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— Juliana, essa roupa está perfeita! Não entendo por que está tão nervosa ainda. — Reclamo com a garota dos cabelos longos e cacheados que estava impaciente no quarto comigo.

— Eu não estou nervosa devido à roupa, eu estou nervosa porque estou fazendo 25 anos! — Ela para por um segundo e me olha enquanto estou sentada em uma cadeira sendo maquiada por um profissional.

Hoje era aniversário de Ju, minha irmã, ela estava fazendo 25 anos e decidimos fazer uma festa para podermos comemorar. Estava tudo indo muito bem, a não ser ela que estava neurótica com a idade.

— Ju, vem, vamos arrumar seu cabelo, mulher! — Márcio, o cabeleireiro, chama a garota para se sentar.

Estávamos no nosso quarto, nos preparando para a festa que seria em um salão um pouco distante da nossa casa. Minha mãe, meus pais e meus outros irmãos, assim como nós, estavam se arrumando nos outros cômodos também.

Juliana preparou tudo como queria para seu aniversário, tudo da melhor qualidade possível, como diz ela. Até mesmo um show terá.

Minha maquiagem foi finalizada e eu já estava completamente vestida. Usava um colete preto com listras finas brancas, embaixo usava quase uma minissaia preta com um cinto e nos pés uma bota que chegava aos meus joelhos com salto plataforma. Para deixar com o toque de Beatriz, um óculos preto escuro. Está muito melhor do que vocês imaginam, eu juro!

Assim que todos ficam prontos, entramos na nossa van preta que iria nos levar até a festa. A família busca-pé estava em peso.

 Karla Marques, minha mãe, era a mais animada de todas, de longe a mais apocalíptica. Enquanto tocava uma música de sua época na van, ela gravava um story enquanto gritava horrores. Os filhos e o pai acostumados apenas riam da situação. Agora, ela ama o Instagram, as pessoas amam acompanhar a rotina dela por lá, realmente uma querida.

Meu pai, Marcelo, já acostumado com tudo, somente ria da esposa. Ele era calmo e sério, mas sempre tirava suas frases da cartola.

Eduardo, o filho mais calmo e o mais velho da família, estava quieto no canto enquanto mexia no celular, ele não parava de trabalhar.

Pedro era apocalíptico igual à mãe, adorava uma bagunça para contar história depois.

Juliana, vocês já sabem, muito afobada em tudo, mas sempre mantendo a postura de séria, mas atrás disso era um doce e muito inteligente.

Beatriz Marques, eu, uma mistura de todos os irmãos e pais com um toque de moda.

Assim, nós formamos a família que todos chamam de a família Cimed. Isso mesmo, sabe aquele remédio que tem na sua casa? É nosso! A família Marques é dona do maior complexo farmacêutico do Brasil, minha mãe Karla é vice-presidente da empresa e meu tio João Adibe é o presidente. Por isso posso dizer que somos uma das famílias mais ricas do Brasil.

— Chegamos! — Dona Karla grita ao perceber o lugar.

Descemos da van e caminhamos pelo tapete vermelho na entrada principal do local, que estava encantadora. 

Palácio Tangará era o salão mais lindo que eu já tinha visto, luxuoso, decorado com elegância e estava cheio de convidados. As pessoas começaram a notar nossa presença assim que entramos e começaram a vir até nós nos cumprimentarmos. Dei uma esquiva de todos e caminhei até o bar, era todo de vidro com luzes de led iluminando, realmente lindo.

— Tequila Pasión? — Pergunto ao barman, que se vira para pegar a garrafa. Ele a segura com todo cuidado e pega um pequeno copo, colocando uma pequena quantidade.

Viro o shot segurando para não fazer uma careta, essa tequila era realmente muito gostosa.

— Beatriz!

Escuto João Adibe me chamar e me viro procurando por ele.

— Oi, tio, como você está? — Pergunto, vendo-o se aproximar e me abraçar. Eu amava João Adibe, era como meu segundo pai.

— Estou bem, onde está sua mãe? — Ele roda os olhos pelo lugar, a procurando.

— Bem ali! — Aponto o dedo para o bar do outro lado. Dona Karla virava um copo com algum líquido, logo em seguida fazendo uma careta, nos fazendo rir.

— Ainda bem que quem vai cuidar são vocês. — João Adibe brinca. Nego com a cabeça e o vejo ir até ela.

Peço mais um drink no bar e rodo meus olhos pelo lugar em que eu estava encantada. Na frente do pequeno lago havia um palco bem estruturado para o show que Juliana morreria se não tivesse.

A festa foi ficando cada vez mais lotada, me juntei aos meus irmãos e ficamos comentando do look de cada pessoa que entrava na festa. Pedro não conseguia segurar a língua e eu não conseguia segurar a risada. Não estávamos zombando com a roupa de ninguém, mas Pedro comentava tudo de uma forma tão engraçada, filho da dona Karla mesmo.

— Gente, ele chegou! — Juliana chega afobada como sempre, apontando seu convidado mais que especial vindo até nós.

— E aí, rapaziada!

Seu sotaque mais forte do que nunca chegou primeiro que ele. Juliana o cumprimenta com um abraço longo demais que pude ver o rosto do homem bronzeado sem graça.

— Esses são meus irmãos: Eduardo, Pedro e Beatriz.

Ela aponta cada um de nós e ele nos cumprimenta um por um. Eu o fitava com os olhos semicerrados, não porque estava o julgando, mas sim porque eu não enxergava direito. Percebo-o se sentir sem graça e então paro de encarar, desviando meus olhos dos dele.

— Prazer! — Ele pega em minha mão e me cumprimenta, mas logo volta a atenção para Ju.

— Essa é minha mãe que você já deve conhecer, Karla Cimed. — Ele a cumprimenta sorridente e, em seguida, cumprimenta meu pai.

— Gostei do seu cabelo! — Karla comenta, fazendo Juliana ficar com vergonha. Seu cabelo era cheio de dreads, bem estiloso para o meu gosto.

— Estou muito feliz, obrigada por vir. — Ju diz toda sorridente.

— Imagina, pô, mo prazer cantar no seu aniversário! Está na hora? — Ele pergunta, tirando seu relógio brilhante demais por baixo do casaco, para olhar as horas.

— Sim, vamos lá!

Ma... Matuê. Que nome esquisito, seria esse o nome verdadeiro ou era somente artístico?

Fomos para frente do palco acompanhar nossa aniversariante no show de sua vida, estava fazendo 25 anos, mas parecia 12.

Karla, ao meu lado, gravava tudo durante o show. Eu e Eduardo ficamos ali observando, mas não conseguimos ficar parados, era contagiante a música, sabe? Não era ruim, só não era meu estilo, mas ele cantava super bem e tinha muita presença de palco.

Após ele solicitar a presença de Juliana no palco, ela sobe animada, a felicidade estava estampada em seu rosto. Cantamos parabéns para ela e logo o show se encerrou para continuarmos a festa.

— Grato aí, a família Cimed, foi um prazer cantar na festa de vocês! — Ele aponta para nós em frente ao palco. — Aliás, Cimegripe é muito bom!

Dona Karla dá um grito. Fica toda feliz quando falam dos medicamentos da Cimed. Minutos depois, volta Juliana, triste de que Matuê já havia ido embora, pois tinha outro show hoje mesmo.

— Ele me perguntou seu nome de novo. — Ju comenta comigo, enquanto pegávamos mais bebidas.

O Demônio Veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora