Idiota

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"Conhecia todos os teus jeitos de trapaça
Infelizmente eu caí
Me perdi no centro dessa cara bonita
É tão difícil de sair, mas tudo certo"
(Jão)

Diego~

Eu encarava a tela do meu celular a meia hora, não sabia se gritava de frustração ou chorava por conta do que havia acabado de ler e eu pensando que teria uma boa sexta... A mensagem era simples e direta, da pessoa que mais amo na minha vida e deixava um único recado, minha mãe, dizia nela que chegaria ao Rio às cinco da tarde, também dizia que estava feliz em saber que eu não trabalharia até tão tarde, já que iríamos jantar na casa da Fátima, FATIMA! A mãe do Amaury, em Niterói, as duas marcaram essa surpresa após a Live do maior. Ótimo.
"Porque tá com essa cara de bosta?" Eu encarei a Thati.
"Nossa você calada é uma poeta." Revirei os olhos, me jogando ao seu lado, estávamos no set do Naitandei.
"Nossa Di, que humor em..." Ela comentou, mas seus olhos mostravam preocupação por tudo o que eu estava passando.
"Humm..." Gemi, estralando o meu pescoço, a ansiedade por essa noite me corroendo desde ja. "Minha mãe e a mãe do Amaury, decidiram que seria um ótimo momento para um jantar entre nós... Traduzindo: hoje a hora que eu sair daqui, vou ir pra Niterói." Thati sorriu, contrariando a reação que eu esperava dela.
"Isso é ótimo! Vocês vão poder conversar." Foi o que saiu de sua boca, me deixando em choque.
"A gente já conversou, ele deixou tudo muito claro..." Falei cantarolando, irônico sobre a situação de merda.
"Qual é... Vocês estão parecendo dois fantasmas, algo de errado aconteceu aí." Eu suspirei e deitei minha cabeça no ombro da mulher.
"Não seja boba." Conclui, ouvindo meu nome ser chamado para que fosse gravar minha primeira cena do dia, me deixando levar pelo meu trabalho e jogando a vida pessoal para escanteio, eu não poderia deixar que isso atrapalhasse meu sonho.

Entrei no camarim correndo, feliz, muito feliz, porque simplesmente aconteceu uma coisa boa em minha sexta, minhas últimas cenas que seriam com Amaury, foram canceladas aquele dia, por conta de uma forte chuva no Rio, estava até mesmo pensando se daria sorte do jantar ser cancelado pelo mal tempo.
"Diego..." Ouvi uma voz conhecida me chamar e me virei, dando de cara com  dona Fátima e Amaury, o homem alto me olhava pela primeira vez essa semana e parecia extremamente sem graça, enquanto sua mãe tinha um sorriso bonito, ela me encarava com amor e naquele momento, consegui sorrir verdadeiramente, como se essa semana fosse uma invenção.
"Dona Fátima!" Falei feliz, indo até ela e a abraçando com carinho.
"Como você está meu menino?" Ela disse, se separando de mim e segurando meu rosto entre as mãos. "Você parece cansado... Está comendo direitinho? Não vi você nas ligações que fiz para Amaury nem um dia essa semana, fiquei preocupada." Eu sorri, dona Fátima e eu nos conhecemos na surpresa que o encontro preparou para nós, mas sempre que ela ligava para Amaury pedia pra falar comigo, então ela e eu tínhamos uma relação amigavel, eu a adorava.
"Pois é... O fim da novela, está me deixando cansado." Era uma desculpa de merda e pela expressão da mulher ela sabia disso.
"Pois é, acredito que sim, já que Amaury está igual." Foi sua resposta, eu quase revirei os olhos, se Amaury estava igual era realmente pelo fim da novela estar sugando nossas almas e não por ser um idiota apaixonado e rejeitado que nem eu.
"É... Mamãe, vamos pra casa? Você disse algo sobre ter que cozinhar..." Amaury dizia aquilo com paciência, como se tivesse medo que a senhora dissesse algo que não queria ouvir.
"Sim! E você Diego, tem que buscar sua mãe no aeroporto... Espero vocês as oito." Ela concluiu, seu filho abrindo e fechando a boca duas vezes.
"Como?"
"Você não sabe Amaury?" Comecei em um tom venenoso disfarçado de educação e simpatia. "Iremos jantar juntos hoje... Com nossas mães." Amaury olhou para a senhora sorridente, meu braço em volta do pescoço dela, que estava agarrada em minha cintura.
"Gostou filho? Como um encontro de família!" A senhora dizia tudo tão animada que eu não tinha coragem de fazer parecer menos do que aquilo.
"Eeeh..." Falei sorrindo para a mulher, que me deu um tadinha no ombro.
"Não seja chato! Esteja em casa... Amaury te manda o endereço." Foi o que ela disse, já saindo e arrastando o rapaz com ela, graças a Deus, pelo menos levou ele embora.
"A noite vai ser longa..." Murmurei para mim mesmo, me olhando no espelho.

"Um jantar mãe? Sério? Não tinha nada melhor? Que tal passarmos o Natal juntos? Ahhhh ia ser lindo... Já que estamos tão unidos e..." Eu reclamava dentro do uber, minha mãe e eu já rumo a Niterói.
"Quando vai parar de reclamar e me contar o porquê transar com o Amaury deu errado?" Ela me cortou, olhei para o uber, que por sorte não ouvia, ou fingia não ouvir nada.
"Não estamos transando." Sentenciei chocado por sua fala.
"Então estavam." Ela concluiu, me conhecendo tão bem a ponto de eu não conseguir mentir. "O que deu errado?" Ela perguntou, um suspiro saindo por seus lábios ao ver minha expressão murchar.
"Eu me apaixonei." Ela arregalou os olhos, um sentimento desconhecido por mim passando por suas feições.
"E onde isso é ruim meu amor? Fico feliz... Após seu último relacionamento, pensei que você não fosse se dar a chance de viver um amor..." Eu revirei um pouco os olhos, sabia da preocupação da mais velha e também tinha consciência de que ela era uma eterna romântica.
"Ele não corresponde." Falei, desviei os olhos para a estrada e em seguida para o GPS no painel do carro, havíamos chego.
"O que? Diego isso é..." O carro estacionou e eu cortei sua fala, sabendo que ela diria o que todo mundo já falou, que era impossível, que dava pra ver nos olhos dele...
"Tudo certinho?" Perguntei ao homem que sorriu e confirmou, nos despedimos agradecendo e saímos do carro, a casa era simples e parecia aconchegante, um jardim lindo na frente do portão e muito bem cuidado, davam um charme especial ao local, não consegui evitar imaginar Amaury ali, nos seus fins de semana com a família, ajudando a mãe com as tão amadas plantas dele. Sorri.
"Vocês chegaram!" Foi o que o maior falou, quando saiu após tocarmos a campainha. "Venham, entrem, mamãe está esperando." Ele disse dando um abraço em minha mãe, a mantendo firme ao seu lado como uma proteção contra mim. Idiota.
O jantar corria bem, até de mais, tudo estava tranquilo, mamãe e dona Fátima conseguiam fazer a conversa ficar entre elas e a comida era simplesmente maravilhosa, já que a senhora havia feito tudo o que eu gosto.
"E você Diego? Como vão as coisas?" A mulher com os cabelos castanho claro perguntou, eu sorri, colocando meu copo de suco sobre a mesa.
"Muito bem... Tem tanto trabalho..."
"Não! Não estou falando de trabalho, vocês trabalham de mais! Estou falando dos rapazes, da vida amorosa..." Eu arregalei os olhos, Amaury, que estava sentado em minha frente parando o garfo entre o prato e sua boca.
"Ahhh nossa, isso..." Dei um sorriso sem graça. "Uhhh mais parada que um poste." Respondi, olhei meu prato, como eu ia dizer que estava transando com o filho dela até alguns dias atrás? Impossível.
"Ah Dieguinho..." Amaury falou, me surpreendendo. "Conta pra elas do seu segredinho..." Eu o encarei, completamente confuso.
"Que segredinho?" Perguntei sem entender nada, o maior bufando, soltando o garfo e encostando as costas na cadeira.
"Que tal ver meu jardim?" Foi o que Fátima disse a minha mãe, que já se levantava, as duas saindo de fininho, porém não dei muita atenção a isso, focando na fala do maior.
"Sua paixão Diego..." Amaury falou, seu tom não era arrogante, nem frio, era baixo e parecia magoado.
"A gente tá falando a mesma língua?" Perguntei irônico.
"Qual é! Eu ouvi sua conversa com a Valéria e depois nossa conversa no carro também..." Eu arregalei os olhos, ele havia realmente escutado, mas não sabia que era sobre ele.
"Você é idiota?" Perguntei num rompante de coragem. "Eu estava falando de você imbecil!" Compartilhei meu sentimento me levantando da cadeira, pronto para sair da cozinha, dessa casa, de perto desse maluco, não fui rápido o suficiente, Amaury me parou, segurando meu pulso quando me alcançou já na sala da casa.
"Estava falando de mim?" Perguntou, a sombra de um sorriso em seus lábios, ele não podia ser tão babaca assim a ponto de rir da minha cara.
"Você e tão cego a ponto de não perceber que eu estou apaixonado?"

Aaaaaaah de surgir... uma estrela no céu toda vez que o'ces sorri...
Então? O que nos aguarda no próximo capítulo? Sugestões?
Beijos.
O próximo sai amanhã prometo!

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