Maya Matthews
Enquanto caminhávamos lado a lado com Rick em direção a Woodbury, a surrealidade da situação me atingia. Nunca pensei que veria Rick colaborando com Negan e os Salvadores. Contudo, ao refletir sobre a dinâmica dessa realidade, percebi que essa aliança improvável fazia sentido.
Alexandria não havia invadido o Santuário, evitando um conflito desnecessário com os Salvadores. Esse fato abria espaço para uma relação cautelosa, onde, por enquanto, compartilhávamos o mesmo caminho. Eu conhecia Negan, pelo menos superficialmente, devido às experiências vividas na série, o que me dava uma mínima noção de como lidar com ele.
A ironia pesava no ar enquanto continuávamos nossa jornada. O inesperado se tornou o novo normal nesse mundo, onde alianças improváveis podiam surgir em meio ao caos. Estávamos todos tentando sobreviver, e, por enquanto, nossos interesses pareciam convergir, mesmo que temporariamente.
Caminhando ao lado de Rick e observando Negan de relance, eu me preparava para a incerteza que se desdobraria em Woodbury.
—O Governador prendia nós dois em um quarto no segundo andar— Apontei em direção a janela de onde estávamos.
Tentei dar toda a informação possível sobre o que eu sabia, aonde haviam seguranças, quantos haviam, tudo que eu me lembrava que pudesse ajudar a salvar o Carl.
O plano meticulosamente arquitetado começou a se desenrolar. Negan, Rick e Daryl lideravam o caminho, enquanto o grupo se movia com precisão calculada. A esperança e o receio se entrelaçavam, criando uma tensão visível.
No silêncio da noite, adentramos Woodbury, conscientes de que cada passo nos aproximava do confronto inevitável. A incerteza pairava, mas a determinação de resgatar Carl e enfrentar as sombras do passado impulsionava nossas ações. O destino de Woodbury estava prestes a ser reescrito, e no coração dessa operação, minha esperança permanecia firme, guiada pela necessidade imperativa de ajudar ele.
A invasão transformou Woodbury em um campo de batalha, os tiros ecoavam intensamente pelos corredores. Eu corria entre as sombras, minha respiração ofegante se misturando ao caos que se desenrolava. O cheiro de pólvora pairava no ar, enquanto cada passo era guiado pela urgência de encontrar Carl.
Adentrando a sala do segundo andar, onde havíamos enfrentado horrores antes, meu coração apertou ao encontrar Carl machucado. Seu olhar encontrou os meus, revelando a dor e a confusão que o cercavam. A troca de tiros rugia do lado de fora, mas, naquele momento, a sala isolada era um refúgio temporário no meio do caos.
— Carl, estamos aqui para te tirar daqui. — Minha voz soava firme, tentando transmitir conforto mesmo diante da adversidade. Comecei a avaliar seus ferimentos, consciente de que o tempo era um recurso escasso.
Os sons distantes da batalha pareciam se fundir com as batidas frenéticas do meu coração. Carl, mesmo ferido, olhou ao redor, absorvendo a realidade do resgate. O tiroteio continuava lá fora, mas naquele momento, a prioridade era tirar Carl do alcance do Governador e garantir sua segurança.
Enquanto o caos persistia, eu ajudava Carl a se levantar, foi difícil pois o corpo dele estava extremamente pesado, ele estava frágil e eu estava usando todas as minhas forças para tirar ele daquele local horrível.
Cada passo era um desafio, e o peso do corpo de Carl, mesmo enfraquecido, exigia esforço. O tiroteio lá fora continuava como uma trilha sonora sinistra, mas minha determinação em tirá-lo daquele local obscuro impulsionava cada movimento.
— Aguenta firme, Carl. Estamos quase lá — sussurrei, oferecendo palavras de encorajamento enquanto o guiava para fora da sala. A preocupação e a urgência se misturavam em meus olhos, mas eu mantinha a determinação de proteger ele a todo custo.
Enfrentamos os corredores tumultuados de Woodbury, desviando das áreas mais perigosas enquanto o caos se desdobrava ao nosso redor. Cada som de tiro ecoava como um lembrete sombrio do desafio que enfrentávamos. Carl, apesar da fragilidade, cooperava da melhor forma possível, demonstrando uma força interior que ia além das feridas físicas.
Finalmente, emergimos da escuridão de Woodbury, encontrando o grupo de Alexandria reunido. Rick, Negan, Daryl e os outros encaravam a gente com uma mistura de alívio e tensão. Coloquei Carl cuidadosamente no chão, consciente de que, apesar da aparente segurança, a batalha ainda não havia terminado.
O resgate de Carl era uma vitória, mas o preço das cicatrizes emocionais e as escolhas feitas no calor da batalha continuavam a ecoar em nossas mentes.
A volta para Alexandria foi mais calma, Negan trouxe um dos médicos do santuário para cuidar de Carl, já que os de Alexandria estavam em falta.
— Aí meu amor, como você tá?— Enid entrou correndo no quarto de Carl, praticamente me empurrando contra a parede.
—To bem, a Maya me salvou— Ele me olhou com um sorriso fraco no rosto.
— Você não estaria em perigo, se não fosse pela Maya pra início de conversa — A garota disse ríspida, ela não gostava de mim e Carl se arriscar por mim, era mais um motivo pra que isso acontecesse.
—Eu não tenho culpa de ter sido sequestrada— Me defendi e cruzei os braços observando os dois.
— Você some por dias, aparece e é sequestrada, sinceramente garota, você deve ser um deles e fez tudo isso propositalmente— A forma que ela me acusava sem fundamentos era algo extremamente irritante e eu tentava manter a minha calma.
Respirei o mais fundo possível e sai do quarto, andando por Alexandria, observando o sol dar seus primeiros sinais deixando o sol em um tom alaranjado, estava lindo.
Me sentei na minha cama e peguei meu celular que estava encima dela, olhei sem entender, já que eu perdi no dia que fui sequestrada.
—Eu achei... Estava na floresta e quando apertei, vi sua foto— Carol falou entrando no quarto e eu concordei com a cabeça— Como você conseguiu ter bateria mesmo depois de todo esse tempo?
— Estava desligado, esse tempo todo— Menti, eu não podia virar e falar que era de outra realidade onde carregadores, wi-fi e tudo normal ainda existia.
—Entendi...— Ela não acreditou e eu sabia disso mas eu não queria falar sobre isso, não podia dar uma explicação sobre isso. — Como você está?
—Estou bem, melhor impossível — Menti novamente.
— Você ter mentido sobre o celular, eu aceito mas sobre isso, não vou aceitar, como você está, Maya?
Ela olhou nos meus olhos e eu senti meu coração apertar, meu coração bateu de uma forma estranha e eu não pude conter as lágrimas.
No calor da emoção, Carol me envolveu em um abraço acolhedor, enquanto suas mãos carinhosamente acariciavam meu cabelo. As lágrimas fluíam livremente, e o gesto compassivo de Carol ofereceu um conforto que as palavras não podiam expressar.
Depois de algum tempo, a porta de abriu, me fazendo limpar as lágrimas do rosto e me afastar de Carol.
—To atrapalhando?— A voz rouca e cansada de Carl falou, me fazendo olhar pra cima.
— Você devia estar descansando — Carol repreendeu ele e em seguida suspirou. — Pelo menos senta na cama— Falou levantando e fechando a porta atrás, deixando nós dois sozinhos.
—A gente pode conversar?— Carl perguntou se sentando ao meu lado da cama e eu concordei com a cabeça.
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Wake Me Up • Carl Grimes
أدب الهواةMaya, desolada após um aniversário decepcionante, é magicamente transportada para o universo de "The Walking Dead", sua série favorita. Lá, ela se depara com Carl Grimes, seu personagem predileto, mas a realidade é muito diferente da ficção. Surpree...