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PONTO DE VISTA MATUÊ

— Obrigado novamente Fortaleza!

Saio do palco indo direto ao camarim, eu estava pingando e não gosto de falar com ninguém assim, suado.

Abro a porta e vejo Teto sentando no sofá, parecia estar puto.

— E aí irmão, achei que ia ficar lá do lado do palco comigo. — Me aproximo esticando a mão para cumprimentá-lo e ele somente me olha. — O que foi?

— Achei que você era mais inteligente, Matheus! — Se levanta, realmente estava puto só por ter me chamado pelo meu nome e eu não estava entendendo.

— O que aconteceu? Se não me falar, eu não descobrirei! — Cruzo os braços em sua frente já angustiado.

— A Beatriz está aqui!

— Onde? — Quase dou um pulo já olhando para todos os cantos do camarim.

— Bom, ela estava, mas agora foi para minha casa, estava aqui uma hora atrás e sabe porque não está mais? — Ele enfia as mãos nos bolsos sem saber como agir.

Minha cabeça começa a matutar em mil cenários do que poderia ter acontecido e assim que vem algo em mente, meu coração acelera.

— Isso mesmo, ela chegou aqui e estava lotado de mulheres quase peladas... Mandei todas embora, de quem foi essa ideia? — Passa a mão pelo rosto.

— Puta que pariu! — Abaixo minha cabeça passando a mão por todo o meu rosto, começo a andar de um lado para o outro. — A porra daquele homem trouxe essas mulheres aqui hoje, mesmo eu falando que não queria, na hora em que cheguei aqui estava lotado!

— Pois é, agora você se vira. — Teto abre a porta do camarim e sai.

Minha cabeça estava a mil pensando no quanto Beatriz poderia estar chateada por achar que eu queria algo com essas mulheres, mas é totalmente ao contrário. Eu não queria que eles viessem até aqui, eu pedi para Gabriel mandar elas embora, mas ele não fez.

Saio correndo atrás de Teto.

— Para onde você está indo? — Pergunto tentando alcançar ele.

— Para casa!

— Vou com você!

Ele dá de ombros e entra no carro, entro em seguida com o coração a mil. Fomos até a casa de Teto em completo silêncio, sei que ele estava chateado comigo, mas eu não tinha culpa.

— Até que sua casa é confortável... — Beatriz para de falar assim que saio de trás dele. Escutar sua voz me deixava molinho.

Ela estava sentada no sofá assistindo a um filme enquanto comia um hambúrguer com batata. Ela não merecia essa noite e eu fui o culpado.

— Onde você achou isso? — Teto perguntando surpreso apontando as batatas.

— Ué, eu comprei, achou que tinha isso aqui na sua casa? Aqui não tem nada! — Ela ri, me pegando de surpresa por achar que ela estaria soltando fogo pelo nariz.

Parecia que não estava tão chateada quanto imaginei ou ela é ótima em esconder o que sente.

— Caralho, tá hospedada e ainda reclama. — Ele passa por ela bagunçando seus cabelos e sobe as escadas nos deixando a sós.

— Beatriz... — Me sento ao seu lado no sofá.

— Tá tudo bem, Matheus. — Diz sem me olhar enquanto comia e assistia o que passava na tv.

Fico sem entender por alguns instantes.

— Você nem deixou eu explicar o que houve... — Tento contato com seus olhos, mas ela ainda não me olha.

— Porque não precisa Matheus, nós nem namoramos, então está tudo bem! Não precisa dar satisfação do que faz.

Ai, essa doeu.

— Não é bem assim, Beatriz... — Solto um longo suspiro.

— E como é? — Finalmente, ela se vira para mim e posso ver seu rosto por completo, inclusive sua boca, que tinha uma pequena gota de ketchup no canto.

— A gente está junto, sim, eu te devo satisfação, sim, não é assim que funciona só porque eu não te pedi em namoro ainda. — Explico e logo limpo sua boca rapidamente, deixando-a sem entender. — Sei que está chateada pelo que viu lá, mesmo não deixando transparecer. Deixa eu te explicar...

Ela balança a cabeça para eu continuar.

— Tem um cara que trabalha comigo na equipe, todo mundo já conhece ele pela fama de sempre andar rodeado de mulheres, baladeiro, só vive na farra. Ele me perguntou se eu queria que levasse algumas mulheres para mim e eu obviamente neguei!

— E mesmo assim ele levou? — Pergunta curiosa, mas ainda brava.

— Sim, quando cheguei lá, tomei um baita susto e pedi que ele levasse todas embora porque eu não havia permitido isso. — Solto um suspiro aliviado por conseguir contar a verdade.

— Entendi. — Ela vira novamente para a televisão.

— Não foi minha intenção te chatear, eu nem se quer sabia que você estaria aqui. — Solto uma risada nasalada. — Aliás, eu amei a surpresa, só que não queria que fosse assim.

— Nem eu, Matheus...

— Pode me dar um abraço se tiver me perdoado, mesmo eu não tendo culpa? Estou com saudades! — Abro os braços com um sorriso de lado.

Ela pensa por alguns segundos e larga a comida na mesa, vindo direto nos meus braços. Aperto forte, sentindo o cheiro dos seus cabelos, como eu amava isso, não faria nada para perder o que temos. Sou um boiola.

— Tá perdoado! — Ela diz, me fazendo rir. — Tá rindo do quê?

— De alívio. — Beijo o topo de sua cabeça. — Ainda dá tempo de recuperar sua noite?

— Claro, o que você quer fazer? — Pergunta curiosa.

— Vem! — Puxo sua mão, a fazendo se levantar.

— Mas meu lanche... — Fica desnorteada ao deixar a comida para trás.

— Leva, eu quero um pedaço!

Ela gargalha, me fazendo rir também.

O Demônio Veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora