Quando começou?

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16 de março.

Eu gostaria de saber quando, quando comecei a amar Gojo Satoru.

Meu melhor amigo.

Foi a primeira vista, quando, no fundamental, aquele idiota conseguiu cair bem próximo a mim e por algum motivo achou que acharia apoio agarrando meus cabelos fazendo com que eu caíssem junto e batesse minha cabeça contra a dele. Aquilo me rendeu um enorme galo e uma boa dor de cabeça por uns três dias.

Ou, um ano depois.

Quando, por algum motivo que não me lembro mais, estávamos próximos, o suficiente para que eu pudesse contar os cílios albinos que contornavam suas pálpebras, e seus olhos se conectaram aos meus por algum tempo fazendo com que eu me perdesse naquele imenso e infinito azul.

Quando, no ensino médio, eu entendi que meu coração acelerar toda vez que meus olhos encontravam os seus, que o nervosismo que me acometia toda vez que ele se aproximava demais, que o arrepio passando pela minha pele toda vez que ele tinha que sussurrar algo em meu ouvido por estarmos em aula, que desejar ser tocado como na vez em que tivemos que fazer um casal inocente de forma improvisada para conseguir ganhar pontos naquela maldita matéria, não era algo que eu deveria sentir se pensasse nele só como meu melhor amigo.

Depois daquele dia, aquela matéria se tornou minha preferida.

Quando, no final do segundo ano do ensino médio, chorei a noite inteira por ele ter começado a namorar pela primeira vez com uma garota e fui para a escola sem dormir no outro dia.

Foi a primeira vez, das muitas outras que viria pela frente, que senti senti meu coração doer como se estivesse sendo diracelado e despedaçado. E ele, alheio a tudo, me contava encantado sobre seu namoro em tantos detalhes que quase senti que também participava dele, o dei uma bronca enorme sobre isso falando para ele pensar em como a namorada se sentiria ao ter a intimidade dos dois explanada assim.

Mesmo que ele esteja contando para o melhor amigo.

Depois disso Gojo começou a contar sobre seus namoros de forma superficial, mas igualmente animado. E eu, como seu melhor amigo em primeiro lugar, segurei o choro e sorri com ele falando o quanto estava feliz por ele e que desejava boa sorte.

Quando, na metade do terceiro ano no dia do festival de esportes escolares, Satoru me esperava na linha de chegada da corrida de 5 mil metros com o sorriso mais brilhante que eu já o vi dar em toda minha vida. Naquele dia eu ganhei o primeiro lugar da corrida e estava tão feliz, com pouco oxigênio no cérebro, que me joguei nos braços dele assim que o alcancei.

Aquele maldito riu alto e me abraçou de volta pela cintura e saiu rodando, comigo no colo, para fora da pista em direção ao gramado ao lado nos derrubando lá, me fazendo o xingar. Me olhava ainda com aquele enorme sorriso e os olhos brilhando como se ele mesmo tivesse ganhado a corrida, eu senti um impulso enorme percorrer pelo meu corpo de forma incontrolável e quase o beijei.

Quase. Penso que se não fosse o nossos colegas de sala correrem até nós, e se jogarem em cima, também comemorando eu teria o beijado ali. As vezes penso que queria ter sido mais rápido e feito o beijo acontecer, mas normalmente acho que foi melhor assim.

Quando, naquele mesmo ano, beijei uma garota pela primeira vez e pensei nele.

Quando beijei um garoto pela primeira vez e também pensei em nele.

A primeira vez em que transei também foi por causa dele, estava morrendo de raiva e jurava que naquele dia pararia de te amar a força. Porra, ele pagou o motel em que dormiu com uma garota com o meu cartão de crédito!

Quando, tínhamos acabado de entrar na universidade, a Shoko jogou na cara dele que Satoru era muito, muito burro quando o branquelo reclamou  que gostaria de ter alguém que o amasse para namorar. Eu ri alto tendo que concordar porque eu o amava tanto que já era difícil de esconder mas ele nem mesmo suspeitou de algo, nunca vi mais lerdo. Gojo foi deixado indignado e confuso aquele dia.

Quando começamos a morar junto enquanto dividimos um dormitório da universidade e eu tive que me acostumar a ter você passeando na minha frente sem camisa pelo dormitório.

Quando... Esquece, já se passaram três anos desde que entramos na universidade e muitas recordações foram feitas até aqui. Se for citar tudo vou preencher esse caderno e ainda não terminarei.

O fato que eu sabia era que a cada tempo, cada passo, cada traço de Gojo ao meu lado fez com que eu me apaixonasse um pouco mais por ele. Se acumulou ao ponto de se tornar imensurável, que loucura, como eu ainda consegui manter isso escondido? Não me pergunte, não saberei responder.——

— Suguru, anda logo, eu estou com fome! — O dono de seus pensamentos diários reclamou se jogando nas costas do moreno aproveitando para tentar ver o que estava escrito no caderno.

Esse que Geto fechou naturalmente de forma rápida olhando de solaio para o amigo indicando que ele sabia que Gojo estava tentando espiar o que não devia. O rapaz bufou em derrota.

— A cantina da universidade não vai sair correndo sabe? — Geto falou.

— Mas daqui a pouco meu estômago vai criar vida e sair correndo atrás da cantina. — Ele retrucou saindo de cima do amigo. — Mas não sei o que você tanto escreve nesse caderno que perde a noção da hora então, podemos por favor, ir?

Satoru falou emburrado puxando a porta do quarto do dormitório que dividiam, o moreno riu baixo e guardou o caderno na gaveta da sua escrivaninha agradecendo imensamente que a gaveta tinha tranca e por isso ele se sentia mais seguro em manter aquele caderno tão perto do principal assunto escrito nele. Geto trancou a gaveta e guardou a chave no bolso se levantando e saindo do dormitório junto com o outro.

— Eu não passo tanto tempo assim escrevendo.

— Suguru, você tem esse caderno desde o início do terceiro ano e já estamos a três anos na faculdade! Além disso, não me deixou dar uma olhada nele uma vez sequer! — Gojo acusou o melhor amigo.

— Já ouviu falar em diário? É para ser privado. — O moreno debochou.

— Você virou uma garotinha, Suguru? — O branquelo devolveu o tom de voz com uma provocação parando na frente do rapaz antes que saíssem de vez dos prédios do dormitório.

— Sim. — Geto revirou os olhos. — Sou uma garotinha de doze anos que ainda vai ter seu diário super secreto da Monster High, agora continue andando. — Ele virou Gojo de costas para si e o empurrou para frente o fazendo andar.

Os dois seguiram na direção em que ficava a lanchonete da universidade.

Hanahaki - Relatos de um doente apaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora