Juliette chegou a Nova York mais tarde, naquele dia, sentindo-se esgotada, porém disposta a não adiar a decisão que tomara durante as horas de espera no aeroporto e durante o voo de volta para casa. Saiu do táxi e entrou no antigo prédio do Brooklyn. Havia trabalhado muito com o intuito de cursar uma faculdade e encontrar meios para se mudar de Ohio, onde passara a infância e a adolescência. Nunca mais se esqueceria da alegria que sentira ao ser contemplada com um cargo na Story. Seu apartamento era minúsculo, porém ela o enchera de coisas que a faziam feliz: pinturas de artistas novos e talentosos, seus livros favoritos...
O problema era que aquele apartamento não era dela. Não era exatamente um lar. Jamais diria a Sarah, mas aquela sua cabana no bosque fora o porto mais seguro que ela já conhecera na vida.
— Eu sei que prometi que faria Queiroz assinar o contrato — falou Sarah — e ainda não desisti disso.
Arthur continuou sentado do lado direito da gigantesca mesa de conferência, com os cotovelos sobre os braços da cadeira e os dedos das mãos unidos pelas pontas, enquanto observava a irmã mais velha andar de um lado para o outro do luxuoso escritório central dos Hotéis Andrade.
Sarah sabia que devia estar parecendo um leão enjaulado, porque era exatamente assim que se sentia enquanto passeava com suas mãos pelos cabelos longos e loiros vez ou outra.
Desde que chegara do Colorado, havia dois dias, não fora capaz de se concentrar em coisa alguma, muito menos no fechamento do contrato de Denver.
Pensara muito na sugestão de Juliette de fazer uma oferta a Queiroz de parceria e copropriedade, mas, embora parte dela quisesse ajudar a mulher, não era assim que as coisas funcionavam nos negócios. Uma sociedade igualitária também exigia negociação.
— Talvez devêssemos deixar o negócio correr — opinou Arthur. — Desde que mamãe e papai se separaram, ele não tem se mostrado muito disposto a lidar com os negócios. Não que a ruptura deles seja permanente...
— Nossa família não é invencível, Arthur, embora a gente finja que seja.
O rapaz apoiou as mãos nos braços da cadeira.
— De onde tirou isso? Está chata, um pé no saco desde que voltou do Colorado, sabia? Não fez nada a não ser cara feia e ficar resmungando. O que aconteceu, afinal?
— Nada importante.
— Toda vez que pergunto sobre aquelas duas com quem estava na cabana, você desconversa. Por que não fala de uma vez? Alguém está chantageando você, é algo com sua orientação sexual?
— Não seja melodramático. — Sarah parou de frente para a parede envidraçada.
Arthur caminhou até a parede de vidro e observou a vista panorâmica e inspiradora do centro de Nova York. A do Colorado podia ser relaxante, mas era ali que ele prosperava. Era ali onde brotavam as verdadeiras oportunidades.
Ele pôs a mão no ombro de Sarah.
— Ei, somos mais do que irmãos. Somos amigos. Por que não se abre comigo? Deixe-me ajudá-la.
Sarah tentou ignorar a sensação de vazio que a invadiu.
— Não vai acreditar.
— Tente.
Após um momento de indecisão, ela se acomodou em uma das cadeiras e passou os 15 minutos seguintes relatando os principais momentos de sua mais recente estadia no Colorado.
Arthur pareceu surpreso ao ouvir como ela havia encontrado o bebê. E chocado quando soube que ela se oferecera para levá-la para casa até que as autoridades pudessem assumi-la.
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Mães Por Um Tempo 》Sariette || ADP
Fanfiction"Essa criança não é minha!" Descobrir um bebê abandonado no banco de trás de um táxi não estava nos planos da hoteleira Sarah Andrade. Por sorte, Juliette Freire, uma bela desconhecida, chega para socorrê-la, e desperta seu interesse. Enquanto esper...