07. Terror

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A respiração ofegante de Maya ecoava pelo quarto fechado, o homem sentado na cadeira olhava a garota por todo o tempo, ela repetia pra si mesma o tempo inteiro " Não seja o que ela fez com a Maggie, não seja isso..."

—O que você quer de mim? Eu não sei de nada — Maya falou e o homem mordeu o lábio como se pensasse no que iria falar. — Eu não sou tão importante pra Alexandria assim.

—Eles passaram dias procurando você, meus homens vigiaram cada passo deles, um Grimes veio sozinho e desarmado atrás de você e por você, eu vou terminar o que comecei com Rick Grimes.— Maya gargalhou involuntariamente e de resposta, recebeu um tapa em seu rosto.

— Você não vai conseguir— Ela falou colocando a mão em seu rosto sentindo arder.

— Vamos ver. — O homem fez silêncio e puxou Maya pelo braço tirando ela do quarto, fazendo com que ela olhasse a sala ao lado, os homens dele estavam agredindo o Carl.

— Não, para, não faz isso, eu sinto muito pela sua filha mas foi eu, eu que trouxe eles para woodbury — Maya falou desesperada e o homem olhou sem entender e virou ela pra ele.— Mas ela já estava morta!

—Minha filha?— Perguntou com os olhos fixos na garota— Como você sabe sobre a Penny? Eles sabem sobre a Penny?— O homem gritava apertando os braços dela com força e foi quando ela entendeu que a luta entre os dois grupos, não foi o motivo da série.

— Não, eu só... eu só imaginei que fosse isso, você disse que... vocês pegaram o Carl, eu só chutei que fosse algo assim — Mentiu e torceu pra ele acreditar.

Maya foi arrastada novamente no quarto e jogada na cama com brutalidade, o desespero tomou conta de todo o ser dela no momento em que o homem trancou a porta.

Carl estava sozinho finalmente na sala, seu corpo estava dolorido mas ele não iria se render aos desejos do governador. O silêncio opressor era quebrado apenas pelo som distante dos gritos desesperados que pareciam ecoar pelos corredores.

Seu coração começou a bater mais rápido à medida que os gritos se tornavam mais audíveis, uma agonia crescente. Uma sensação familiar e assustadora o envolveu quando ele reconheceu a voz desesperada como sendo a de Maya.

— Não, não pode ser... — Carl murmurou consigo mesmo, com dificuldade se levantou indo até a porta tentando abrir ela. O desespero tomou conta dele enquanto ele imaginava o que poderia estar acontecendo com Maya naquela outra sala.

Impotente, ele escutava cada grito, cada eco angustiante. As dores de seu corpo pareciam ter sumido, por mais que ele implicasse com Maya, ele sabia que gostava dela mesmo sem entender como ou de que forma.

Os gritos continuavam, ecoando na escuridão, enquanto Carl se via preso, seu coração apertado pela angústia de não poder proteger ela.

Ele nem percebeu que estava chorando e gritando pelo nome da garota, a porta se abriu algumas horas depois e a ruiva foi jogada dentro da sala junto com Carl.

Assim que a porta se fechou, o som externo diminuiu gradualmente até que restou apenas um sussurro abafado do choro de Maya. Carl, ciente da fragilidade de Maya naquele momento, se aproximou com cautela, seus olhos transmitindo uma preocupação sincera. Ele estendeu os braços, oferecendo um abraço.

Maya, tremendo e com os olhos ainda cheios de temor, hesitou por um instante. Carl, paciente, começou a falar em voz calma, compartilhando palavras de conforto e segurança.

— Eu não vou te machucar — Carl falou se ajoelhando na frente dela— Você sabe que pode confiar em mim.

Ele não forçou o contato físico, mas permitiu que suas palavras atuassem como uma ponte de confiança.

Aos poucos, os soluços de Maya diminuíram, e ela levantou o olhar, encontrando no olhar  de Carl um refúgio de compreensão. Se sentindo gradualmente mais segura, ela cedeu ao abraço. Carl envolveu-a com gentileza, proporcionando um porto seguro para ela se ancorar no meio da tormenta emocional.

—Foi horrível— Ela sussurrou depois de muito tempo em silêncio.

—Ele... Ele...— Carl não encontrava coragem para perguntar pra ela.

—Não, não completamente mas ameaçou e me machucou— Respondeu ela esticando os braços que estavam cheias de marcas das mãos dele.

—Eu sinto muito, Maya, não vou deixar ninguém mais te machucar— Abraçou ela com força e ela enterrou o rosto no pescoço dele e suspirou.

Maya e Carl trocaram olhares determinados, cientes de que a oportunidade para escapar estava ali, naquela sala sufocante. Silenciosamente, começaram a elaborar um plano, sussurrando ideias conspiratórias enquanto mantinham os ouvidos atentos aos passos dos homens do governador do lado de fora.

Com gestos furtivos, decidiram usar a improvisação a seu favor. Vasculharam a sala em busca de objetos que pudessem ajudar na fuga, encontrando uma cadeira que poderia ser usada como distração. Com rapidez, elaboraram um plano simples, mas astuto.

Quando a porta finalmente rangeu, os homens do governador entraram confiantes. No instante certo, Maya e Carl agiram como se estivessem em desespero, aproveitando a surpresa para desferir um golpe preciso com a cadeira. Um dos homens foi nocauteado instantaneamente, enquanto o outro reagiu, mas Carl conseguiu contê-lo temporariamente.

A adrenalina impulsionou a ação. Maya pegou as chaves que estavam no cinto do homem caído, enquanto Carl, mesmo em meio à luta, conseguiu desarmar o outro com um movimento ágil. Juntos, aproveitaram a janela de oportunidade, escapando pela porta agora aberta.

O corredor se estendia à frente, e eles correram em direção à liberdade. Sabiam que o tempo era crucial, e cada passo era impulsionado pela urgência de escapar do jugo opressivo do governador. O plano improvisado havia funcionado, deixando para trás os homens desacordados, enquanto Maya e Carl traçavam seu caminho rumo à resistência e à esperança.

Estavam vendo a saída, era madrugada e eles não sabiam oque fazer com os seguranças do local, em um canto vazio decidiram pular o muro mesmo que ele fosse alto, valia a pena arriscar.

— Vai você primeiro— Carl disse ajudando Maya a subir e então ouviram gritos dos homens do governador.

—Vem Carl, vamos— Ela gritou de cima do muro e ele negou com a cabeça.

—Trás o meu pai, Maya— Falou antes de correr atirando em direção aos homens, Maya pulou do muro sentindo o braço doer mas correu sem parar, ela precisava ajudar o Carl.

Wake Me Up • Carl Grimes Onde histórias criam vida. Descubra agora