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— Cuidado...— alertou ela, atravessando a cozinha.

Seus olhos claros brilharam quando ergueu a cabeça. Em seguida, Sarah olhou o chão e os saltos cheios de respingos. Resmungando, ela apanhou uma toalha de papel e a jogou no solo, limpando a área úmida com um pé.

— Eu estava checando a temperatura.

— Se continuasse chacoalhando a mamadeira daquele jeito, não iria sobrar um pingo de leite...

Com um sorriso de lado que fez coisas absurdas com a pulsação de Juliette, Sarah ergueu o frasco transparente.

— Fico feliz em informar que o leite foi bem misturado e, até onde sei, está na temperatura certa.

— Nesse caso... — Juliette fez menção de lhe entregar o bebê. — Não quer fazer as honras da casa?

O sorriso presunçoso de Andrade desapareceu.

— Prefiro deixar para a próxima.

— Ei, ela não morde!

— Como pode afirmar?

Juliette se perguntou o que Sarah faria se ela colocasse o bebê em seus braços. Se houvesse deixado a empresária decidir tudo, àquela hora ela estaria voltando para Nova York, e Sarah estaria ali sozinha com uma criança para cuidar. Não daria uma tremenda história?, pensou. "Magnata, dona de uma rede de hotéis, admite suas fraquezas."

Dirigiu-se para o ambiente amplo da sala.

— Preciso de um lugar para me sentar.

Sarah apontou uma das suntuosas poltronas de couro branco.

Sentindo-se como se estivesse se sentando em uma nuvem, Juliette se acomodou. Sarah puxou uma alavanca ao lado do assento e um apoio para os pés começou a se erguer com um zunido, até que suas pernas ficaram em uma posição quase horizontal. A empresária não poderia ter parecido mais orgulhosa se tivesse acabado com outra comunidade a fim de construir outro arranha-céu... o que tinha feito no mês anterior.

Ela suspirou. Encontrar aquele bebê, acompanhar Sarah Andrade até o meio do nada... Tudo naquela noite fora surreal. E reclinar-se naquela poltrona, com Sarah debruçada sobre ela, estava deixando-a mais do que nervosa.

E curiosa. A mídia se encontrava inundada com reportagens acerca do recente rompimento de Sarah com a atriz Ayla Monroe. Então, com quem ela estaria se relacionando no momento? Não sentia nenhuma culpa quanto aos negócios que fechava, e que tanto prejudicavam os americanos menos abastados?

E seria Sarah tão boa na cama como diziam?...

Após conhecê-la, ela podia apostar que ela era ainda melhor. Qualquer mulher com metade da sua cota de hormônios iria ferver na presença de Sarah

Andrade continuou em pé à sua frente, as pernas unidas, as mãos apoiadas nos quadris.

— Do que mais você precisa?

Juliette voltou a atenção para a criança, que agora olhava para cima com uma pequena ruga na testa.

— Pode me arrumar alguma coisa que enxugue o leite, caso ele escorra?

Sarah lhe entregou a mamadeira, e ela a observou se afastar a passos largos, deleitando-se com as pernas longas e sólidas que operavam marcha tão suave. Um momento depois, ela lhe trazia uma toalha e, em pé novamente, endireitava os ombros esculpidos.

— Boa sorte — falou, em um tom solene.

Num instante, o bebê capturou o bico e passou a sugá-lo como se não estivesse sendo alimentado havia dias.

Mães Por Um Tempo  》Sariette || ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora