twenty five

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S/N SINGER

Havia se passado um mês desde que recebi as cartas dos Pevensie, e enviei respostas para eles.

Lembro-me como se fosse hoje eu correndo para o banheiro da escola, me trancando em uma cabine e escrevendo rapidamente respostas para os quatro. Eu simplesmente não conseguia esperar chegar em casa para fazer com calma, necessitava fazer isso logo.

Escrevi na mesma ordem que recebi os envelopes, propositalmente deixando a carta para Edmundo por último, porque eu sabia que seria a mais dolorosa de escrever.

Eu escutava, vez ou outra, vozes do lado de fora, indicando grupinhos de meninas que vinham fofocar e se olhar no espelho antes de irem para suas salas. Tentava ao máximo não perder a concentração.

"Querido Ed,"

Odiei, que brega. Isso não soaria nada parecido comigo. "Argh", amassei a folha e arranquei outra.

Acho que gastei umas três folhas para conseguir fazer uma carta que me agradasse para Ed.

Edmundo,

Você não tem ideia do quanto meu coração se encheu de alegria ao receber a notícia da chegada desta carta. Têm sido muito difícil não poder te ver todos os dias, logo depois do nosso relacionamento ter melhorado.

Estou muito feliz em dizer que voltei para a Igreja, e estou levando minha melhor amiga para os cultos comigo. Tudo o que passamos com Aslam mudou muito a minha vida, e minha percepção sobre Deus. Acho que nunca chegamos a conversar sobre fé. Quero muito saber sua opinião sobre isso!

Sinto muitas saudades suas, e de todos os outros. Já sonhei com você umas três vezes esta semana. Espero que também esteja sonhando comigo:)

Sobre sua lanterna: muito a sua cara! Mas não se preocupe, acho que voltaremos logo. Caso não, quem sabe no Natal eu apareça aí e te dê uma de presente? Enfim, talvez eu use isso como uma desculpa para ver você.

Eu te amo, e espero que você não se esqueça de mim como prometeu.

Com amor,
S/n Singer.

Quando as letras formaram um "eu te amo" no papel, não aguentei, e caí em lágrimas. Só realmente me dei conta quando vi uma lágrima solitária se espelhando num cantinho do papel, molhando algumas letras.

"Droga". Pensei. Mas antes que eu pudesse modificar, o sinal tocou. Acabei deixando assim mesmo, e dobrei a carta, guardando em uma pasta. Então, passei o resto da manhã inquieta, esperando o sinal da saída, para colocar as cartas em um envelope, e levá-las ao correio internacional.

Neste exato momento, eu estava deitada na cama, pronta para dormir, enquanto encarava o teto e relembrava mais uma vez daquele dia. Estava inquieta, porque já havia se passado um pouco mais de um mês e eu não tinha recebido nenhuma resposta. Por acaso demoraria tanto assim para eles responderem?

Se demoraram 15 dias para receberem, e 15 dias para as respostas chegarem até mim, acho que já daria tempo de eu ter recebido uma resposta, certo? Será que coloquei o endereço errado? Eu conferi umas cinco vezes se o endereço coincidia com o que eles escreveram na carta. Mas, será? Balancei a cabeça, afastando esses pensamentos e lutando contra a vontade de mandar outras cartas.

Essa distância toda estava acabado comigo. Me doía não poder chamar o nome de Lucy, e ela não vir saltitando falar comigo. Me doía ir até a cozinha de madrugada, e não encontrar Pedro para termos nossos costumeiros papos. Me doía ir para o tênis, e no aquecimento Susana não estar me incentivando. E, principalmente:

flipped.- Edmundo Pevensie & S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora