Cheiro estranho

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Quando acordei na manhã seguinte senti o mesmo cheiro do dia anterior, levantei-me desconfortavelmente, olhando de um lado para o outro antes de abrir a janela e respirar ar puro. Qual poderia ser a causa desse cheiro desagradável, e porque eu só consegui sentir ele agora. Vasculhei o quarto em cada um dos quatro cantos, não encontrando nada além de alguns lençóis extras debaixo da cama. Com um suspiro longo, vesti meus equipamentos, peguei a mochila e saí do quarto, descendo para o salão principal da taverna.

Algumas pessoas eram atendidas pelo orc que se chamava Trag, enquanto o taberneiro limpava os talheres. Ele notou minha presença enquanto me aproximava.

— O mesmo de ontem?

— Sim...

— Ok, sai em alguns minutos — ele se virou, preparando a comida.

— Taberneiro, desde ontem venho sentindo um cheiro estranho no meu quarto. Procurei de onde vinha essa manhã mas não achei nada.

— Bem, eu também tenho sentido esse cheiro estranho— ele veio com um prato e minha direção, o colocando na minha frente. — Alguns clientes têm reclamado, já alertei a guarda, mas eles estão ocupados demais lidando com os "bandidos", se é que você me entende.

Faz sentido, o que guardas fariam a respeito de um cheiro estranho em uma taverna. Comi e depois saí. No lado de fora percebi que aos poucos as pessoas começavam a circular pelas ruas, rondei a taverna em busca da forte do cheiro e ao chegar embaixo do local onde passei a noite, consegui ver uma trilha de uma gosma estranha que emanava o mesmo cheiro pútrido desta manhã, o substância estranha ia para o nordeste entre os becos e diques. Seguindo o caminho, cheguei a uma entrada do que parecia ser um esgoto, analisando a situação resolvi ir até a guarda e alertá-los sobre essa substância estranha, até mesmo conseguir mais informações sobre o caso.

Tive que andar por alguns minutos até chegar ao posto de comando da guarda, e esperar por mais um tempo até ser atendido. O mesmo guarda do dia anterior estava sentado atrás do balcão.

— Bem vindo a guarda municipal Sr., com o que poderíamos ajudar? — Seus olhos vasculharam minha ficha rapidamente.

— Bem, venho relatar uma situação.

— Pois diga — ele puxou uma pena, e um papiro.

— Soube que o taberneiro já avisou sobre um cheiro forte durante a manhã.

— Sim, já sabemos e estamos trabalhando nisso, posso ajudar em algo mais?

Suspirei. — Eu senti esse mesmo cheiro hoje de manhã e ontem, quando investiguei um pouco mais consegui encontrar uma gosma que ia até os esgotos, sabem o que pode ser?

— Gosma estranha que vai até o esgoto? — Ele parecia ler algo. — Nada conclusivo.

Entendo. Então se eu quiser resolver essa situação estou sozinho.

— Olha — ele puxou alguns papéis. — Vejo que é um aventureiro, como não temos condições de lidar com esses problemas pequenos por agora, você poderia se encarregar disso. Seria como um trabalho de limpeza, o pagamento é bom já que se trata dessa área.

— Quanto exatamente?

— Uma peça de ouro.

Uma peça de ouro, para limpar um esgoto... É, deve ser o suficiente.

— Tá, tô dentro.

— Os aparelhos de limpeza e a lanterna estão no centro de comando, leve isso aqui e recolha-os — ele me deu um papel. — Ao final do serviço, traga os equipamentos de volta, se não será descontado de seu pagamento.

Ele começou a falar sobre toda a burocracia e me fez assinar algumas cláusulas de responsabilidade. Se eu soubesse que a vida de aventureiro viria com esse bônus teria ficado em casa. Depois de assinar os papéis e pegar os materiais de limpeza, voltei para o esgoto. Com um esfregão em mãos, pensei em como cheguei a esse ponto em minha vida.

— A mãe, eu deveria ter te ouvido...

Colocando a máscara em meu rosto, entrei na escuridão acendendo a lanterna coberta.

Caminhos de Atade: A odisseia do guerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora