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PONTO DE VISTA MATUÊ

Está pronta? — Pergunto à morena que pegava o casaco em cima da minha poltrona.

— Sim, vamos. — Ela responde e sorrio leve olhando para ela.

Pego a chave do carro e deixo minha casa rumo ao hospital. Esse caminho havia virado rotina e eu o fazia sem prestar atenção. Ao chegar no hospital, não preciso me identificar, pois todos ali já me conheciam. Caminho pelos corredores com a mulher ao meu lado até chegar na porta do quarto de Beatriz, bato duas vezes antes de entrar.

— Oi, Matheus! — Karla abre a porta com um sorriso cabisbaixo. — Podem entrar, quando saírem, me avisa que eu volto.

— Pode ir para o hotel se quiser, eu fico aqui até o horário que puder. — Coloco a mão em seu ombro e ela respira fundo, concordando.

Após recolher suas coisas, Karla se retira do quarto e fecho a porta. Me aproximo da cama vendo Beatriz dormir profundamente, seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo que a enfermeira havia feito e vestia a roupa do hospital. Me apoio na cama segurando sua mão quente e macia.

— Oi, meu amor... — Deixo um beijo quente em sua mão. — Trouxe uma pessoa para te conhecer, sei que não é uma boa hora, mas não pude fugir do pedido dela. — Lhe olho sorrindo. — Essa aqui é Luciana, minha mãe.

Ela pega na mão de Beatriz, acariciando.

— Oi, querida, desculpe querer te ver dessa maneira, mas não pude deixar de sentir a dor do meu filho ao me contar sobre você, então precisava te conhecer... — Luciana sorri amigável, me fazendo sorrir mais ainda. O médico disse fazer bem conversar com ela. — Mesmo não te conhecendo, estou orando todos os dias por você, espero que fique bem logo, pois meu filho te ama muito.

Fico feliz com suas palavras, mesmo não sabendo se Beatriz nos escutava ou não.

— Ela é muito linda. — Minha mãe diz enquanto a encara com um sorriso e eu concordo. — Fique aqui, vou buscar nosso almoço, tá bem?

Minha mãe dá a volta na cama, deixa um beijo no meu rosto e sai do quarto, me deixando sozinho com Beatriz.

— Você realmente está muito linda. — Aperto sua mão. — Não sei se me ouve, mas preciso tanto que você acorde, eu preciso de você, entende? E tem outra coisa... Acho que sua família me odeia agora. — Solto um riso. — Não os culpo, mas estou dando meu máximo para você.

Me sento na poltrona ao lado de sua cama, não deixando de soltar sua mão, mas logo a porta se abre, me fazendo prestar atenção em quem seria.

— Matuê? — Um enfermeiro que ainda não havia visto entra na sala, me chamando meio confuso com meu nome. Confirmo com a cabeça. — Tem algumas pessoas lá de fora deixando flores na porta, acredito que seja para ela, caso queira ir até lá...

— Ok... — Concordo sem entender.

Caminho pelo corredor até chegar à porta do hospital e então posso ver algumas pessoas deixando flores em uma pequena mureta que havia ali. Por um momento, cheguei a pensar que Beatriz havia falecido e eu não sabia até uma garota se aproximar de mim.

— Oi, tudo bem? — Ela diz sem jeito. — Desculpa se tiver incomodando, mas sou dona de um fã clube seu e decidimos deixar essas flores aqui para dizer que estamos com você e a Beatriz!

Me sinto sem palavras por um longo momento.

— Posso te dar um abraço? — Pergunto e ela sorri, concordando.

Puxo a garota, a envolvendo em um abraçado apertado cheio de gratidão. Era muito foda pensar que meus fãs estavam fazendo aquilo por nós, nunca imaginaria.

— Muito obrigado pelo carinho. — Digo sem lhe soltar. — Posso levar as flores? Aposto que ela amará.

— Claro!

Despeço-me da garota e agradeço com um abraço, mais algumas pessoas que estavam ali e carrego comigo todas as flores que havia deixado ali, eram muitas.

— Sabe o que trouxeram para você? — Digo quando entro no quarto novamente. — Flores, acho que vai adorar, foram meus fãs que trouxeram... Nem tive essa capacidade ainda.

Deixo as flores em cima da mesa e me sento ao seu lado.

— Mas eu ainda vou trazer flores para você, é que ando tão avoado que ainda não pensei nisso. — Explico.

A porta se abre novamente e minha mãe aparece com as comidas em mãos. Almoçamos, nós dois ali enquanto conversávamos coisas aleatórias para se distrair.

— Você vai dormir aqui? — Minha mãe pergunta e eu concordo. — Tudo bem, vou indo então, vai me falando qualquer coisa.

Despeço-me de minha mãe e começo a arrumar a cama que havia ali no cômodo. Era um quarto de hospital bem grande, também um dos mais caros, tanto que o acompanhante possui um quarto com cama e banheiro.

Após tomar um banho no banheiro que havia ali, caminho até sua cama para dar uma última verificada.

— Boa noite, meu amor, espero que quando eu acorde você já esteja acordada, podemos combinar assim? — Passo minha mão pelo seu rosto e deixo um beijo em sua testa.

...

Escuto um barulho de aparelho apitando e levanto rapidamente, saindo do meu quarto, corro até Beatriz e o barulho vai ficando mais alto quanto mais aproximo. Ela mexia os olhos muito rápido e suas mãos também, desesperado, apertei o botão para chamar os médicos.

— Beatriz? — Seguro seu rosto desacordado, tentando entender o que estava acontecendo.

Os enfermeiros chegam correndo na sala e, ao ver o aparelho apitando, começam a retirar alguns fios dela.

— Pode deixar a sala por um momento, por favor? — Um dos enfermeiros me pede e eu apenas concordo, saindo da sala rapidamente.

Me sento na cadeira ao lado da porta, tentando me cobrir ao máximo, já que eu usava somente uma bermuda, não conseguia dormir com camiseta.

Minha cabeça vai a mil pensando no que poderia estar acontecendo lá dentro.

O Demônio Veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora