No momento em que o táxi deixou o endereço de Sarah Andrade, a lua cheia espiou por sob o pesado manto de nuvens. Conforme uma luz prateada iluminava o cenário, Juliette esfregava os olhos. Aquilo era uma "cabana"?...
Mas Sarah, carregando o bebê-conforto e as sacolas com as compras da farmácia, já ia caminhando pela trilha que levava até a entrada coberta da espetacular casa em forma de "A".
Juliette colocou o capuz do casaco sobre a cabeça, agarrou a frasqueira e correu atrás dela, vendo-a empurrar a imensa porta de madeira. Ela acendeu uma luz, e Juliette entrou num verdadeiro paraíso aquecido.
Maravilhada com o ambiente, pousou a pequena bagagem no piso de madeira. O andar inferior era enorme e aberto, com vários detalhes que sugeriam uma riqueza excepcional a despeito da acolhedora atmosfera rústica. À direita, a área da cozinha era um degrau mais elevada e revestida com carvalho polido, emoldurado com brilhantes guarnições de granito. No outro extremo da sala, aparelhos de última geração ficavam de frente para suntuosas poltronas de couro reclináveis. No centro de uma parede de ardósia maciça, uma gigantesca lareira de pedra implorava para ser acesa. Um corredor que saía do saguão devia levar para quartos, imaginou Juliette, e, conforme punha para trás o capuz, seu olhar subiu pela escada que conduzia a um mezanino protegido por um alambrado de madeira.
As palavras roucas de Sarah acariciaram seu ouvido quando passou por ela e explicou:
— É o quarto principal.
Juliette estremeceu. O quarto principal. O quarto de Sarah.
Uma série de imagens surgiu em sua mente, porém a mais vívida delas foi a de Sarah Andrade recostada a uma cabeceira de madeira maciça, lençóis amarrotados, caídos sobre seu quadril bem desenhado e enrolado nas pernas maravilhosamente definidas, seios nus e avantajados à mostra, a expressão confiante ainda mais maliciosa...
Obrigando-se a se recompor, ela prendeu a respiração. Não estava ali para fantasiar sobre uma mulher cujo passatempo favorito era seduzir. Sem dúvida, ela não era a única mulher que Sarah afetava daquela maneira... A mídia fotografava uma nova beldade pendurada em seu braço a cada dois meses.
Mas não tinha por que ficar se debatendo a respeito do carisma dela — ou de seu flagrante sex appeal. Muito menos quando já fizera papel de boba pouco antes, no hotel.
Quase desfalecera ao imaginar que Andrade poderia beijá-la. Sentia a pele se aquecer só de pensar em como ela devia ter se divertido quando deixara pesar as pálpebras, tremendo dos pés à cabeça.
Mas Sarah Andrade não iria pegá-la de novo.
Enquanto ela pousava o bebê-conforto e se livrava do sobretudo, Juliette tratou de domar as borboletas que ainda voejavam em seu estômago, tirou o casaco e lançou-lhe um olhar neutro e honesto.
— Sua casa é muito bonita.
— Eu não fico muito tempo aqui — contou Sarah, tirando o leve cobertor que servira de escudo para o bebê contra a neve que caía. — Também moro em Nova York, mas isso você já sabe. Juliette ignorou o comentário travesso e continuou a estudar a sala.
— Então este é o seu refúgio.
— Meu pai costumava passar todo o tempo no escritório, mas, em compensação, costumávamos arrumar as malas e passar um tempo no Colorado durante a temporada de neve. — Sarah colocou o sobretudo em um mancebo próximo, fez o mesmo com o casaco dela, depois tirou o blazer e também o dependurou. — Quando fiquei mais velha, continuei viajando sozinha e acabei encontrado este terreno. A paisagem aqui é incrível. E as pessoas também são ótimas, do tipo que nunca estão ocupadas demais para acenar e dizer "Olá" quando você passa na rua. Também achei conveniente ter um lugar sempre à mão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mães Por Um Tempo 》Sariette || ADP
Fanfiction"Essa criança não é minha!" Descobrir um bebê abandonado no banco de trás de um táxi não estava nos planos da hoteleira Sarah Andrade. Por sorte, Juliette Freire, uma bela desconhecida, chega para socorrê-la, e desperta seu interesse. Enquanto esper...