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Na privacidade do quarto, ligou o celular, observando as barras de sinal. Respirou fundo, então discou.

Sempre eficiente, Kate atendeu no segundo toque.

— Algum problema, Julie?

— Mais ou menos. Não vou conseguir ir para aí hoje e, talvez, nem amanhã.

— Está doente?

— Não. Estou presa no Colorado.

— Ah, a neve... Vi alguma coisa sobre o clima maluco por aí. Seu voo foi cancelado?

Juliette sentiu o estômago se apertar. Não podia mentir. A honestidade andava de mãos dadas com o respeito, e Kate merecia a verdade.

— Perdi meu voo, mas por uma boa razão. — Após um suspiro, ela contou sobre a espera por um táxi, depois a surpresa de encontrar a criança, a necessidade de permanecer até que ela se encontrasse em boas mãos. — O problema é que a neve continua caindo, estamos sem eletricidade, e acho que as autoridades não vão conseguir vir buscar Bonnie antes de amanhã.

— Alto, lá. Quem é Bonnie?

— A criança.

— Eu não sabia que você a conhecia.

— Não conheço. É que ela tem olhos azuis incríveis, e nós concordamos em batizá-la com um nome que combinasse com ela.

— "Concordamos"? Quer dizer, alguém do hotel? Estou confusa.

— Na verdade, estou hospedada em uma cabana particular, um pouco distante da cidade.

— Mas não conhece ninguém no Colorado.

— Sarah também estava no táxi quando encontramos o bebê.

— Vai ficar no meio do mato com uma mulher que não conhecia até ontem? Espero que ela seja uma pessoa decente!

Juliette mordeu o lábio.

— A maior parte do tempo.

— Agora estou mais preocupada.

— Não se preocupe. Estou aqui por livre e espontânea vontade.

— Sei. A sujeita é bonita, pelo menos?

— Isso não tem nada a ver com..

— Ela é sexy ou não?

Juliette suspirou.

— É.

— Quem é essa mulher, afinal?

Aquilo ela poderia responder muito bem.

— Sarah Andrade, dos Hotéis Andrade. Fez-se um silêncio, seguido por um longo assobio.

— A mulher mais cobiçada de New York? Aquela mulher linda, rica, carismática e...

— ...que tem fama de mulherenga, amoral e que venderia até a avó para fechar um negócio. Essa mesma.

— Enfim, o verdadeiro demônio disfarçado! Aquele por cujo tridente as mulheres fazem fila para ser cutucadas... Não que fosse ser tão estúpida a esse ponto.

Juliette sentiu o peito se apertar. Kate não precisava saber a respeito de seus deslizes. Aquele beijo... Aqueles impulsos terríveis.

— A reputação dela não tem nada a ver com o que está acontecendo aqui.

— Meu Deus, claro que não! Deve ser difícil ficar no mesmo ambiente que uma mulher cuja única preocupação é o próprio umbigo. Quando me lembro de que ela fechou aquele centro comunitário a fim de construir no terreno outro de seus arranha-céus de luxo! Ela não mencionou nada sobre o negócio do Colorado?

Mães Por Um Tempo  》Sariette || ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora