundos da minha atenção e algumas batidas frenéticas do meu coração.
Amaury sorria, seus olhos brilhantes carregando um universo neles, observei o homem, que seria meu parceiro de cena, o Ramiro do meu Kelvin.

"Aqui, como num devaneio
Ao meu lado você está
Aqui com meus amanhãs
Em suas mãos"

As leituras começaram, sem eu ter a oportunidade de ir até o homem, mas seus olhos escuros não desviaram dos meus, eram um imã, seus dedos largos se mexiam como se tivesse ansioso, disperso, atraindo meu próprioolhar, para o objeto reluzente em um dos dedos.
Nossa vez de atuar chegou, um sorriso se formando em nossos lábios, nossa primeira cena na preparação, nosso primeiro contato com esses personagens.
Então aconteceu, tínhamos corações disparados, mãos suando e eu quase chorei quando ouvi a voz do Ramiro, algo se aquecendo em mim, a emoção e o amor tomando conta do meu peito com uma intensidade avassaladora.
Sorri, ao reconhecer que era Kelvin quem sentia aquilo, Kevin reencontrando seu amor, após algum tempo, era ele, desde o pensamento de como sentia falta da forma que Ramiro colocava as mãos em sua cintura e mexia a perna inquieto quando estava sem graça, até o calor de ver o corpo definido e a voz do peão.