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— Marinex, você não pode dar essas ideias para minha mãe... — Chamo Mariana pelo apelido que minha mãe usava, enquanto elas gravam um vídeo para o Instagram.

— Todo mundo vai gostar, sua mãe além de ser empresária e bilionária, será famosa. — Marinex diz e minha mãe faz um hi five com ela.

Não consigo não rir da situação, minha mãe se preparando para gravar reels para o Instagram, animada.

Deixo as duas ali e saio do escritório descendo para o administrativo.

— Beatriz!

Ouço Júlia me chamar, então vou até a mesa dela que já me mostra uma foto no seu celular.

— Você é muito sortuda. — Diz empolgada, enquanto tento enxergar a foto no celular porque ela não para de se mexer.

Pego o celular de sua mão e dou um zoom na minha foto e de Matheus, na praia.

— O que tem? — Entrego o celular de volta rindo.

— Sou muito fã dele e vocês estavam juntos? — Se senta na mesa controlando a empolgação.

— Sim, ele passou o final de semana em Boa Vista conosco. — Me apoio em sua mesa também.

— Ai... — Suspira encantada. — Quando vai trazer ele para visitar a empresa?

— É uma boa ideia, posso pensar no seu caso. — Sorrio e ela fica mais empolgada ainda.

Ficamos mais alguns minutos conversando e depois me despeço. Continuo a andar pela empresa até dar meu horário de ir embora. Subo até a sala para pegar minhas coisas, despeço de todos vendo que só faltava minha mãe para ir embora na nossa sala, ela sempre deixa a empresa fechando e se brincar dorme aqui para trabalhar amanhã. Entro no meu carro e vou dirigindo até em casa.

O toque do celular interrompe a música que tocava em meu carro, logo atendo para cessar o barulho chato.

Oi?

— Gatinha, tá ocupada?

Ouço Matheus dizer e sorrio ao perceber que era ele.

Estou dirigindo, conta?

— Porra conta demais, cuidado aí depois te ligo.

— Agora fiquei curiosa!

— Quando chegar em casa me liga, melhor evitarmos acidentes, né?

— Combinado!

Então ele encerra a ligação, me deixando ansiosa e inquieta de curiosidade. Estaciono o carro na garagem e a primeira coisa que faço é ligar de volta.

Estou ouvindo!

— Não era nada, não, era só para saber se você tinha uma resposta do final de semana...

— Ai não acredito...

Dou uma gargalhada.

— Eu transferi a visita da fábrica para amanhã, está feliz?

— Porra!

— Mas você vai ficar me devendo uma visita na Cimed para seus fãs que habitam lá.

— Estarei lá quando você pedir!

— Ótimo.

— Ótimo.

...

Descemos do carro e entramos direto para o avião que nos levaria até Pouso Alegre em Minas Gerais, era onde nossa primeira fábrica ficava. Havia vindo com minha mãe, meu tio e meu primo, era basicamente os herdeiros.

Adentrei a grande fábrica da empresa de remédios que pertencia à minha família. Era um lugar grandioso, com corredores extensos e máquinas sofisticadas ocupando cada espaço disponível. O cheiro característico de produtos químicos e o som constante de equipamentos em funcionamento preenchiam o ambiente.

Visitamos as produções de remédios e cosméticos pontuando algumas coisas. Era muito legal ver cada comprimido de remédio caindo das máquinas, era como grão de arroz. Minha mãe sempre dava um jeito de pegar alguma coisa dos cosméticos e enfiar nos bolsos.

Após a visita à fábrica, nós fomos até a parte gráfica da empresa. Era um local movimentado, com máquinas de impressão de alta velocidade e funcionários concentrados em suas tarefas. O som repetitivo das impressoras ecoava pelo ambiente, criando um local de trabalho um pouco barulhento. Era a parte que eu mais gostava de visitar por achar interessante demais.

Conversei com alguns funcionários da equipe gráfica, sobre a imagem dos produtos. Eles falavam com entusiasmo sobre a importância da precisão e da atenção as máquinas que operavam. Era evidente que eles entendiam a responsabilidade de suas funções e se dedicavam a entregar o melhor resultado possível.

Após a visita à parte gráfica da empresa durante a manhã, nós seguimos para o refeitório da fábrica. Era um espaço amplo e aconchegante, com mesas e cadeiras dispostas organizadamente. O aroma delicioso da comida caseira flutuava no ar, nós amávamos almoçar ali.

Batemos um papo até dar a hora de voltar para São Paulo, nessa hora já estávamos todos exaustos, mas ainda teria um longo dia pela frente.

A tarde tivemos uma reunião com o Tik Tok. Sempre anoto tudo no notebook para não esquecer nada e depois colocar em prática com a Ju. Depois da reunião finalizei alguns relatórios e encontrei com minha irmã para irmos embora.

Eu estava morta.

No caminho contei para ela sobre Matheus ter me chamado para viajar com ela e amou a ideia, se fosse no meu lugar já teria dito sim sem pensar duas vezes.

Chegamos em casa e decidimos pedir uma pizza para jantar todos em família.

— Pai, qual seu filho preferido? — Pedro pergunta do nada, enquanto comíamos na sala.

Ele e minha mãe se olham dando risada da pergunta.

— Por que 4 filhos? Não podia ter parado em mim? — Eduardo aproveita o assunto e pergunta, já que ele era o mais velho. — Eu ficaria com a grana toda.

— Estou começando a ficar ofendida. — Digo.

— Não temos filho preferido! — Meu pai responde sério.

— Não tem? Tanto que quem herdará é a Beatriz! — Pedro reclama me fazendo gargalhar.

— Claro, vocês dois estão fazendo faculdade para seguir rumos diferentes, a Juliana continua perdida porque não sabe se fica na Cimed ou se termina a faculdade de publicidade. A Beatriz é a única que quer ficar na empresa para vida! — Dona Karla responde.

— Isso aí, mãe, gostei da defesa! — Faço um positivo com o dedo para ela. — Nada mais justo né? Só visitará a fábrica quem é herdeiro.

— Eu sempre vou lá... — Pedro me olha com deboche.

— Sempre vai lá pegar as coisas. — Lhe respondo com o mesmo tom.

— Pessoal... Vocês já têm mais de 23 anos. — Meu pai cansado da falação, diz.

Gargalho com a discussão, a verdade era que Pedro e Eduardo não ligava para essas coisas, mas sempre gostavam de implicar porque é irmão, né? Todos têm acesso ao mesmo dinheiro, ninguém é mais rico ou mais pobre, então não tem porque a discussão. Era apenas implicância.

— Beatriz contou que vai viajar quinta? — Juliana diz me olhando de rabo de olho enquanto pergunta para minha mãe.

Respiro fundo balançando a cabeça.

— Para onde? — Minha mãe pergunta confusa.

— Para o Rio de Janeiro ver o Matuê. — Dá uma risadinha ao explanar.

— Por isso você quis trocar o dia da fábrica! — Karla me olha brava.

— Viu, herdeira faz isso? Larga a empresa por homem? — Eduardo implica novamente e eu jogo o caroço de uma azeitona nele.

Continuamos ali na sala comendo a pizza como uma família feliz, eu amava isso, era uma sensação tão gostosa de estar com todos ali apesar das trocas de irmãos.

O Demônio Veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora