Capítulo oito

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– Desculpe, eu... Só quis olhar, não sabia que você se incomodaria. – Louis coçou a cabeça constrangido. A expressão séria de Detlev foi substituída por um riso nasalado.

– Não tem problema. Sinceramente, a casa meio que já é sua. Você invade ela como se já tivesse a chave mesmo. – Brincou.

– Você está melhor?

– Apenas com dor.

– Se se incomoda tanto com o fato de eu invadir, por que não troca logo a maçaneta? Eu sei que você sabe do problema. – Perguntou sinceramente. O moreno pensou por alguns instantes.

– Acho que prefiro que seja você a invadir. – Exprimiu. Louis levantou as sobrancelhas. – Não que você não seja um filho da puta, eu só acho que se for você quem invade eu tenho grandes chances de continuar vivo. Já o com brutamontes de ontem... Acho que tive sorte dele não me achar.

– Se serve de consolo, eu não sabia que Axel mandaria Bryan.

Os dois se encararam por alguns minutos que pareceram horas. Um silêncio tímido pairou pelo ar. Detlev encarou os braços tatuados de Louis com cautela. Abriu e fechou a boca várias vezes, mas sem pronunciar uma única palavra.

– Obrigada. – Disse finalmente.

– Pelo quê? – O loiro se aproximou e sentou-se na beira da cama.

– Você salvou a minha vida. – Falou em um tom óbvio.

– Não se ache demais... – Louis desviou o olhar. – Apenas sou muito curioso e não poderia saber o que aconteceu com você se você morresse.

Detlev gargalhou alto. O som de sua risada era gostoso e Louis não pôde conter o sorriso de volta.

– Então... Vai me dizer ou não? – Foi direto ao ponto.

– Ah... Okay. Acho que te devo isso. – O rapaz se deu por vencido. – Foi um cara chamado Atze.

– Você também deve ele?

– Não. Mas ele acha que sim. – Detlev se ajeitou na cama e resmungou de dor ao fazer os movimentos. Louis quis ir ajudá-lo, mas foi educadamente dispensado pelo moreno, que levantou a mão e prosseguiu. – Eu vim da Alemanha com ele. A gente tinha meio que uma amizade, meio que um lance. As coisas estavam ficando difíceis em Berlim e surgiu a oportunidade de virmos para Los Angeles. No começo dividimos apartamento, mas depois de um tempo Atze começou a se envolver com um esquema de aliciamento de menores e acabamos discutindo. Depois que um garoto de catorze anos morreu de overdose por causa da droga impura que Atze conseguiu para ele, eu acabei ligando para a polícia e fazendo uma denúncia anônima.

– E no que deu? – Louis incitou, completamente interessado. Ele jamais admitiria, mas era um fofoqueiro de primeira.

– Em nada, óbvio. Deportaram ele de volta para Berlim, mas a justiça de lá não funciona com viciados. Não demorou muito para que ele voltasse para os Estados Unidos e agora ele está destinado a acabar com a minha vida. – Detlev bufou. – Como se eu já não tivesse problemas o suficiente devendo o filho da puta do Axel.

– Ele te bateu? E fez esse corte?

– Ele me abordou quando eu estava voltando do trabalho para casa. Discutimos, acabei indo para cima dele e ele puxou uma faca nojenta e enferrujada. Se serve de consolo, a cara dele ficou bem pior que a minha, apesar de ter sido eu quem levou a facada.

– Por que foi para cima dele se você não se garantia? Poderia ter morrido mesmo!

– Eu nunca vou fugir dele, sempre vou enfrentá-lo. Ele não é digno do meu medo. Por Atze eu estaria morto agora. – O tom de voz de Detlev ficou sério.

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