Capítulo doze

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Detlev fechou a porta pressurizada que dava acesso às escadas de emergência, abafando a voz do Jesse Rutherford que cantava "Female Robbery" em uma altura estonteante. Se sentou em um dos degraus e colocou a cabeça entre os joelhos, suspirando fundo. Estava se sentindo absurdamente cansado e a noite mal tinha começado. A conversa com Atze há três dias estava queimando todos os seus neurônios e ele não conseguia se concentrar em nada que não fosse a última ameaça que lhe foi feita

"Você será um homem morto."

Porra, ele estava com um medo do caralho. Ele já vivia com medo do Axel, agora tinha mais um problema para se preocupar. O que ele faria? Ele não sabia, mas ele tinha que fazer alguma coisa. Ele sobreviveu – contrariando todas as expectativas – até aquele momento e não seria agora que ele iria entregar os pontos. Ele precisava estar preparado para tudo... Talvez fugir? Matar Axel? Ele tinha coragem, o desgraçado bem que merecia...

– Detlev! – Mandy gritou, o tirando de seus pensamentos. Ele levou um susto da porra.

Scheisse! Willst du mich töten, Frau? (Caralho! Você quer me matar, mulher?) – Exclamou levando uma das mãos ao peito.

– E eu sei lá.– Ela murmurou confusa.

– Argh! Você só me assustou. – Detlev bufou.

Amanda se sentou ao seu lado e alisou o avental.

– O que você está fazendo aqui?

Detlev ponderou sobre contar ou não para ela o que aconteceu, mas decidiu guardar para si a priori. Um raio de ideia passou pela sua mente e ele decidiu usar a oportunidade para perguntar sobre algo que há muito tempo fazia sua orelha coçar.

– Hum... Mandy? – Chamou controlado.

– Sim? – Ela respondeu distraída, olhando algo em seus sapatos.

– Você conhece Louis a quanto tempo? – Perguntou, tentando parecer ao máximo alheio àquela conversa.

– Por que quer saber? – Ela cerrou os olhos em sua direção.

– Nada. Apenas curiosidade. – Ele disse olhando para cima como se o teto fosse a coisa mais interessante do mundo.

Observou de soslaio Amanda franzir o cenho de forma pensativa. Depois de alguns minutos em silêncio, se arrependeu de ter feito uma pergunta que claramente não era da conta dele. Abriu a boca para desconversar, mas Mandy o interrompeu.

– Há alguns anos. Na verdade, eu conhecia Louise. – Disse por fim.

– A irmã gêmea? – Questionou puxando o cigarro do bolso.

– Sim, como sabe? – Perguntou desconfiada.

– Bom... Digamos que trocamos algo mais do que só alguns socos. – Ele respondeu de forma rasa, mas deixou claro que não queria falar sobre aquilo. Levou o cigarro aos lábios e acendeu, puxando forte a fumaça.

– A Louise era... uma menina linda. – Mandy encostou as costas no degrau de cima e olhou para o telhado de forma nostálgica, ignorando o fato que Detlev fumava em um local fechado. Detlev por sua vez se acertou do seu lado, passando carinhosamente o braço pelo seus ombros e os dois se aconchegaram ali. – Eu a conheci em um dia de trabalho aqui mesmo. Ela estava deslumbrante, usava um vestido de cetim vermelho que contrastava com sua pele pálida. Trocamos algumas palavras no bar e não demorou para virarmos amigas. Ela me disse que tinha vindo de Londres para tentar ser atriz mas que as coisas não estavam indo bem, então ela conheceu um cara de influência que era traficante e que prometeu ajudar ela com as contas e conseguir algumas audições. O dinheiro dela estava curto e ela disse não querer voltar para a casa dos pais porque eles achavam que seu sonho era uma loucura.

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