twenty three

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S/N SINGER

Despertei com os raios de sol entrando pela janela da sacada, e sentei na cama, meio zonza.

Prendi o cabelo com um elástico que estava no meu pulso, e caminhei lentamente até o espelho da penteadeira. Apesar de ter dormido de qualquer jeito, eu estava me sentindo incrivelmente linda hoje. Suspirei, alegre.

Fui ao banheiro, fiz minhas higienes matinais e depois fui ao guarda roupas procurar por alguma peça que me servisse. Peguei um vestido que tinha uma saia rosa clara, e algumas borboletinhas delicadas a rodando. A parte de cima era branca e as mangas longas.

O olhei, admirada e logo o vesti, meio desajeitada. Alguns instantes depois que vesti minha roupa, pude ouvir algumas batidas suaves na porta. Ainda de costas, gritei um "pode entrar", enquanto arrumava a saia no meu corpo.

Mas logo parei o que eu estava fazendo quando senti braços fortes abraçando minha cintura. Sorri, ao reconhecer o cheiro do perfume.

— Bom dia. Dormiu bem?— Perguntou a voz de Ed, ainda abraçado comigo.— Eu fiquei preocupado ontem quando Susana disse que você não estava passando bem. Está melhor?

— Estou.— soltei uma risada nasal.— Eu só estava com uma enxaqueca forte.

— Eu iria vir aqui ontem te ver, mas pelo horário, pensei que seria melhor você descansar.

— Nunca descansei tanto quanto ontem.— Afirmei, pensativa, enquanto ele me virava para encara-lo.

— Que bom.— Ele sorriu.— Você quer passear um pouco? Todos estão dormindo ainda.

— Seria ótimo.— disse, enroscado meu braço no de Edmundo, enquanto ele nos conduzia para a porta.

Descemos a enorme escada de mármore, enquanto cumprimentamos alguns guardas pelo caminho. Então, ele me conduziu para o jardim do palácio.

Havia uma variedade enorme de plantas, e era muito aconchegante. Era até um pouco estranho a julgar pelo seu antigo morador. Definitivamente, era enorme. Podia imaginar facilmente um pequeno Caspian correndo por estes campos floridos ou até mesmo brincando de esconde-esconde. Sorri com o pensamento.

— Por que está sorrindo?— Questionou Edmundo, fazendo-me encará-lo.

— É enorme. Se eu fosse criança e morasse aqui, eu passaria horas correndo em meio a estes caminhos floridos.— Sorri, com o olhar distante.— Minha infância foi um tanto difícil. Não tínhamos lá tantas condições, e posso lembrar da minha mãe chorando pela dificuldade no seu empreendimento em meio à guerra e crises.

— Ah, sim. Eu também. Sabe, quando meu pai foi para guerra, eu sofri muito. Tivemos que ficar afastados da nossa mãe por muito tempo. Você deve saber que naquele período a Inglaterra não era um lugar seguro para se morar.— Ele desviou os olhos de mim, e piscou algumas vezes.— Morávamos em Finchley. Teve uma vez que alguns estrondos de guerra acertaram nossa casa. Foi horrível. E então, algumas famílias do interior começaram a oferecer abrigos para proteger as crianças da cidade dos danos da guerra. Foi isso que nossa mãe fez.— Ed sorriu, com um olhar distante.— Mandou-nos para a casa de um professor, um senhor de idade. Ele era uma boa pessoa. E mais: foi lá onde Lucy descobriu a existência de Nárnia, e nossas vidas mudaram para sempre.

Toquei seu ombro, fazendo-o voltar a atenção para mim.

— Grandes aventuras já vivemos, não é? Seja em Nárnia, ou até mesmo na nossa vida diária.— Disse, e ele maneou a cabeça com um pequeno sorriso.— E em cada uma delas, sejam boas ou ruins, adquirimos aprendizados e experiências.

Ele tocou a minha mão que repousava no seu ombro, e a segurou, me encarando.

— Nunca imaginei isso... dessa forma.

flipped.- Edmundo Pevensie & S/nOnde histórias criam vida. Descubra agora