Maya Matthews.Lydia permanecia ali, parada e silenciosa, enquanto eu, com a adrenalina pulsando em minhas veias, examinava cada detalhe do seu rosto. Seus olhos eram o ponto de partida, profundos e cheios de uma expressão que eu não conseguia decifrar completamente. Era como se um universo inteiro se escondesse por trás daquele olhar inexpressivo.
Os cabelos escuros caíam sobre os ombros dela, como uma cortina que ocultava parte dos seus pensamentos. Uma cicatriz fina marcava a lateral do rosto, uma história não contada que me instigava a perguntar o que ela já havia enfrentado.
— Sua mãe sabe que você tá aqui? É óbvio que ela sabe... — Minhas palavras escapavam nervosas enquanto eu lançava olhares inquietos para os residentes de Alexandria, esperando por uma reação, por uma explicação. — Jesus, cadê Jesus?
Carl, que se aproximara diante da minha agitação, me olhou confuso.
— O que? — Ele questionou, percebendo meu estado de nervosismo.
— Jesus, cadê ele? Está em Hilltop? Perai... Vocês sabem quem é ela? — Gritei, apontando para Lydia, a adolescente ao meu lado. O silêncio que se seguiu foi perturbador, nenhum dos presentes ousou responder. — Droga, Carl, ela vai vir atrás da gente, a mãe dela vai matar a gente.
Lydia permanecia impassível, como se a minha preocupação fosse algo distante. Entretanto, sua presença ali era um enigma, uma peça fora do lugar que ameaçava a paz que tentávamos manter em Alexandria.
— Maya, precisamos entender o que está acontecendo. — A voz de Carl tentava trazer alguma racionalidade à situação, mas minha mente continuava a girar em busca de respostas.
Através da confusão e do nervosismo, fixei meus olhos novamente em Lydia. Ali, diante da incerteza, senti um pressentimento sombrio se insinuar, como se estivéssemos prestes a enfrentar algo maior do que podíamos imaginar.
—Ela é filha da Alpha, a Alpha lidera um grupo de pessoas que se vestem de zumbis e caminham com muitos zumbis, uma horda inteira com mais zumbis do que podemos contar— Expliquei para Carl que me olhou como se eu fosse louca— Eu estou mentindo, Lydia?
Pela primeira vez, eu sabia que estava saindo da linha, eu sabia que estava usando o que eu sabia sobre a série mais do que eu costumava e estava deixando bem claro mas eu lembro do terror dos sussuradores, lembro das mortes, não podia deixar acontecer.
— Não, você não tá mentindo, mas eu não sou igual a minha mãe. Eu não quero causar problemas. — A voz de Lydia soava sincera, e eu podia perceber a angústia nos seus olhos. Uma adolescente presa entre lealdades conflitantes, carregando o peso do sangue que corria em suas veias.
Entendi que, diante desse novo desafio, a dinâmica de Alexandria estava prestes a mudar. Lydia representava um dilema, uma escolha difícil entre o passado assombrado pelos Sussurradores e um futuro incerto.
— Precisamos descobrir como lidar com isso, Lydia. Não podemos ignorar a ameaça que seu passado traz consigo, mas também entendemos que você não é sua mãe. — Olhei para Carl, compartilhando uma preocupação mútua.
— Estamos juntos nisso, mas precisamos ser cautelosos. O que sua mãe quer? Por que ela enviou você aqui?
Lydia engoliu em seco, hesitando antes de responder. Era claro que, além dos zumbis, enfrentávamos um inimigo mais humano e astuto, capaz de manipular as peças do tabuleiro para atingir seus objetivos.
—Ela acha que vocês estão tomando espaço demais, passando dos limites, na floresta dela. —Respondeu Lydia e eu concordei com a cabeça. — Ela quer que eu leve informações para ela, quer que eu... Seja uma infiltrada.
A situação estava diferente do que era na série mas eu já havia compreendido que naquela realidade, as coisas não seguiram um roteiro.
—Eu quero alguém de olho nela, não vamos prender ela mas até que ela conquiste a confiança, ela precisa ser vigiada — Eu explicava na reunião com os líderes de Alexandria e Negan — E eu não quero que deixem a Tara, Enid, Jesus e principalmente o Henry sozinhos.
— Acho que tô perdendo meu lugar aqui— Disse Rick enquanto ouvia minhas ordens, me deixando com vergonha — Mas você parece conhecer o grupo melhor que eu, então você lidera dessa vez.
O clima tenso pairava sobre a sala de reuniões, as palavras de Lydia ecoando como um lembrete constante de que o perigo estava à espreita. Rick, mesmo em sua posição de liderança, parecia aceitar minha decisão, reconhecendo a complexidade da situação.
— Maya, sabemos que você conhece o grupo e as ameaças melhor do que ninguém. Conte com nossa colaboração, mas precisamos tomar precauções. — Michonne expressou sua preocupação, refletindo o sentimento compartilhado por outros presentes.
Assenti, aceitando a responsabilidade que assumira, sabendo que as próximas decisões moldariam o destino de Alexandria. A jornada até aqui, cheia de encontros e desafios, me preparou para liderar, mesmo que temporariamente.
— Vamos manter uma vigilância constante e garantir a segurança de todos. Não subestimemos a Alpha, ela é uma ameaça real. — Dizia, pensando nas possíveis consequências dessa nova dinâmica.
Ao sair da sala de reuniões, Carl caminhou ao meu lado, seu olhar transmitindo confiança e apoio.
— Você tá fazendo o que é necessário, Maya. E eu tô aqui contigo. — Ele sussurrou, tocando levemente meu ombro.
A noite avançava, mas o peso das decisões mantinha acordada. O confronto com os Sussurradores, mesmo em uma forma distorcida da série, trazia consigo a lembrança da ameaça constante que pairava sobre aquelas comunidades.
Lydia, agora sob um olhar mais cuidadoso, tentava encontrar seu lugar na comunidade. Sua presença causava desconforto, mas também era um lembrete de que o mundo pós-apocalíptico continuava a desafiar nossas noções de segurança e confiança.
Enquanto a escuridão da noite envolvia Alexandria, eu contemplava o que estava por vir. A liderança temporária, as ameaças desconhecidas e as complexidades dos relacionamentos naquele novo mundo. No final, a jornada ainda estava longe de seu desfecho, e cada passo era uma escolha que moldaria nosso destino coletivo.
Observava as luzes distantes de Alexandria cintilando na noite, uma paisagem que parecia transmitir calma e normalidade. No entanto, meus pensamentos estavam longe dali, imersos na complexidade dos desafios e ameaças que se desdobravam diante de nós.
A porta do quarto se abriu suavemente, e Carl se aproximou, me envolvendo com seus braços. Sua voz, como um sussurro reconfortante, cortou o silêncio.
— Você deveria dormir. — Carl murmurou, me abraçando por trás e depositando um beijo leve em meu ombro. — Vem, deita comigo.
Um suspiro escapou de meus lábios, temporariamente afastando as preocupações enquanto me entregava ao calor acolhedor do abraço de Carl. Minhas mãos buscavam segurança ao percorrerem seu braço, uma tentativa de encontrar ancoragem na incerteza que permeava nossas vidas.
Carl me girou para encarar ele, nossos olhares se entrelaçando em uma comunicação silenciosa. Nossos lábios se tocaram em um beijo suave, uma promessa que transcendia palavras e reforçava nosso compromisso mútuo.
— Vai ficar tudo bem, amor. — Ele disse quando nos separamos, gentilmente ajeitando uma mecha dos meus cabelos ruivos para trás da orelha.
Enquanto nos aconchegávamos, prometi que iria deitar, mas, na quietude da noite, um calafrio percorreu minha espinha. Ao olhar pela janela, me deparei com o olhar penetrante da Alpha, uma presença sombria na escuridão além dos muros de Alexandria.
Eu conhecia aquele olhar dela, era igual ela encarando Carol na série mas dessa vez, na realidade, era comigo.
— Eu vou te matar...— Murmurei olhando fixamente para a mulher e então fechei a janela e fui deitar.
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Wake Me Up • Carl Grimes
Fiksi PenggemarMaya, desolada após um aniversário decepcionante, é magicamente transportada para o universo de "The Walking Dead", sua série favorita. Lá, ela se depara com Carl Grimes, seu personagem predileto, mas a realidade é muito diferente da ficção. Surpree...