Capítulo 2

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A fome era tanta que Jade já estava a ponto de passar mal. Isso era uma das poucas coisas que podiam faze-la se distrair do trabalho, então ela sabia que teria que resolver logo.

- O que vocês acham de fazermos uma pausa e pedir algo para comer? – Ela olha para Chan, a única pessoa que ela conseguia enxergar através do pequeno vidro da cabine de gravação, os demais estavam sentados nos sofás mais ao fundo da sala.

Ele a ouve e então se vira para o restante das pessoas na sala, parecendo falar algo com eles. Em seguida ele aperta o botão em sua mesa e fala:

- Podemos pedir algo e enquanto não chega, nós concluímos essa estrofe que já iniciamos. O que você acha? – Ele fala calmamente.

Jade apenas o olha com um olhar de frustração e resmunga algo que ele não entende, mas o faz sorrir. Ela então posiciona o fone nos ouvidos novamente, indicando ter concordado com Chan.

A gravação segue por mais algum tempo (o que pareceu uma eternidade para Jade) até que eles ouvem batidas na porta. Instantaneamente ela grita "ALELUIA!", o que faz com que todos caiam na risada com a sua fome desesperadora.

- Quem diria que uma pessoa tão pequena fosse tão comilona – Brinca Han, enquanto organiza os potes de comida sobre uma pequena mesa que eles colocaram no centro do estúdio. Jade finge ter se ofendido e lança um olhar indignado para ele.

- Bom saber que eu estou causando uma boa primeira impressão em vocês – Ela responde rindo. – A verdade é que eu preciso malhar muito, e também comer muito para manter esse corpinho aqui.

- É... É verdade também que nós não causamos uma boa primeira impressão em vocês – Chan responde mudando o assunto – Nos desculpem novamente – Ele fala, dessa vez olhando para Jade – Mas quero reafirmar que estamos muito comprometidos com esse projeto e esperamos que tudo saia como você imaginou.

Jade foi pega de surpresa pela sinceridade de Chan, já que eles já haviam se desculpado com ela, e ela já havia dito que estava tudo bem. Ela sabe que imprevistos acontecem e, afinal, o atraso não havia sido tão grande assim.

- Não se preocupem – Ela agora muda para um olhar amigável – Imprevistos acontecem, e, além do mais, nada melhor do que vocês me alimentarem bem para se redimirem comigo. – Ela conclui e todos riem.

Eles ficam algum tempo comendo e conversando, falando um pouco da sua história para se conhecerem melhor. Os meninos contaram que fazem parte do Stray Kids, e também escrevem e produzem as músicas do grupo, o que fez Jade imaginar se eles conseguem ter algum momento sequer para relaxar e descansar. Eles também parecem se interessar muito pela história de Jade, já que nunca haviam conhecido uma brasileira-coreana antes.

- Espera aí, que eu estou confuso – Chan fala, segurando o riso – Você é brasileira, filha de coreanos e cresceu nos Estados Unidos?

- NÃÃÃO – todos respondem juntos, e logo riem da confusão dele.

- Calma... – Jade respira fundo e se prepara para explicar pela terceira vez. – Mãe brasileira, pai coreano, certo? – Ela aguarda Chan acenar com a cabeça que teria entendido até ali. – Se conhecem nos Estados Unidos, se apaixonam, casam e nasce a pequena Jade.

- Epa, só um detalhe – exclama seu irmão – o pequeno Caleb nasceu primeiro.

- Sim, mas como você disse, isso é só um detalhe. – Jade revira os olhos e responde, tirando uma risada debochada do irmão. A maior parte do tempo, quando os dois não estão muito concentrados em assuntos de trabalho, eles estão arrumando maneiras de implicar um com o outro.

- Essa história é bem... inusitada – prossegue Changbin – Então você nunca viveu na Coréia?

- Não, eu nasci e vivi nos Estados Unidos até meus 7 anos, quando meus pais se divorciaram e minha mãe voltou para o Brasil – Ela usa agora um tom mais sério na conversa – Eu escolhi ir com ela enquanto Caleb ficou com meu pai. Então eu morei no Brasil até os 15 anos, quando eu apliquei online para um projeto de um seriado da Disney e fui selecionada. Foi quando eu me mudei de volta para os EUA e vivi lá até os 20 anos, até que eu recebi a proposta de assinar com uma empresa aqui da Coréia e lançar minha carreira de cantora.

- UAU – exclamou Han – Imagino como deve ter sido o choque cultural pra você.

- Você nem imagina! – Jade responde, mas já pensando que esse é um assunto tão complexo que deveria ser deixado para outra hora. – Mas aos poucos eu vou me acostumando. Já vivo aqui há 2 anos, meu coreano melhorou muito e eu consegui lançar 2 álbuns, o que eu considero uma grande vitória.

- Com certeza... – Concorda Chan – Agora vamos em busca de mais uma vitória e trabalhar pra concluir esse projeto? – Ele fala aproveitando a deixa para convidar todos a seguir com os trabalhos.

I WON'T GIVE  UP | BangchanOnde histórias criam vida. Descubra agora