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— Sinto muito. Eu não pretendia obrigá-las a voltar para cá, mas — ela encolheu os ombros demasiado magros sob a jaqueta jeans — eu não sabia mais o que fazer.

— Conte-nos o que aconteceu — incitou Sarah.

— O pessoal do abrigo foi muito bom para nós. Até conversamos sobre eu ir para a faculdade e conseguir um diploma... Mas falei com o pai de Bel pelo telefone na semana passada. Ele disse que havia grandes oportunidades de trabalho onde estava, que eu deveria ir para lá também e levar o bebê. Pensei que ele estivesse falando sério. Pensei que ele queria me ajudar a cuidar dela...

As lágrimas começaram a escorrer pelas faces de Maggie. Juliette sentiu a própria garganta se apertar e estendeu a mão sobre a mesa, segurando a da menina.

— Peguei todo o dinheiro que possuía — prosseguiu a moça —, deixei o abrigo e telefonei para a minha mãe, avisando que não voltaríamos mais. Então liguei para Ryan, o pai de Bel, querendo acertar alguns detalhes. Mas ele me tratou... diferente. — Ela ficou com os olhos parados por um momento, antes de voltá-los para a filha, que dormia. — Eu devia ter imaginado. Tive um péssimo pressentimento, mas fui em frente e comprei a passagem Logo depois, telefonei de novo para avisar a que horas estaríamos chegando lá. Eu queria tanto que desse certo! — Maggie mordeu o lábio, e mais lágrimas brotaram de seus olhos. — Ryan desligou na minha cara, mas, antes disso, ouvi a voz de uma garota ao fundo. — As lágrimas corriam, soltas, agora, encharcando o rosto delicado. — Foi quando me lembrei de que havia se oferecido para me ajudar, srta. Andrade.

— Pode me chamar de Sarah — ela falou baixinho.

Maggie assentiu.

— A sra. Cassidy... Ela me confirmou que vocês eram um casal maravilhoso.

Sarah piscou, aturdida.

— Verdade?

— Aham. Mas eu já sabia disso. Ela ainda estava com seu número, o mesmo que você tinha me dado naquele dia, quando fui buscar Bel. — Um misto de medo e incerteza transformou a expressão da menina. — Espero estar fazendo a coisa certa.

Juliette apertou a mão magra e delicada.

— Claro que está. Vamos cuidar para que vocês duas fiquem em segurança.

— Eu sei, mas há mais uma coisa — prosseguiu a moça. — Tive muito tempo para pensar... Vocês duas me pareceram tão abaladas quando fui embora com Bel naquele dia, depois vieram para cá correndo, após um telefonema de 30 segundos. É óbvio que gostam muito dela... Mas Bel é mesmo muito fácil de amar. — Maggie mudou de posição no assento, colocou os cotovelos sobre a mesa e segurou a cabeça com ambas as mãos. — Esta é a coisa mais difícil que eu já tive de dizer ou fazer na vida, mas meu coração diz que é a mais certa.

— O que é o mais certo, Maggie? — instigou Sarah.

Uma espécie de calma transformou o rosto banhado pelas lágrimas.

— Quero que adotem meu bebê. Fariam isso?

A sensação foi semelhante a levar um soco de um peso-pesado no plexo solar. Sarah perdeu o fôlego e, no mesmo momento, ficou enjoada.

Nesse momento, uma garçonete com uma fileira de piercings prateados revestindo a lateral da orelha esquerda surgiu ao lado da mesa.

— E aí, pessoal...? Se estiverem com fome, o café da manhã vai ser servido em breve.

Juliette falou qualquer coisa, porém Sarah nem sequer a ouviu. Seus ouvidos zuniam, e ela percebeu que olhava para a criança. Tão pequena e já precisando de alguém para ajudá-la!

Mães Por Um Tempo  》Sariette || ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora