11 - Lunch

114 8 1
                                    

Enquanto nos dirigíamos para a outra margem do rio Michael cantarolava músicas e obrigava-me a acompanha-lo com ele, neste momento algo como "i believe i can fly" era saído das nossas bocas num som muito pouco harmonioso deixando os habitantes de londres em choque com as nossas voz esganiçadas.

- Chegámos! - gritou batendo com a mão nas traseiras da rolote - Vai te sentar que eu levo as coisas.

Acenei com a cabeça e, aos poucos, fui-me afastando dele. Sentei-me numa mesa longe das pessoas que me olham com aqueles olhos matadores deixando-me um pouco desconfortável. Coloquei o capucho do casaco sobre a minha cabeça, abaixei um pouco a cara deixando que os meus cabelos sujos tapassem-na evitando o contacto com elas.

- Toma - senti ele colocar algo à minha frente. Abri os olhos e vi o tal cachorro que ele tanta falava, acompanhado com batatas e uma garrafa de água.

- Obrigada - agradeci com um sorriso olhando para os seus olhos verdes.

- Vamos-nos conhecer melhor - disse dando uma trinca na sua comida.

- Porque? - ficou a olhar confuso para mim deixando-me em alerta para lhe explicar melhor o que eu queria dizer com aquilo - Tu vais-te embora, nós nunca mais nos vamos ver, porque é que me queres conhecer?

- Bem - respondeu pensativo. Pousou os cotoveles sobre a mesa deixando-me a visão perfeita para o seu rosto - Tu, Caitlin, és a pessoas mais interessante  que eu um dia irei ver na minha vida, por esta razão eu quero conhecer-te. Porque tens sempre algo a dizer, apesar de a tua resposta ser apenas uma simples palavra existe por detrás um grande discurso filosófico à cerca disso que me deixa sempre de boca aberta à espera de mais. 

Sorri com aquelas palavras pronunciadas pelo rapaz de cabelo pintado. Ele sorriu de volta deixando que algo aquece-se todo o meu corpo fazendo-me esquecer a brisa fresca que passava pelas ruas.

- Dito isto, qual será a tua primeira pergunta? - perguntei antes de começar a comer as batatas fritas.

- Cor favorita.

- Castanho - arregalou os olhos deixando-me rir com a sua careta - Apenas acho uma cor interessante.

- E porque minha homeless?

- Simples, aos misturas muitas cores com qual delas ficas? Castanho. Imagina que cada uma cor é um sentimento, por exemplo, se dizeres que o amor é vermelho, o ódio é preto, a tristeza é o azul, o laranja pode ser a felicidade, o rosa a bondade, entres outros, aos juntares tudinho fica castanho, que simboliza a vida. Por isso, castanho é a minha cor preferida. Simboliza tudo o que fomos, somos e seremos, nunca haverá outra cor mais bonita que essa porque tem tudo o que precisámos dentro dela, desde o amor da família e amigos ao ódio, da tristeza à alegria. Tem todas as cores do qual vemos o mundo - dei com os ombros vendo-o a encarar-me - E a tua?

- Bem, não será uma resposta tão entusiasmante como a tua, mas eu gosto de todas as cores não consigo escolher uma - respondeu rindo-se.

- É uma boa resposta - disse sorrindo olhando-o.

- Local preferido - lançou logo de seguida deixando-me a ficar em pensar. 

- Onde quer que o sol brilhe - dei um golo na garrafa de água - por isso, todos os locais que existem neste mundo são lindos e perfeitos para mim.

- Todos? - voltou a perguntar abrindo os olhos deixando que o seu verde ficasse cada vez mais visível.

- Sim, até os sítios mais pobres são locais onde possas aprender algo, os mais sujos dando-te uma nova visão do que é estar num sítio limpo, os mais ricos mostram o quanto superficial é a sociedade para tudo ter um preço.

- Cada vez gosto mais de ti - admitiu fazendo uma careta amorosa.

- Obrigada.

- Porque?

- Apenas por fazeres-me sorrir e querer viver mais um dia, fazes-me acreditar que talvez eu seja um pouco má ao criticar a sociedade quando existem pessoas como tu. É incrível como as pessoas podem ser tão amáveis quando têm tudo e não precisam de procurar mais nada.

- Pela primeira vez estás errada Caitlin, eu não tenho tudo. Eu ando à procura da minha alma gémea, e é a coisa mais difícil de achar no mundo! Porque eu vivo com aquele receio constante de que elas apenas me querem por ser famoso, por ser o Michael Clifford da banda 5 Seconds of Summer.

- Uma coisa podes ter a certeza, eu não estou contigo por seres o Michael Clifford, estou contigo por ser o meu Michael, o meu Sweethome.

- Conquistas-me sempre com as tuas palavras.

Passamos o resto do almoço a falar sobre coisas banais e a tentar conhecer-nos melhor como ele queria. Achei-o o rapaz mais fofo, curioso e querido de todos os tempos. Fez-me lembrar o Rhyan no primeiro dia que eu o conheci, também foi assim comigo, mas ainda mais com Alexis. Sempre soube que eles iriam ficar juntos.

- Desculpa - pediu assim que tirou o seu telemóvel do bolso das calças e atendeu.

Ignorei por completo a conversa que ele estava a ter com a pessoa do outro lado da linha, apenas concentrei-me no homem que estava a pintar o que me parecia a maneira como ele via os sentimentos numa tela próxima de nós. E desde cedo amei aquele quadro, desde a forma como ele o pintava como se aquilo fosse para ser exposto no museu Louvre quando afinal seria apenas para vende-lo ao primeiro que oferecesse uma quantia razoável pela aquela obra de arte.

- Gostaste? - perguntou-me interrompendo-o os meus pensamentos, olhei para ele tentado chegar ao assunto de que ele falava - Do quadro - apontou para o mesmo deixando um sorriso escapar entre os meus lábios.

- Sim, acho que todo a gente esquece-se que o coração apenas bombardeia o sangue, ele não sente emoções, mas o nosso sistema nervoso sim, esse sente tudo! Assim como o nosso cérebro que interpreta cada mensagem transmitida pela outra pessoa e descodifica-a. 

- Então, tu sentes pela cabeça e não pelo coração?

- Algo parecido - respondi rindo um pouco - Eu nunca me apaixonei por ninguém, deve ser por isso que digo estas coisas.

- Gosto da tua originalidade, da maneira diferente como pensas nas coisas - levantou-se da cadeira e eu fiz o mesmo ainda um pouco confusa com o seu ato - Tenho coisas da banda para tratar. Vemos-nos depois?

- Não é como se eu fosse sair da cidade, não é?

Chegou-se perto de mim e beijou a minha testa deixando que todos os pêlos do meu corpo arrepiassem, eu já devia de estar habituada ao seu toque, mas parecia que todos os dias mudava um pouco. Enrolei os meus braços finos na sua cintura num abraço pouco apertado. 

Afastamos-nos os dois seguindo cada um o seu caminho, pelo menos foi assim que eu pensei. Ao passar para o outro lado, olhei uma última vez vendo-o no mesmo sítio encarando-me, acenou com a mão e eu fiz o mesmo virando-me de novo indo até um prédio. 

Sentei-me encostada ao mesmo, retirei o capucho e o chapéu preto deixando-o a milímetros de mim. Enrolei-me à minha manta para tentar aquecer o meu corpo devido às temperaturas baixas de Inglaterra. Sorria para as pessoas que passavam por mim recebendo por vezes uma moedinha e outra vezes um olhar repugnado. 

Bem, espero sobreviver mais um dia.

Homeless || Michael Clifford (Short Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora