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S/N SINGER

O chão era duro e extremamente gelado. Quando amanhecer o dia, provavelmente irei me levantar com dor nas costas.

Porque para eu acordar, primeiro eu precisaria dormir. Cochilei por, no máximo, uma hora e depois não consegui pregar mais os olhos.

E não era só falta de sono, meus pensamentos que não conseguiam parar um instante. Afinal, como parar? Minha vida literalmente mudou em algumas horas. Eu tinha... medo do que aconteceria. Mas, sempre que isso acontecia, procurava me lembrar das palavras de Lúcia: "se você está aqui, é porque existe uma razão para ser chamada". De certa forma, suas palavras me confortam um pouco.

Olhei para os lados, e notei que Lucy e Susana dormiam de forma serena, com uma respiração tranquila. Aparentemente elas estavam tendo sonhos bons. Sorri ao pensar nisso.

Simplesmente cansei de ficar deitada, e me levantei, ficando de pé, descalça, no chão gelado. Um arrepio me subiu a espinha. Não calcei meus sapatos, porque certamente fariam barulho e atrapalhariam seu sono calmo.

Então, tentei deixar o lugar com cuidado, fazendo o mínimo de barulho possível.

Como será que cabe toda essa gente aqui dentro? Ah, quer saber, se eu for parar para tentar entender este lugar, minha cabeça explode.

Eu sinceramente não sabia para onde estava indo, apenas... fiquei curiosa, minha mente estava inquieta e minha ansiedade estava atacando.

Cheguei em uns degraus, no fim do estreito corredor, e vislumbrei o local por onde entramos. Mas, eu automaticamente parei quando percebi que não estava sozinha.

Pedro estava sentado em um tronco de madeira, com uma fogueira a sua frente e de costas para mim.

"É melhor eu voltar, ele parece querer um tempo sozinho", pensei. No entanto, quando me virei para voltar ao meu "quarto", eu ouvi sua voz ecoar pelo enorme cômodo silencioso.

— Quem está aí?— questiona, estranhamente calmo.

Meu coração deu um pulo. Como ele percebeu? Eu andava de pontas de pé, para fazer o mínimo barulho possível.

— Uau, como você sabia que tinha alguém?— Me aproximei lentamente dele.— Sou eu, S/n.

— Eu acho que tenho os sentidos meio apurados.— ele afirmou, soltando uma risada nasal.— Pelo menos é isso que Lúcia sempre fala.— Neste momento, ele finalmente olhou para mim.— Quer me fazer companhia?

— Ah, sim, obrigada. Está bastante frio.— falei, enquanto ele abria um espaço ao seu lado, para que eu me sentasse. Assim que senti o calor das brasas quentes perto da minha pele, suspirei aliviada.

— Perdeu o sono?— questionou ele, depois de um curto período de silêncio.

— Sim.— fiz uma pausa, enquanto encarava o fogo a nossa frente.— Simplesmente tem tantas coisas na minha mente... muita coisa para assimilar ao mesmo tempo.

— Sei bem o que é isso... eu também perdi o sono.— afirmou ele, olhando para frente também.— Eu me sinto pressionado, sabe? Sei que todos estão com altas expectativas em mim, e acho que... estão perdendo as esperanças de que tudo isso melhore.— Abaixou a cabeça.— Sinto que não estou sendo suficientemente bom.— neste instante, o encarei.

— É meio que, pelo fato de todos esperarem muito de você, você coloca pressão sobre si mesmo para impressioná-las e não errar.— Quando finalizei a frase, ele me olhou nos olhos, mas eu rapidamente olhei para baixo.

— Sim, exatamente. Você realmente conseguiu me entender, sem eu precisar dizer muito.

— Apenas me coloquei no seu lugar, porque meio que vivencio isso na minha rotina. Eu realmente te entendo. Mas, se eu pudesse te dar um conselho, seria: faça o seu melhor. Se auto-pressionar só vai te deixar mentalmente doente. Ignore essas vozes que dizem que você não é suficiente, porque não são verdade. Você já fez tanto, Pedro.— afirmei, tentando tranquiliza-lo.— As meninas me contaram da sua importância na primeira aventura que tiveram. Você ama este povo, isso é notável.— tentei soar o mais calma que consegui, e novamente voltei meus olhos pra ele.

flipped.- Edmundo Pevensie & S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora