Destino

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Que a gente estragou tudo
Porque pensamos tanto em ser perfeitos
E os perfeitos não sabem amar
Agente estragou tudo
P

or apontarmos tanto os nossos erros

E os erros vão sempre estar aqui
O destino deve estar nos olhando
C

om aquela cara de quem diz

"Eu tentei juntar vocês dois"
(Lucas Lucco)

Diego~

Eu encarava o comentário que Amaury havia deixado em uma publicação minha, comemorando o fato do nosso nome estar no Twitter, sorri bobo porque o homem havia escrito uma legenda fofa, deixando o resto do meu dia mais colorido apenas por ele existir em minha vida, ultimamente era assim, impossívelnegar que eu parecia mais feliz ao lado dele.
"Apaixonadinhooo... Você me deixou..." Val entrou cantando e me olhando, bloqueei o celular e revirei os olhos para a mais alta, acostumado com as zoeiras das minhas amigas com relação a meu não relacionamento.
"Para Val." Falei envergonhado e olhando para a porta, esperando que Amaury entrasse e dissesse que eu era maluco por ter me apaixonado, nós estávamos transando, sim, dormindo juntos, sim, se dando super bem? Também... Mas ele não dava um sinal de mais nada, não falava sobre sentimentos e eu não sabia o que aquilo significava para ele.
"Diego, você viu o jeito dele no insta e na sua vida? Ele tá caído por você também. Porque não diz a ele?" Eu suspirei, minha amiga e eu nos sentamos em um dos sofás que havia ali.
"Porque ele trata todos bem, e eu sou tantos anos mais novo e mais inexperiente, que tenho medo dele achar que sou louco." A mulher deu de ombros, fazendo um barulho com a boca.
"Diego, olha nos olhos dele, quando ele está interpretando o Ramiro com você, ele mostra amor? Pelo Kelvin?" Eu sorri, pensando na interpretação gloriosa do meu parceiro.
"Sim! Claro, fica nítido no olhar dele... O Ramiro realmente se apaixonou pelo Kelvin." Falei sorrindo, feliz por tudo que esses personagens tão importantes, em nossa vida pessoal e profissional, estão conquistando.
"Então, repara que quando o Ramiro sai de cena, o Amaury continua com o mesmo olhar, mas não pro Kelvin... Pra você Diego." Eu sorri, sentindo um calor em meu coração pelo apoio, que essas pessoas que se tornaram meus amigos, me davam, pela confiança que tentavam me mostrar, me incentivar a ter.
"Tem razão... Eu vou falar com ele." Foi o que respondi, esperando encontrar o mais velho por aí.
"Então, ele é tudo aquilo que parece?" Eu bufei.
"Não vou falar sobre isso!" Falei, cruzando os braços.
"Qual é Di! Por favor... Seu segredinho é lindo, só quero saber..." Ela disse rindo e eu não aguentei, sorrindo ao me lembrar das nossas noites juntos.
"Ele é, ele é tudo e um pouco mais." Confirmei, vendo Val abrir a boca, uma expressão de falso choque. "Tô todo apaixonado, chega a ser idiota."
"Uaaaaau...." Ela disse batendo palma, um barulho alto sendo ouvido e nos assustando, olhamos para trás vendo Amaury na porta, uma garrafinha de água no chão.
"Maury? Tudo bem?" Perguntei me levantando preocupado, já indo ao seu encontro.
"Tá, claro... Eu só... Eu... Desculpa interromper, volto depois." E saiu como um furacão, eu olhei assustado para a porta, o homem parecendo transtornado já havia sumido do meu campo de visão.
"Diego... Ele deve ter escutado..." Eu arregalei os olhos, era isso, ele havia escutado que eu estava apaixonado por ele e fugiu de mim. Eu deveria saber que isso ia acontecer, Amaury deixava claro em suas lives e entrevistas que não queria se envolver, porque não tinha tempo, com ninguém, quem dirá com um cara doze anos mais novo, meio maluco e que era completamente diferente, em meio a tristeza que eu sentia naquele momento, ao perceber que Amaury não queria nada mais que sexo comigo, também percebi que por mais que eu jurasse não ter expectativas sobre nós, ela estava ali, esperando em algum tipo de sonho que eu fosse ser correspondido, mas isso foi quebrado, pelo próprio.
"Escutou e fugiu... Ele nem me olhou..." Falei meio perdido, Val suspirou.
"Querido, converse com ele, pode ter sido apenas uma confusão, ou qualquer outra coisa." Foi o que ela disse, fazendo um carinho em meu ombro e com uma expressão de pena em seus olhos.
"Tá certa, vou tentar..." Falei, mas algo em mim dizia que Amaury ficou daquele jeito, porque ouviu o que eu dizia a mulher. "Obrigado amiga..." Disse dando um beijinho em seu rosto e indo para o set, após Ju, aparecer para me chamar.
O dia passou se arrastando, meus pensamentos longe de tudo e todos ao meu redor, só realmente me concentrava quando o assunto era atuar, afinal eu tinha que entregar um bom trabalho, precisava me concentrar e dar o meu melhor, por sorte, consegui fazer. Em momento algum encontrei Amaury, não tínhamos cenas juntos hoje, o que era um milagre, até mesmo o destino estava nos ajudando a ficarmos afastados. Quando saí troquei de roupa correndo, com esperança de encontrar o maior e conversar com ele, ia tentar explicar, assumir a responsabilidade de ter me apaixonado por ele.
"Cauã! Rafa!" Gritei vendo os dois andando e sussurrando um com o outro, eles me olharam, Cauã parecendo sério de mais. "Viram o Amaury?" Perguntei meio sem graça, por interromper os dois.
"Porque quer saber Diego?" Cauã respondeu, rude e eu recuei, nunca havia visto ele tratar ninguém assim.
"O que?" Perguntei sem jeito.
"Cauã!" Rafa o olhou e negou com a cabeça, me deixando ainda mais confuso. "Ele deve tá indo embora." Eu apenas concordei, com meus olhos ainda no Cauã, que cruzou os braços e me encarou, dei as costas, tentando entender o que esses homens tinham hoje. Corri para o estacionamento e quase morri de canseira, mas vi Amaury entrando em seu carro.
"Hey!" O chamei e o maior me olhou, ele soltou um suspiro, nenhum sorriso, nada.
"Quer uma carona?" Por mais que eu tivesse medo da conversa, decidi que a carona seria nossa melhor oportunidade de ficar sozinhos e aceitei.
"Claro... Quero." Ele apenas entrou no carro, comigo o seguindo, eu já havia feito isso tantas vezes, mas dessa vez parecia que eu estava entrando no carro de um completo desconhecido, Amaury saiu do projac como sempre, não havia música, não havia piadas, toques, ou até mesmo aquele silêncio confortável que sempre vinha quando estávamos perto de alguém que era íntimo da gente.
"Diego... Eu quero conversar uma coisa com você." Meu coração saltou, eu fiquei vermelho, fomos o caminho todo em silêncio e apenas agora que chegamos na rua de casa ele resolve abrir a boca, eu não consegui dizer nada, vim o caminho todo pensando na melhor forma de começar, mas não consegui. Minhas mãos tremiam quando o maior estacionou em frente ao prédio.
"Pode falar..." Respondi com a voz falhando, Amaury não me olhava nos olhos.
"Eu não quero mais isso, que tá rolando entre nós, não é pra mim." E estava ali, o fora da minha vida, não era o primeiro, eu tinha dedo podre pra relacionamentos, mas foi o que mais doeu e me preocupou muito esse fato. Como eu geralmente fazia, quando não conseguia lidar com a dor, apenas sorri e me virei pra ele.
"Seja homem e pelo menos olhe na minha cara!" Disse baixo, focando em toda a tristeza que sentia e a transformando em raiva, pelo menos agora.
"Pois bem." Ele se virou, me olhando. "Isso..." Ele apontou entre nós dois. "Não vai funcionar, não assim, não dá. Eu não consigo lidar com essa coisa toda..."
"Para! PARA! Que merda Amaury! Se vai fazer isso, faz direito!" Explodi, jogando as mãos para o ar e calando o maior, que arregalou um pouco os olhos, mas não os desviou de mim, eu tentava segurar as lágrimas, que quase nunca caiam, mas sabia que elas viriam, eu sentia meu rosto todo quente, provavelmente vermelho como uma pimenta, minha respiração ofegante como se estivesse corrido uma maratona, enquanto o homem em minha frente se mantinha calmo e inabalável.
"Então tá! Tá Diego! É por causa do seu jeito... Por causa do que eu escutei! Eu não quero isso pra gente, te dei todos os sinais e você não viu... Que merda! Eu achei que..." Ele parou.
"QUE O QUE AMAURY? QUE O QUE?" Perguntei desesperado.
"Não importa mais... Não é? Na verdade... Acho que nunca importou." Aquilo partiu meu coração em pedaços, que provavelmente nunca se recuperariam cem por cento novamente.
"Vai se foder." Falei e sai, batendo a porta do carro com força.

Oie.
Como vocês estão queridaas?
Bem?
Espero que sim.
Beijos

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