Correu os dedos pelo cabelo, então limpou a garganta com força. Não de propósito...
E, enquanto o bebê continuava de cenho franzido para ela, como se ela fosse algum tipo de quebra-cabeça, Juliette respirou fundo e despertou, esticando um braço. Instantes depois, sentou-se, os olhos cor de café muito redondos e assustados. Seus olhares se encontraram, e ela jogou para trás a massa espessa de cabelos, expondo o rosto.
— Não foi um sonho!
Sarah trocou a posição dos pés.
— Não... É a pura realidade. E ela está molhada.
Juliette atirou longe as cobertas e se arrastou até o berço improvisado. Como se a menina soubesse quem era a única pessoa que segurava uma mamadeira por ali, franziu o nariz e soltou uma espécie de miado, num protesto.
Juliette levou as mãos ao rosto.
— Ah, pobrezinha!... Ela deve estar morrendo de fome!
— Há uma questão mais urgente.
— Preciso trocá-la?
— Exatamente.
— Não quer tentar?...
— Costumo admitir meus defeitos.
Balançando a cabeça, Juliette apanhou a criança.
Sarah a vira com o mesmo pijama na noite anterior, mas, à luz brilhante da manhã, o impacto era ainda maior. A camisa e a calça dançavam no corpo esguio. Não havia nem mesmo uma sugestão de curvas à vista.
As pernas da calça eram tão compridas que se amontoavam ao redor de seus pés, as mangas lhe passavam da ponta dos dedos, a frente era abotoada quase até o pescoço e, mesmo assim, era o pijama de mulher mais sexy que ela já tinha visto.
Recuou a fim de dar espaço a Juliette, a atenção voltada para o rosto delicado, agora marcado de um lado pelo travesseiro. Apesar disso, ela parecia descansada e desperta. Conforme Juliette sorriu para o bebê, seus olhos capturaram a luz da manhã e cintilaram tal qual duas ambar.
Se não tomasse cuidado, uma mulher poderia ficar hipnotizada por aqueles olhos, concluiu Sarah.
Juliette esfregou o nariz no da menina.
— Acho que vou dar um banho nela. Pode me ajudar?
— Assim que eu terminar a mamadeira.
Dessa vez, ela não recebeu nenhum olhar de censura. Juliette apenas se afastou com seu embrulhinho em direção à lavanderia. Pelo modo como sorria e balbuciava com a criança, já havia se esquecido da exaustão da noite anterior e estava pronta a fazer tudo de novo.
O que era ótimo porque, a menos que ela estivesse muito enganada, iriam repetir aquele ritual inúmeras vezes nas horas seguintes.
Pouco tempo depois, Juliette entrou na cozinha trazendo a bebê já banhada e vestida. Sarah parou de sacudir o bico sobre o pulso. Após beijar a testa da menininha que já choramingava de fome, ela sorriu.
— Apontar... — falou, sentando-se na poltrona e apanhando a mamadeira. — Fogo!
Um pouso perfeito, seguido de um ruído tranquilo de sucção, mais uma vez reinou, soberano.
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Mães Por Um Tempo 》Sariette || ADP
Fanfiction"Essa criança não é minha!" Descobrir um bebê abandonado no banco de trás de um táxi não estava nos planos da hoteleira Sarah Andrade. Por sorte, Juliette Freire, uma bela desconhecida, chega para socorrê-la, e desperta seu interesse. Enquanto esper...