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Juliette prendeu a respiração, porém Sarah estava apenas brincando outra vez.

— Imagino que a frase certa seja "vou vestir algo mais apropriado antes".

— Pode ser — concordou Sarah, afastando-se.

Mais relaxada, Juliette se aconchegou em sua cama improvisada, sentindo-se grata pela luz do fogo, bem como por seu calor. Sem eletricidade, o aquecedor também devia ter desligado, a menos que fosse alimentado por gás, como o fogão.

Claro que sempre existia uma possibilidade de se compartilhar calor humano...

Ela sentiu uma pontada nas entranhas e afundou mais sob a coberta.

Nem pense nisso!, repreendeu a si mesma.

Quando Sarah voltou, usava uma calça de cordão e uma camiseta larga e meio amassada que devia ter encontrado na lavanderia.

— Dei uma olhada lá fora. A neve diminuiu um pouco, mas não é uma noite para se andar por aí. Com sorte, isso será possível amanhã se o céu estiver mais claro e a eletricidade voltar. Como o fogão, o aquecedor e a água são alimentados por gás; não vamos congelar. As mamadeiras e o banho quente do bebê também estão garantidos. — Sarah olhou para o fogo. — A mulher da Assistência Social telefonou, pouco antes de as luzes se apagarem. Assegurou que vai cuidar da questão tão logo for possível.

Juliette disse a si mesma que deveria ficar aliviada. Precisava seguir com a própria vida, voltar para Nova York.

Mas não conseguia deixar de pensar sobre o futuro daquela criança. Onde estariam seus pais?

Sarah se acomodou a seu lado, pegou a manta e se cobriu até a metade do corpo com um arrepio.

— Está um frio danado lá fora. E escuro à beça. Não me lembro de qual foi a última vez em que ficamos sem luz.

— É uma droga ficar sem luz. — Além de assustador, murmurou a criança dentro dela.

Sarah pareceu ler sua mente.

— O clima está perfeito para se contar histórias de fantasmas...

Juliette estreitou os olhos para encará-la.

— Meus irmãos mais velhos têm filhos. Esse tipo de entretenimento eu até posso oferecer para a criançada, mas trocar fraldas... prefiro deixar para quem é especialista.

— Não nasceu para ser mãe?

— Pensei que já tivesse notado.

Juliette mudou de posição, colocando-se de lado. Gostaria de saber mais sobre a família de Sarah.

— Com que frequência costuma ver seus sobrinhos?

— Sem contar Natal, Páscoa, aniversários e outras tantas reuniões de família? O tempo todo. E não me importo. Eles são ótimos. O que me irrita na minha família é ouvir que preciso sossegar.

— Talvez eles só queiram ver você feliz.

— Eu não pareço feliz?

— Como toda pessoa solteira convicta, sim. Mas sua família deve ficar tonta com o número de mulheres que vivem penduradas no seu braço.

— Ainda bem que a vida é minha, e não deles. — Sarah se inclinou para trás, entrelaçou os dedos atrás da cabeça outra vez e mirou algum ponto distante além do teto. — E quanto a você?

— Estou tranquila e feliz com meu trabalho.

— E solteira depois do rompimento.

— Sim

Mães Por Um Tempo  》Sariette || ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora