twenty two

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S/N SINGER

Fiquei sem saber como reagir quando Pedro me chamou para dançar, quando vi a cara fechada de Edmundo nos encarando. Eu naturalmente aceitaria, já que ele é um dos meus melhores amigos. Mas... agora às condições seriam outras.

No entanto, no final das contas, acabei aceitando. Eu confesso que estava meio tensa e sentia os olhos de Ed queimar minhas costas. Mas a tensão logo foi embora quando Pedro começou a fazer piadas sobre mulheres demorarem tanto para se arrumar.

De fato, desde a hora da coroação, passamos o tempo inteiro trancadas no quarto de Susana, enquanto testávamos penteados, e algumas técnicas de maquiagem. Honestamente, não era para meu cabelo ficar solto. Mas a trança que Su estava fazendo no meu cabelo deu errado, e como estávamos em cima da hora, tivemos que correr para tentar arrumar.

Mas este é um detalhe que ele não precisava saber.

Comentamos sobre Ripchip dançar com uma pequena ratinha ao longe, enquanto ríamos um pouco.

Mas fomos interrompidos quando chegou a hora de Pedro me girar para outro homem. Não sabia que era assim que funcionava as danças em bailes de reis e rainhas. Antes de eu me afastar dele, ele contou sobre a era de ouro, os anos que passaram morando e governando Nárnia. Era uma tradição.

Assim que dei de cara com o meu próximo par, arregalei os olhos, assustada.

Este era aquele homem que estava ao lado de Miraz na hora do duelo. Ele era o general do exército telmarino. Automaticamente, enrijeci. Mas então, voltamos a seguir os passos da dança. O homem pareceu notar minha tensão, porque a cada passo, notava ele me fitar, como se tentasse me reconhecer.

— Escute, menina. Eu não quero fazer mal a você.— Ele disse, enquanto me girava.— Se quisesse, já teria feito. E mais: não adiantaria fazer algo aqui com toda a guarda real nos encarando, certo? Eu não tinha... tantas opções quanto aquilo.— Afirmou, referindo-se à guerra.— Eu tinha, e ainda tenho, um enorme apreço por Caspian, tanto que quando tive a oportunidade, não o matei. Naquele momento, era Miraz que mandava. Não tinha muito o que eu pudesse fazer.

Absorvi suas palavras cautelosamente, enquanto permanecia em silêncio, tentando formular uma resposta. Quando o encarei, percebi uma cicatriz bem próxima ao seu olho direito. Ele me encarou também, e então pude ver seus olhos. Eles não me pareciam mentirosos.

— O que importa é que agora já está tudo bem. Você não me deve explicações. Suas chances de mudar já começaram. Afinal, não se pode mudar o passado.— Afirmei, depois de algum tempo em silêncio. O general me encarou por alguns instantes, enquanto surgia um sorriso quase que imperceptível em seus lábios.

E então, ele me girou para outra pessoa. Eu não conhecia o homem, ele era jovem, ruivo e parecia ter minha idade. O garoto me conduzia silenciosamente, com certa gentileza nos lábios. Não troquei nenhuma palavra com ele, mas acabou que foi agradável.

Novamente, me giraram para outro homem. Assim que o encarei nos olhos, percebi que aquele olhar eu conhecia bem. Os olhos caramelados encarando profundamente os meus, enquanto seus fios pretos pediam um pouco para frente.

Automaticamente, meu coração errou algumas batidas. Tentei não deixar aparecer o nervosismo, enquanto ele parecia tentar formular uma frase em sua cabeça, que depois de algum tempo acabou saindo.

— Por que aceitou dançar com Pedro?

Aquela pergunta me surpreendeu um pouco. Pisquei algumas vezes.

— Porque ele me chamou primeiro. O que queria que eu dissesse?

— Que dissesse não, então.— Edmundo respondeu, fechando a cara.

flipped.- Edmundo Pevensie & S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora