Louis se revirou pela décima segunda vez em sua cama. Estava inquieto. Olhou para o relógio em cima da sua mesa de cabeceira e viu que marcava as quatro da manhã. Inconformado, decidiu se levantar e ir até a cozinha do pequeno apartamento. O lugar era pitoresco, um pouco maior do que deveria por ter sido projetado para abrigar Louis e Louise. Ele era um homem muito organizado: seus lençóis brancos sempre cheiravam a amaciante e o chão sempre estava limpo e geladinho. Foi até a geladeira e tirou uma lata de cerveja, abriu e tomou bons goles.
Ele já havia tomado dois dos seus comprimidos para insônia e nada tinha adiantado: seus pensamentos estavam perturbados desde a última vez que fora a casa de Detlev. Vira e volta as visões do rapaz seminu passeavam pela cabeça de Louis. Ele bufou. Nunca tinha olhado para um homem com esses olhos e não seria aquela a primeira vez. Louis era um homem ativo sexualmente, as mulheres – modéstia à parte – sempre caíram de amores por ele e ele não entendia porque estava se sentindo daquele jeito. As mulheres sempre foram o suficiente. Ele gostava dos seios fartos, da bunda com carne o suficiente para ser apertada com força, dos gemidos suaves e doces.
Detlev também parecia gostar, afinal aquela mulher não estava em sua casa atoa. Sua voz denunciava que a noite deles tinha sido maravilhosa.
– Um puto. É isso que ele é. – Resmungou.
Se lembrou então de como Detlev gemia no banheiro da boate, com aquele traficante de merda. Ele com certeza não estava entrando nas calças do cara, o cara que estava entrando nas dele. Então ele gostava das duas coisas? De receber e também dar prazer? Louis se perguntou como seria entrar em Detlev... Ou, talvez, ter Detlev dentro de si.
– Porra... Nem fudendo. – Reclamou, olhando para baixo e constatando a sua ereção. Jamais iria se tocar pensando em outro homem ou pior: pensando em Detlev. Correu para o banho e abriu o chuveiro na água gelada. Ele tremeu e sentiu sua sensível pele reclamar, mas seria o suficiente para acalmar o que o estava assombrando.
A sexualidade de Louis nunca foi algo questionado: ele sempre se interessou por mulheres e apenas por mulheres. Havia uma quantidade significativa de homens que se interessaram por ele, homens muito bonitos aliás, mas ele nunca precisou pensar muito para saber que a resposta era não. Ele não compreendia o que no outro tinha chamado a sua atenção, mas sabia que provavelmente iria embora quando ele se relacionasse com outra garota.
Não sabia o que tinha deixado ele mais abalado: o corpo terrivelmente bonito de Detlev ou a forma como ele o encarou de frente, sem temores ou pudores. Ele tinha perdido a noção do perigo? Louis já tinha quebrado a cara de pessoas por bem menos que isso. Mas, ao invés de reagir, deixou que o moreno simplesmente tivesse a última palavra e voltasse pros braços na mulher que o aguardava na cama, deixando Louis plantado naquela maldita cozinha.
Balançou a cabeça tentando espantar aqueles pensamentos indecentes. Isso provavelmente estava acontecendo porque Louis estava a muito tempo sem se relacionar com alguém. É isso. Ele estava trabalhando tanto que tinha se esquecido de suas necessidades. Decidido, alcançou o telefone e ligou para Amber, uma antiga amiga e amante. Ele tiraria aquela história de ficar duro por outro homem a limpo.
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Sex, Drugs, Etc.
RomanceDepois de uma infância e adolescência difícil e violenta, Detlev tem uma dívida centenária e um histórico criminal impossível de ser apagado. Trabalhando dia e noite no Olimpo, ele tenta incessantemente pagar o que deve e se manter limpo da heroína...