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Embora com a pulsação acelerada, Sarah se obrigou a permanecer calma enquanto, preocupada, a mulher aguardava pelo retorno de Juliette.

Conforme a preocupação se transformou em suspeita, seu rosto assumiu uma expressão rígida que formou um desagradável queixo duplo.

— Srta. Andrade... onde deixaram o bebê?

Sarah ergueu uma das mãos enquanto a outra segurava o lençol num gesto de paz.

— Ela está em perfeita segurança. Cruiser está tomando conta dela.

— E quem é Cruiser?

Nesse exato momento, o cachorro se aproximou num galope e se chocou com a parte de trás das pernas de Sarah.

Sarah fez uma careta e apresentou o membro canino da família.

— Cruiser... esta é a sra. Cassidy.

— Deixaram um cão de babá?

— Apenas por esta noite. Mas ficamos aqui o tempo todo.

A atenção da mulher recaiu sobre a garrafa de vinho vazia, e ela apertou os lábios.

— Eu gostaria de ver a criança.

— Já estamos indo! — Juliette cantarolou lá de dentro.

Enquanto a sra. Cassidy batia a ponta da bota no chão, lançando respingos de lama sobre o piso de madeira, Sarah se fechou na lavanderia e vestiu um jeans e uma camiseta. Saiu pouco depois, correndo a mão pelo cabelo e desejando que Cruiser não houvesse levado seu trabalho de babá tão a sério a ponto de ter deixado de avisá-las com antecedência sobre a visitante. Ela e Juliette podiam não ter ouvido o motor do carro, mas a audição hipersensível do cão certamente o captara!

— Julie deve estar trocando o bebê. Ela sempre acorda molhada.

Os lábios da assistente social se apertaram ainda mais. Passado um minuto, ela fez menção de rumar para o quarto, mas, graças a Deus, Juliette já vinha saindo. Tinha vestido o terninho que usava no dia em que elas haviam se conhecido, ainda que a saia estivesse torta, e alguns dos botões da blusa continuassem desabotoados. A criança em seus braços, no entanto, parecia feliz, saudável e bem desperta.

— Descobriram alguma coisa a respeito do bebê? — ela perguntou à visitante, conforme se punha ao lado de Sarah.

— Localizamos a mãe. Ela está lá fora, no carro da polícia.

Sarah sentiu a pressão cair. Polícia?

— Há alguma coisa errada?

— Não estou autorizada a dizer. — A mulher estendeu os braços. — Vou levá-la agora.

Juliette virou-se para o lado numa reação instantânea, Sarah notou, sentindo-se ela própria na defensiva. Se uma pessoa cuidara de um bebê do modo como ela fizera, era óbvio que continuaria a proteger a criança. Sem dúvida, aquelas duas haviam se tornado muito próximas.

— Ela precisa tomar uma mamadeira — Juliette justificou, em voz baixa.

— A mãe diz que ela também mama no peito.

Juliette entreabriu os lábios, sem palavras, e Sarah avançou um passo. Elas tinham o direito de saber.

— Creio que possa imaginar o quanto estamos preocupadas com esta criança.

Como ela foi parar naquele táxi?

— Precisa entender, srta. Andrade, que existem questões legais envolvendo privacidade neste caso. — A mulher esboçou um sorriso compreensivo. — Mas eu lhe garanto que a mãe está extasiada por ter seu bebê de volta. Foi tudo um infeliz equívoco.

Mães Por Um Tempo  》Sariette || ADPOnde histórias criam vida. Descubra agora