Depois de uma tarde de treino exaustivo, peguei minha espada e corri para meu quarto. Com um sorriso no rosto me sentei na cama, afiando a espada como de costume. Movimentos lentos e longos por todo o corpo da arma, assim como meu pai me ensinou. Olhei meu reflexo no aço, lembrando do dia em que a encontrei no lago. O fio da lâmina não estava mais cego, assim como eu não era o mesmo de meses atrás.
— Você gosta mesmo desse pedaço de ferro.
Dei um salto, olhando para o lado e percebendo agora minha mãe escorada a porta, como se estivesse ali a muito tempo.
— Mãe...
— Tá bom tá bom, espada. O que você vê nisso?
— Não sei, ainda tô tentando entender, mas é muito divertido — sorri.
Minha mãe sorriu em resposta, se afastando da porta e indo embora. Eu não sabia o que as palavras dela significavam naquele momento, nem o peso daquela espada que empunhava todos os dias. Nunca fui bom em ler as pessoas, entretanto soube naquele dia que minha mãe temia minha partida, tanto quanto temia os dias de chuva.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caminhos de Atade: A odisseia do guerreiro
AventuraBuscando por um sentido para sua vida além do arado, um guerreiro começa a se aventurar por Atade, um reino que esconde muito mais do que apenas segredos. Com o fim da atual guerra, os caminhos que levam ao seu objetivo ainda incerto estão mais peri...
